Pequena produção orgânica no Brasil: a tecnopolítica dominante da agroecologia

Autores

  • Orlando Gomes da Silva Universidade Federal de Campina Grande

DOI:

https://doi.org/10.22279/navus.2018.v8n4.p146-155.726

Palavras-chave:

Produtos orgânicos. Tecnologia organizacional. Gestão de políticas públicas

Resumo

A produção de orgânicos no Brasil está associada, majoritariamente, a pequenos produtores e à agroecologia. Este ensaio, a partir da contextualização do amplo espectro da pequena agricultura orgânica, tem por objetivo problematizar uma interpretação da estrutura de significados dados à agroecologia como a tecnologia de produção organizacional praticamente oficial para os pequenos produtores de orgânicos no Brasil. Para tanto, utiliza-se metodologicamente uma composição teórica em torno do conceito de tecnologia como realização e apresenta-se o que se vê como a estrutura tecnológica dominante nas definições da política pública brasileira de produção orgânica. Conclui-se que, frente às dificuldades com a assistência técnica, enviezada pela agroecologia, no que tange principalmente a circuitos de comercialização, há uma necessidade de se desenvolver pesquisa sobre outros modelos tecnológicos de produção e gestão para as diferentes pequenas agriculturas orgânicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Orlando Gomes da Silva, Universidade Federal de Campina Grande

Mestre em Engenharia de Produção (UFPB)

Graduado em Administração (IESP)

 

Referências

ABREU, L. S. DE et al. Agroecologia, movimento social, ciência, práticas e políticas públicas: uma abordagem comparativa. Cadernos de Agroecologia, v. 6, n. 2, 2011.

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4. ed. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2004.

ALVES, A. F.; GUIVANT, J. S.; GUIVANT, J. S. Redes e Interconexões: desafios para a construção da agricultura sustentável. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, v. 7, n. 1, p. 1–27, 28 jul. 2010.

ASSIS, R. L. DE; ROMEIRO, A. R. Agroecologia e agricultura orgânica: controvérsias e tendências. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 6, n. 0, 17 dez. 2002.

BIJKER, W. E. The social construction of Bakelite: Toward a theory of invention. In: BIJKER, W. E.; HUGUES, T. P.; PINCH, T. F. (Eds.). . The social construction of technological systems: new directions in the sociology and history of technology. Massachusets: The MIT press, 1987. p. 159–187.

BIJKER, W. E. Of bicycles, bakelites, and bulbs: towards a theory of sociotechnical change. Cambridge: The MIT press, 1995.

BIJKER, W. E. Social construction of technology. In: OLSEN, J. K. B.;

PEDERSEN, S. A.; HENDRICKS, V. F. (Eds.). . A companion to the philosophy of technology. Chichester: Wiley-Blackwel, 2009. p. 88–94.

BLANC, J.; KLEDAL, P. R. The brazilian organic food sector: Prospects and constraints of facilitating the inclusion of smallholders. Journal of Rural Studies, v. 28, n. 1, p. 142–154, 2012.

BRANDENBURG, A. Movimento agroecológico: trajetória, contradições e perspectivas. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 6, n. 0, 17 dez. 2002.

BRASIL. Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.831.htm>. Acesso em: 20 dez. 2012.

BRASIL. Decreto no 6323, de 27 de Dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Decreto/D6323.htm>. Acesso em: 17 jun. 2015.

BRASIL. Decreto no 7794, de 20 de agosto de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/decreto/d7794.htm>. Acesso em: 17 jun. 2015.

CALLON, M. Some elements of a sociology of translation: domestication of the scallops and the fishermen of St Brieuc Bay. The Sociological Review, v. 32, n. S1, p. 196–233, 1984.

CAPORAL, F. R. Agroecologia: uma nova ciência para apoiar a transição a agriculturas mais sustentáveise. In: FARIAS NETO, A. L. DE (Ed.). . Savanas: Desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais. Planaltina: Embrapa Cerrado, 2008. p. 895–929.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e sustentabilidade. Base conceptual para uma nova Extensão Rural. WORLD CONGRESS OF RURAL SOCIOLOGY, 10. Anais...Rio de Janeiro: IRSA/SOBER, 2000Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/17929366/420279972/name/PalestraCaporalCostabeber - +Agroecologia+e+sustentabilidade.pdf>

CAPORAL, F. R.; PETERSEN, P. Agroecologia e políticas públicas na América Latina: O caso do Brasil. Revista de Investigación en Agroecología, v. 6, n. 0, p. 63–74, 2011.

DAMBROS, O.; CAPORAL, F. R.; PADILLA, M. C. A nova ATER e a formação de redes locais de entidades da agricultura familiar para desenvolver extensão rural agroecológica no Estado do Paraná, Brasil. EXTRAMUROS - Revista de Extensão da Univasf, v. 3, n. 3, p. 82–96, 2015.

DAROLT, M. R. As principais correntes do movimento orgânico e suas particularidades. Disponível em: <http://docslide.com.br/documents/5-darolt-escolas-da-agricultura-organica.html>. Acesso em: 15 maio. 2012.

DAROLT, M. R. et al. Redes alimentares alternativas e novas relações produção-consumo na França e no Brasil. Ambiente & Sociedade, v. 19, n. 2, p. 1–22, jun. 2016.

ESCOBAR, A. et al. Wenner-Gren Foundation for Anthropological Research Welcome to Cyberia : Notes on the Anthropology of Cyberculture [ and Comments and Reply ]. Current Anthopology, v. 35, n. 3, p. 211–231, 1994.

GUANZIROLI, C. E.; BUAINAIN, A. M.; DI SABBATO, A. Dez anos de evolução da agricultura familiar no Brasil: (1996 e 2006). Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 50, n. 2, p. 351–370, jun. 2012.

HARAWAY, D. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: SILVA, T, T. (Ed.). . Antropologia do ciborgue. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

HINE, C. Virtual Ethnography. London: Sage, 2000.

INSTITUTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO – IPD. Perfil do mercado orgânico brasileiro como processo de inclusão social. Disponível em: <http://ipd.org.br/upload/tiny_mce/arquivos/Perfil_do_mercado_organico_brasileiro_como_processo_de_inclusao_social.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2015.

KLINE, S. J. What is technology. In: SCHARFF, R. C.; DUSEK, V. (Eds.). . Philosophy of Technology: The Technological Condition: An Anthology. London: Blackwell, 2003. p. 210--212.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: Ed. 34, 1994.

LATOUR, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP, 2000.

LATOUR, B. Reassembling the social: An introduction to actor-network-theory. New York: Oxford university press, 2005.

LEFF, H. Agroecologia e saber ambiental. Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent, v. 3, n. 1, p. 36–51, 2002.

MEDAETS, J. P.; FONSECA, M. F. A. C. Produção orgânica: regulamentação nacional e internacional. Disponível em: <http://www.reformaagrariaemdados.org.br/sites/default/files/pageflip-4204229-74145-lt_Produo_orgnica_regula-1267032.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2015.

NAROTZKY, S. Where Have All the Peasants Gone? Annual Review of Anthropology, v. 45, n. 1, p. 301–318, 2016.

OLIVEIRA, N. M. C. DE. Agroecologia e recampesinização no contexto da crise agroambiental: abordagens territoriais. Revista Rural & Urbano, v. 1, n. 1, p. 75–82, 2016.

PETERSEN, P.; SILVEIRA, L. Construção do conhecimento agroecológico em redes de agricultores-experimentadores: a experiência de assessoria ao Pólo Sindical da Borborema. In: PETERSEN, P. (Ed.). . Construção do conhecimento agroecológico: novos papéis, novas identidades. Rio de Janeiro: Articulação Nacional de Agroecologia, 2007. p. 103–130.

PINCH, T.; ASHMORE, M.; MULKAY, M. Technology, testing, text: clinical budgeting in the U. K. National Health Service. In: BJIKER, W. E.; LAW, J. (Eds.). . Building technology / Shaping society: studies in sociotechnical change. Cambridge: The MIT Press, 1992. p. 265–289.

PINCH, T. F.; BIJKER, W. E. The social construction of facts and artifacts: or how the sociology of science and sociology of technology might benefit each other. In: BIJKER, W.; HUGHES, T. P.; PINCH, T. (Eds.). . The social construction of technological systems: new directions in the sociology and history of technology. Masachusets: The MIT Press, 1987. p. 17–50.

ROVER, O. Agroecologia, mercado e inovação social: o caso da Rede Ecovida de Agroecologia. Ciências Sociais Unisinos, v. 47, n. 1, p. 56–63, 24 maio 2011.

SCHMITT, C. et al. A experiência brasileira de construção de políticas públicas em favor da agroecologia. Políticas a favor de la agroecología en América Latina y en el Caribe. Anais...Brasília: Red PP-AL, 2016Disponível em: <http://agritrop.cirad.fr/583502/>. Acesso em: 6 ago. 2017

THOMPSON, C. J.; COSKUNER‐BALLI, G. Countervailing Market Responses to Corporate Co‐optation and the Ideological Recruitment of Consumption Communities. Journal of Consumer Research, v. 34, n. 2, p. 135–152, 2007.

Downloads

Publicado

2018-09-30

Edição

Seção

Artigos