Dominância de membros tomadores ou poupadores de recursos nas cooperativas de crédito e o desempenho: análise sob a ótica da teoria de agência
DOI:
https://doi.org/10.22279/navus.2018.v8n2.p27-42.602Palavras-chave:
Principal-principal. Desempenho nas Cooperativas. Conflito de interesses. Análise de dominação. Índice de dominância.Resumo
Possíveis conflitos de interesses em cooperativas de crédito têm instigado pesquisas, dada a proliferação desse modelo de agremiação no Brasil e no resto do mundo, procurando compreender características dos grupos influentes e os impactos no desempenho. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar em que medida a dominância – entendida como o poder de decisão seja aos membros tomadores ou poupadores de recursos –, afeta o desempenho das cooperativas de crédito. Este estudo integra problemas de agência entre principal-principal às concepções do cooperativismo. A centralidade das discussões está no potencial conflito entre tomadores e poupadores de crédito e o seu efeito no desempenho. Da revisão da literatura foram propostas duas hipóteses no sentido de avaliar o relacionamento entre dominação e desempenho. Como estratégia de pesquisa foi realizado levantamento de dados de cooperativas filiadas ao Sistema de Crédito Cooperativo SICREDI. Para atingir o objetivo da pesquisa adotou-se como técnica a análise multivariada de dados, com o uso de dados em painel de 39 cooperativas filiadas ao SICREDI, no período de 2008 a 2014. Os dados apontaram que o índice de dominância é fator influente e estatisticamente significativo sobre o Retorno sobre os Ativos (ROA). Outra contribuição relevante foi a identificação da dominação por tomadores e a ausência de cooperativas neutras, o que pode violar a real função das cooperativas de crédito, sua sustentabilidade e o seu comprometimento com os princípios norteadores do cooperativismo, afastando-se assim de seus pressupostos, culminando em práticas contraditórias ao seu discurso.Downloads
Referências
ALISSON, P. D. Fixed effects regression models. Los Angeles, California: Sage, 2009.
BALTAGI, B. H. Econometric Analysis of Panel Data. New Jersey: Wiley, 1995.
BERLE A.A.; MEANS G. C. The Modern Corporation and Private Property. New York: Macmillan, 1932.
BIALOSKORSKI NETO, S. Aspectos econômicos das cooperativas. Belo Horizonte: Mandamentos, 2006.
BIALOSKORSKI NETO, S. Economia e Gestão de Organizações Cooperativas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
BIALOSKORSKI NETO, S.; BARROSO, M. F. G.; REZENDE, A. J. Governança cooperativa e sistemas de controle gerencial: uma abordagem teórica de custos da agência. Brazilian Business Review, Vitória, v. 9, n. 2, p. 72-92, jun. 2012.
BLACK, H.; DUGGER, R. H. Credit Union Structure, Growth and Regulatory Problems. The Journal of finance, Singapore, v. 36, n. 2, maio 1981.
BRANCH B.; BAKER C. Overcoming Credit Union Governance Problems: What Does It Take? Washington: Inter-American Development Bank, 1998.
BRESSAN V. G. F.; BRAGA M. J.; BRESSAN A. A. Análise da dominação de membros tomadores ou poupadores de recursos nas cooperativas de crédito mineiras, Economia Aplicada, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 339-359, jul. 2012.
CRÚZIO, H. de O. Governança Corporativa Financeira: nas cooperativas de crédito. São Paulo: Editora FGV, 2009.
CUEVAS, Carlos E., FISCHER, Klaus P. Cooperative financial institutions: issues in governance, regulation, and supervision. Washington: The World Bank, 2006.
DIEHL, A. A. TATIM, D. C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
FERNANDEZ, B. P. M.; BÊRNI, D. A. Os Métodos da Ciência. In: BÊRNI, Duilio de Avila; FERNANDEZ, Brena Paula Magno. (Org.). Métodos e Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 215-223.
GODDARD, J.; WILSON, J. O. S. US Credit Unions: An Empirical Investigation of Size, Age and Growth. Annals of Public and Cooperative Economics, United Kingdom, v. 76, n. 3, p. 375–406, 2005.
GUJARATI, D; PORTER, D.C. Econometria Básica. 5. ed. São Paulo: McGrawHill, 2011.
HAIR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, Netherlands, v. 3, n. 4, p. 305-360, Oct. 1976.
JIANG, Y.; PENG, M. W. Principal-principal conflicts during crisis. Texas: Springer Science, 2010.
KOHERS, T.; MULLIS, D. The impact of a financial institution’s age on its financial profile and operating characteristics: the evidence for the credit union industry. Review of Business and Economic Research, Australia, v. 26, p. 38-49, 1990.
LA PORTA, R.; LOPEZ-DE-SILANES, F.; SHLEIFER, A. Corporate Ownership around the World. The Journal of Finance, v. 54, n. 2, p. 472-479, Apr. 1999.
LEGGETT, K. J.; STEWART, Y. H. Multiple Common Bond Credit Unions and the Allocation of Benefits. Journal of Economics and Finance, United States, v. 23, n. 3, p. 235-245, 1999.
LI, J.; QIAN, C. Principal-Principal Conflicts under Weak Institutions: A Study of Corporate Takeovers in China. Strategic Management Journal, Singapore, v. 34, p. 498-508, jan. 2012.
LIMA, R. E.; ARAÚJO M. B. V.; AMARAL H. F. Conflitos de agência: Um estudo comparativo dos aspectos inerentes a Empresas tradicionais e cooperativas de crédito. Belo Horizonte, MG: UFMG, 2008.
MEURER, Simplício. Desempenho da cooperativa versus expectativas e interesses dos associados do SICOOB/SC Creditapiranga. 2006. 104 f. Dissertação (Mestrado em Organizações e Sociedade) - Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2006.
MORCK, R.; SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. Management Ownership and Market Valuation: an empirical analysis. Journal of Financial Economics, Netherlands, p. 293-315, 1987.
PALEPU, K. More than a Fair Share: Principal-Principal Conflicts in Emerging Markets. Albuquerque: Southwestern Finance Association 2009.
PARKER, Martin et al. (Ed.). The Routledge companion to alternative organization. London: Routledge, 2014.
PATIN, R. P; MCNIEL, D. W. Benefit imbalances among credit union member groups: evidence of borrower-dominated, saver dominated and neutral behaviour?. Applied Economics, United Kingdom, v. 23, n. 4, p. 769-780, 1991.
PENG, M. W.; SAUERWALD, S. Corporate governance and principal-principal conflicts. Oxford: Oxford Handbook, 2012.
RENDERS, A.; GAEREMYNCK, A. Corporate Governance, Principal-Principal Agency Conflicts, and Firm Value in European Listed Companies. Corporate Governance: An International Review, United Kingdom, v. 20, n. 2, p. 125–143, 2012.
RUBIN, Geoffrey M. et al. A dynamic theory of the credit union. Annals of Operations Research, v. 205, n. 1, p. 29-53, 2013.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. Tradução de Daisy Vaz de Moraes. New York: Mc Graw Hill, New York 2013.
SMITH, D. J.; A test for variant objective functions in credit unions. Applied Economics, United Kingdom, v. 18, n. 9, p. 959-970, 1986.
SOARES, M.; MELO SOBRINHO, A. Governança Cooperativa: Diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de crédito. Brasília: Banco Central do Brasil, 2009.
SU, Y.; XU, D.; PHAN, P. H. Principal-Principal Conflict in the Governance of the Chinese Public Corporation. Management and Organization Review, United Kingdom, v. 4, n. 1, p. 17–38, 2008.
SPARROWE, Raymond.; MAYER, Kyle J. From the editors: Publishing in AMJ - Part 4: Grounding hypotheses. Academy of Management Journal, United States, v. 54, n. 6, p. 1098-1102, 2011.
TAYLOR, R. A. The Credit Union as a Cooperative Institution. Review of Social Economy, United Kingdom, v. 29, n. 2, p. 207-217, 1971.
TAYLOR, R. A. Credit Unions and Economic Efficiency. Rivista Internationale di Scienze Economiche e Commerciali, v. 24, p. 239-247, 1977.
TAYLOR, R. A. Optimal Reserve Levels for Credit Unions. Rivista Internationale di Scienze Economiche e Commerciali, Padova, v. 26, p. 971-983, 1979.
TOSINI, M. F. C.; BASTOS, A. M. Governança Cooperativa: As funções de fiscalização e controle em cooperativas de crédito no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações USP, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 75-89, dez. 2008.
TRINDADE, L. Z.; BIALOSKORSKI NETO, S. Uma análise da separação entre a propriedade e a gestão nas cooperativas de crédito brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, São Paulo, v. 6 n. 16, p.95-118, dez. 2012.
TRINDADE, L. Z.; BIALOSKORSKI NETO, S. Análise e Percepção dos Custos das Práticas de Governança Corporativa: Um Estudo de Caso. Revista Contemporânea de Economia e Gestão, São Paulo, v. 12 n. 3, dez. 2014.
WALKER, M. C.; CHANDLER, G. G. On the Allocation of the Net Monetary Benefits of Credit Union Membership. Review of Social Economy, v. 35, n. 2, p. 159-168, 1977.
WARD, D.; FILATOTCHEV, I. Principal-Principal-Agency Relationships and the Role of External Governance. Managerial and Decision Economics, v. 31, p. 249– 261, 2010.
WESTLEY, Glenn D., BRANCH, Brian (org.). Safe money: building effective credit unions in Latin America. Washington: Inter-American Development Bank and World Council of Credit Unions, 2000.
WHETTEN, David A. What constitutes a theoretical contribution? Academy of management review, v. 14, n. 4, p. 490-495, 1989.
WOAN, L. P. The Minority Shareholder’s Statutory Exits. Singapore Journal of Legal Studies, p. 184-196, 2007.
WOOLDRIDGE, J. M. Introdução à econometria: Uma abordagem moderna. 4. ed. Thomson: 2011.
YOUNG, M. N. Corporate Governance in Emerging Economies: A Review of the Principal–Principal Perspective. Journal of Management Studies, v. 45, n. 1, jan. 2008.
ZYLBERSZTAJN, D. Organização de cooperativas: desafios e tendências. Revista de Administração, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 23-32, set. 1994.
ZYLBERSZTAJN, D. Quatro estratégias fundamentais para cooperativas agrícolas. Working Paper nº 02/017. FEA. São Paulo: USP, 2002.
Publicado
Edição
Seção
Licença
O conteúdo da revista é de acesso público e gratuito, podendo ser compartilhado de acordo com os termos da Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Brasil. Você tem a liberdade de compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra, sob as seguintes condições:
a) Atribuição — a atribuição deve ser feita quando alguém compartilhar um de seus artigos e deve sempre citar o nome da revista e o endereço do conteúdo compartilhado.
b) Uso não-comercial — você não pode usar esta obra para fins comerciais.
c) Vedada à criação de obras derivadas — você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra.
Ficando claro que:
Renúncia — qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais. Domínio Público — onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
Outros Direitos — os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- os direitos morais do autor;
- direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
Aviso — para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Navus: Revista de Gestão e Tecnologia que deve ser consignada a fonte de publicação original. Os originais não serão devolvidos aos autores.
As opiniões emitidas pelos autores nos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Esta obra está licenciada sob uma Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Brasil.