Inovações organizacionais: planejamento estratégico e os institutos públicos de pesquisa no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22279/navus.2021.v11.p01-20.1445Palavras-chave:
Inovação organizacional. Instituto público de pesquisa. Instituto Nacional de Tecnologia.Resumo
A análise proposta nesse estudo se apoia nos princípios do método dedutivo ao partir da premissa de que o contexto organizacional de qualquer empresa é elemento primordial para o seu sucesso inovativo. Assim, novas práticas de negócios, isto é, novas rotinas gerenciais e novas estruturas de gestão, são igualmente importantes para os institutos de pesquisa. Para examinar as premissas propostas, faz-se uma análise descritiva a partir da apreciação dos regimentos internos das unidades de pesquisa vinculadas ao MCTI e por meio de uma análise de seu conteúdo, através da codificação e categorização, identificou-se que o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) é a unidade de pesquisa que possui as atribuições de uma unidade de planejamento estratégico mais claramente definidas e centralizadas. Assim, por meio do exame de registro arquivais busca-se responder quais os avanços organizacionais em relação à gestão pela estratégia podem ser identificados nos seus regimentos internos ao longo do tempo. A análise demonstra a capacidade institucional do INT em gerar inovações organizacionais, porém não de forma linear, mas com um movimento de “vaivém” marcado por um processo de “aprendizado” e “desaprendizado” constante.
Downloads
Referências
ARNOLD, Erik et al. Strategic Planning in Research and Technology Institutes. R&D Management, v. 28, n. 2, p. 89–100, 1998.
BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BIN, Adriana et al. Organization of Research and Innovation: a Comparative Study of Public Agricultural Research Institutions. Journal of Technology Management & Innovation, v. 8, n. Special Issue ALTEC, p. 209–2018, 2013.
BIN, Adriana. Planejamento e Gestão da Pesquisa e da Inovação: conceitos e instrumentos. 2008. 253 f. Universidade Estadual de Campinas, 2008.
BRASIL. Decreto-Lei 200 de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Brasília: Presidência da República do Brasil: [s.n.], 1967.
CARVALHO, Laura. Valsa brasileira: Do boom ao caos econômico. São Paulo: Contraponto, 2018.
CASSIOLATO, José Eduardo et al. Transnational Corporations and the Brazilian National System of Innovation. In: CASSIOLATO, JOSÉ EDUARDO et al. (org.). Transnational Corporations and Local Innovation. New Delhi: Routledge, 2014. p. 68–132.
CASTRO, Maria Helena Magalhães; SCHWARTZMAN, Simon. Tecnologia para a indústria: a história do Instituto Nacional de Tecnologia. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
CAVALCANTE, Pedro et al. (org.). Inovação no setor público. Teoria, tendências e casos no Brasil. Brasília: ENAP/IPEA, 2017.
CGEE. Modelos institucionais das organizações de pesquisa. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE): [s.n.], 2010.
CHIARINI, Tulio et al. The Political Economy of Innovation. Why is Brazil Stuck in the Technology Ladder. Brazilian Political Science Review, 2020.
CHIARINI, Tulio; PRATA, Ivan. Relatório da Gestão Estratégica de Portfólio. O INT, a inovação tecnológica e o setor produtivo. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2019.
CHIARINI, Tulio; PRATA, Ivan; MOUTINHO, Maurício. Relatório da Gestão Estratégica de Portfólio. O INT e sua contribuição para a inovação industrial. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2020.
CHIARINI, Tulio; VIEIRA, K.P. Universidades como Produtoras de Conhecimento para o Desenvolvimento Econômico: Sistema Superior de Ensino e as Políticas de CT&I. Revista Brasileira de Economia, v. 66, n. 1, 2012.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2006.
CORIAT, Benjamin; DOSI, Giovanni. The Nature and Accumulation of Organizational Competences/Capabilities. Revista Brasileira de Inovação, v. 1, n. 2, p. 275–326, 2002.
FELIX, Rozelito; FELIX, Patrícia do Prado; TIMÓTEO, Rafael. Balanced Scorecard: adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas. Revista do Serviço Público, v. 62, n. 1, p. 51–74, 2011.
FRARE, Eduardo et al. Indicadores de desempenho em instituições de ciência, tecnologia e inovação: estudo de caso do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Revista de Administração Pública, v. 48, n. 5, p. 1229–1252, 2014.
FUCK, Marcos Paulo; BONACELLI, Maria Beatriz Machado. Funções públicas de instituições públicas de pesquisa: a possibilidade de antecipar mudanças e influenciar mercados. Parcerias Estratégicas, v. 26, p. 125–149, 2008.
GALA, Paulo; RONCAGLIA, André. Brasil, uma economia que não aprende. Novas perspectivas para entender nosso fracasso. São Paulo: [s.n.], 2020.
GALAS, Eduardo Santos; FORTE, Sérgio Henrique Arruda Cavalcante. Fatores que interferem na implantação de um modelo de gestão estratégica baseado no Balanced Scorecard: estudo de caso em uma instituição pública. Revista de Administração Mackenzie, v. 6, n. 2, p. 88–111, 2005.
GALLOUJ, Faiz. Innovation in services and the attendant old and new myths. Journal of Behavioral and Experimental Economics, v. 31, n. 2, p. 137–154, 2002.
GARCIA, Ana Elisa Brito; SALLES-FILHO, Sérgio. Trajetória institucional de um instituto público de pesquisa: o caso do Ital após 1995. Revista de Administração, v. 43, n. 3, p. 661–693, 2009.
GARCIA, Renato; RAPINI, Marcia Siqueira; CÁRIO, Silvio. Experiências de interação universidade-empresa no Brasil. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar: [s.n.], 2018.
IBGE. Questionário. Pesquisa de Inovação 2017. . Rio de Janeiro: Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Pesquisas Estruturais por Empresas, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: [s.n.], 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc5578.pdf. Acesso em 31 nov. 2020.
INT. Termo de Compromisso de Gestão 2002. Relatório de Avaliação. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2002.
INT. Instituto Nacional de Tecnologia, desde 1921 gerando Tecnologia para o Brasil. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2005a.
INT. Plano Diretor 2006-2010. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2005b.
INT. Termo de Compromisso de Gestão 2004. Relatório Anual. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2005c.
INT. Plano Diretor 2011-2015. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2011a.
INT. Termo de Compromisso de Gestão 2010. Relatório de Avaliação. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2011b.
INT. Termo de Compromisso de Gestão 2004. Relatório Anual. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2005c.
INT. Plano Diretor do Instituto Nacional de Tecnologia: 2017–2022. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2018.
INT. Termo de Compromisso de Acompanhamento Anual. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2019.
INT. Termo de Compromisso de Gestão 2004. Relatório Anual. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2005c.
INT. Acompanhamento do Termo de Compromisso de Gestão : Relatório Anual 2019. . Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Tecnologia: [s.n.], 2020.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David. Organização Orientada Para a Estratégia. São Paulo: Elsevier, 2000.
KHAN, Mushtaq H. Knowledge, Skills and Organizational Capabilities for Structural Transformation. Structural Change and Economic Dynamics, v. 48, p. 42–52, 2019.
LIMOEIRO, Danilo; SCHNEIDER, Ben Ross. State-led Innovation: SOEs, Institutional Fragmentation, and Policy Making in Brazil. , no MIT-IPC Working Paper 17-004. Cambridge: MIT Industrial Performance Center Working Paper Series: [s.n.], 2017.
MACULAN, Anne-Marie; ZOUAIN, Deborah Moraes. Changes in Brazilian Public R&D Institutions Management: The National Institute of Technology Case-Study. Journal of Technology Transfer, v. 24, p. 149–157, 1999.
MCT. Portaria MCT no 323, de 01.08.1996. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia: [s.n.], 1996.
MCT. Relatório da Comissão Tundisi. . Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia: [s.n.], 2001. Disponível em: https://memoria.rnp.br/_arquivo/relatorios/tundisi.pdf. Acesso em: 20 dez. 2020.
MCT. Portaria MCT no 491, de 15.07.2005. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia: [s.n.], 2005.
MCT. Portaria MCT no 762, de 28.11.2007. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia: [s.n.], 2007.
MCT. Portaria MCT no 201, de 24.03.2009. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia: [s.n.], 2009.
MCTI. Portaria MCT no 365, de 22.04.2013. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: [s.n.], 2013.
MCTI. Portaria MCTI no 2.688, de 17.06.2020. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações: [s.n.], 2020.
MCTIC. Portaria MCT no 5.152, de 14.01.2016. Aprova o Regimento Interno do INT. . Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações: [s.n.], 2016.
NAGANO, Marcelo Seido; STEFANOVITZ, Juliano Pavanelli; VICK, Thais Elaine. O contexto organizacional como aporte à inovação: um viés comparativo de casos em empresas brasileiras. Gestão & Produção, v. 21, n. 3, p. 477–490, 2014.
NARDELLI, Giulia. Innovation dialectics: an extended process perspective on innovation in services. The Service Industries Journal, v. 37, n. 1, p. 31–56, 2017.
NEVES, Maria Aparecida Stallivieri; TRAVALLONI, Attilio; LEMOS, Cristina. Indicadores de Qualidade para Instituições de P&D. A Metodologia Implementada pelo Instituto Nacional de Tecnologia. Parcerias Estratégicas, v. 9, p. 109–120, 2000.
OECD/EUROSTAT. Oslo Manual 2018: Guidelines for Collecting, Reporting and Using Data on Innovation. . Paris: Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD): [s.n.], 2018.
OLIVEIRA, João Leandro Cássio De et al. Transferência de tecnologia como agente desenvolvedor da cultura de inovação na UFMG. Trivium, v. 7, n. 1, p. 267–296, 2020.
PELAEZ, Victor et al. The volatility of S&T policy agenda in Brazil. Brazilian Journal of Public Administration, v. 51, n. 5, p. 788–809, 2017.
RIBEIRO, Valéria Cristina dos Santos; SALLES-FILHO, Sérgio; BIN, Adriana. Gestão de institutos públicos de pesquisa no Brasil: limites do modelo jurídico. Revista de Administração Pública, v. 49, n. 3, p. 595–614, 2015.
RUSH, Howard et al. Strategies for best practice in research and technology institutes: an overview of a benchmarking exercise. R&D Management, v. 25, n. 1, p. 17–31, 1995.
SALLES-FILHO, S. et al. Ciência, tecnologia e inovação: a reorganização da pesquisa pública no Brasil. Campinas: Editora Komedi, 2000.
SALLES-FILHO, Sérgio; BONACELLI, Maria Beatriz Machado. Trends in the organization of public research organizations: lessons from the Brazilian case. Science and Public Policy, v. 37, n. 3, p. 193–204, 2010.
SALLES-FILHO, Sérgio; BONACELLI, Maria Beatriz; MELLO, Débora. Metodologia para o Estudo da Reorganização Institucional da Pesquisa Pública. Parcerias Estratégicas, v. 9, n. 86–108, 2000.
SUZIGAN, Wilson; ALBUQUERQUE, Eduardo Motta; CARIO, Silvio (org.). Em busca da inovação: interação universidade-empresa no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
SUZIGAN, Wilson; GARCIA, Renato; FEITOSA, Paulo. Institutions and industrial policy in Brazil after two decades: have we built the needed institutions? Economics of Innovation and New Technology, v. 29, n. 3, p. 1-15, 2020.
TCU. Acordão 1.233/2012. Processo no TC 011.772/2010-7.. Brasília: Tribunal de Contas da União: [s.n.], 2012.
TCU. Auditoria operacional. Identificação dos atores, políticas, iniciativas e arranjos institucionais, bem como os fatores que contribuem para o persistente baixo posicionamento do Brasil nos rankings de inovação. TC 017.220/2018-1. Brasília: Tribunal de Contas da União: [s.n.], 2018.
TIDD, Joe; BESSANT, John; PAVITT, Keith. Managing Innovation. Integrating Technological, Market and Organizational Change. 3. ed. West Sussex: John Wiley & Sons Ltd, 2005.
YIN, Robert K. Case study research. Design and methods. Third Edit. Thousand Oaks: Sage Publications Inc., 2003.
Publicado
Edição
Seção
Licença
O conteúdo da revista é de acesso público e gratuito, podendo ser compartilhado de acordo com os termos da Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Brasil. Você tem a liberdade de compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra, sob as seguintes condições:
a) Atribuição — a atribuição deve ser feita quando alguém compartilhar um de seus artigos e deve sempre citar o nome da revista e o endereço do conteúdo compartilhado.
b) Uso não-comercial — você não pode usar esta obra para fins comerciais.
c) Vedada à criação de obras derivadas — você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra.
Ficando claro que:
Renúncia — qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais. Domínio Público — onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
Outros Direitos — os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- os direitos morais do autor;
- direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
Aviso — para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Navus: Revista de Gestão e Tecnologia que deve ser consignada a fonte de publicação original. Os originais não serão devolvidos aos autores.
As opiniões emitidas pelos autores nos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Esta obra está licenciada sob uma Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Brasil.