Protótipo de plataforma digital para otimizar a gestão de
resíduos e promover a sustentabilidade ambiental na construção civil
ECOEDIFICAR
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Telma Alessandra Correa da Silva 0009-0003-1465-6932 |
= Mestre em Saúde Ambiental. Faculdade = SENAC – Brasil. telma.silva@prof.sc.senac.br |
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Mariane
da Silva Correa 0009-0008-2238-8508 |
=
Graduanda em Análise e Desenvolviment=
o de
sistemas. Faculdade SENAC – Brasil. mariane.correa@alunos.sc.senac.br |
|
Kauã
Victor da Silva Muzzo 0009-0005-9165-6041 |
Graduando
em Análise e Desenvolvimento de sistemas. Faculdade SENAC – Brasil. Kaua.=
muzzo@alunos.sc.senac.br |
RESUMO
Este artigo apresenta o desenvolvimento do protótipo de uma plataforma digital, denominada EcoEdificar, voltada à gestão sustentável dos resíduo= s da construção civil em Santa Catarina. Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimen= to Sustentável (ODS) e aos princípios Environmental, Social and Governance (ESG), a plataforma tem como objetivo conectar construtoras, profissionais do setor e empresas atuantes na reciclagem de resíduos da construção civil, promovendo a economia circular e o cumprimento da legisla= ção ambiental. A pesquisa adotou abordagem quali-quantitat= iva, por meio de questionários e entrevistas semiestruturadas aplicados a profissionais do setor. Os resultados indicam baixa adesão a práticas sustentáveis, sobretudo entre pequenas empresas, mas revelam interesse na adoção de tecnologias que facilitem o descarte correto e a rastreabilidade = dos resíduos. A análise qualitativa evidenciou demandas por planejamento, fiscalização e conscientização, enquanto a análise quantitativa apontou lac= unas na gestão de resíduos e na aplicação dos princípios ESG. Com base nesses achados, o protótipo EcoEdificar foi desenvolvi= do para atender às principais necessidades identificadas, contribuindo para um setor da construção civil mais eficiente e ambientalmente responsável.
Palavras-chave: gestão de resíduos; construção civil; sustenta=
bilidade;
ODS; ESG.
ABSTRACT
This article presents t=
he
development of a digital platform prototype, EcoEdific=
ar,
designed to support the sustainable management of construction waste in San=
ta
Catarina, Brazil. Aligned with the Sustainable Development Goals (SDGs) and=
the
Environmental, Social, and Governance (ESG) principles, the platform aims to
connect construction companies, industry professionals, and recycling
businesses, thereby fostering a circular economy and ensuring compliance wi=
th
environmental legislation. The research adopted a mixed-methods approach, c=
ombining
questionnaires and semi-structured interviews with sector professionals. Th=
e results
reveals a low adoption rate of sustainable practices, =
particulary
among small companies, but also indicate interest in technologies that
facilitate proper waste disposal and traceability. Qualitative analysis
highlighted demands for planning, monitoring, and awareness, while quantita=
tive
analysis identified gaps in waste management and ESG implementation. Based =
on
these findings, the EcoEdificar prototype was
developed to address the primary challenges identified, contributing to a m=
ore
efficient and environmentally responsible construction sector.
Keywords:
=
Recebido em 29/09/2025. Aprovado em 18/11/2025. Avaliado pelo s=
istema
=
double blind peer =
review. Publicado conforme normas =
da
ABNT.
https://=
doi.org/10.22279/navus.v17.2221
1 INTRODUÇÃO
A crescente adoção de prát= icas sustentáveis nas organizações tem sido um fator crucial para o aumento da competitividade, especialmente quando alinhada aos Objetivos de Desenvolvim= ento Sustentável (ODS) e aos princípios de Environmental, Social, and Governance (ESG) (ONU, 2015; Blackrock, 2020; Silva; Costa, 2021). Neste cenário, o setor da construção civil, um d= os pilares econômicos do Brasil, é particularmente relevante, uma vez que representa uma grande parte do PIB nacional e é responsável por impactos am= bientais significativos Câmara Bras= ileira da Indústria da Construção (2023).
Entretanto, a construção c= ivil ainda enfrenta desafios expressivos no que diz respeito ao gerenciamento de= resíduos. A possível ausência de conscientização legislativa entre os profissionais da área, somada à carência de ferramentas tecnológicas que integrem os diversos agentes envolvidos no processo, contribui para a ineficiência do sistema at= ual (Saint Jean; Longo; Lima, 2022). Além disso, o desconhecimento ou a subutilização = dos princípios dos ODS e das práticas ESG – especialmente no que tange ao eixo = ambiental – agrava os impactos negativos do descarte inadequado, que afetam não apena= s o meio ambiente, mas também a saúde pública e a qualidade de vida das comunid= ades (ONU, 2015; Silva; Costa, 2021; Souza; Wilhelm, 2021).
Neste cenário, o presente = estudo busca responder à seguinte questão de pesquisa: de que modo uma plataforma digital pode auxiliar no descarte adequado de resíduos da construção civil, alinhando-se aos ODS e às boas práticas referentes à implementação das estratégias ambientais do ESG? Para tanto, propõe-se o desenvolvimento de um protótipo de alta fidelidade em User Experience= /User Interface (UX/UI) de uma plataforma web, denomin= ada EcoEdificar, voltada para a promoção da gestão susten= tável de resíduos do setor da construção civil.
A plataforma tem por objet= ivo principal facilitar a conexão entre construtoras, profissionais do setor e empresas de coleta e tratamento de resíduos, promovendo a reutilização e reciclagem de materiais, ao mesmo tempo em que dissemina informações releva= ntes sobre boas práticas ambientais, regulamentações vigentes e diretrizes de sustentabilidade.
Vale ressaltar que essa pr= oposta está alinhada aos ODS da Agenda 2030, especialmente o ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e o ODS 12 (Consumo e Produção Sustentáveis), com destaque para metas como a 11.a, 12.4, 12.5, 12.6 e 12.8, que tratam da integração urbana e ambiental, do manejo adequado de resíduos e da conscientização da população quanto a práticas sustentáveis.
Nesse sentido, os objetivos específicos da pesquisa incluem: a construção de um sistema de matchmaking que conecte construtoras e empresas de reciclagem; a promoção de métodos que reduzam a geração de resí= duos nas obras por meio de um canal de notícias e artigos com ofertas de conteúd= os educativos e atualizações sobre legislação ambiental; a criação de funcionalidades que melhorem a logística de gestão de resíduos; e o incenti= vo à adesão das construtoras às regulamentações ambientais e práticas sustentáve= is.
Para alcançar esses objeti= vos, foi adotada uma abordagem metodológica de natureza quali-q= uantitativa. A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de questionários aos profissionais da construção civil em regiões centrais de Santa Catarina, complementada por entrevistas semiestruturadas. Essa metodologia permitiu u= ma compreensão mais abrangente das necessidades, percepções e desafios enfrent= ados pelos agentes do setor em relação à gestão de resíduos, ao ESG e aos ODS. <= /p>
Segundo Dantas, Sario e Donadi (2019), uma empresa é considerada verdadeiramente sustentável quando alcança o próprio desenvolvimento sem causar danos ambientais e sociais. Além disso, deve ser transparente e cordial com os consumidores e fornecedores, adotando prática= s de governança ética e responsável. Alinhado a esse entendimento, a EcoEdificar busca integrar o desenvolvimento sustentá= vel no setor da construção civil, oferecendo soluções práticas que não apenas minimizem os impactos ambientais, mas também incentivem as empresas a adota= rem práticas que garantam a sustentabilidade no longo prazo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta se=
ção
apresenta os principais conceitos, estudos e teorias que fundamentam a pres=
ente
pesquisa, proporcionando embasamento teórico para a análise e desenvolvimen=
to
do trabalho.
2.1 Des=
afios e
impactos ambientais causados pelos resíduos da construção civil
De acordo com o Plano Naci= onal de Resíduos Sólidos (Brasil, 2011), a construção civil representa um setor estratégico da indústria brasileira, frequentemente utilizado como indicado= r do crescimento econômico e social. Contudo, trata-se de uma atividade que acar= reta impactos ambientais significativos, especialmente pela geração expressiva de resíduos e pelo consumo intensivo de recursos naturais.
A degradação ambiental pro= vocada pela construção civil manifesta-se em diferentes etapas: na extração de matérias-primas, na fabricação de materiais e na execução das obras. Soma-s= e a isso a disposição inadequada dos resíduos, que compromete a qualidade do so= lo, da água e do ar, além de contribuir para a formação de áreas degradadas (Ro= th; Garcias, 2009).
Tais resíduos incluem mate= riais como embalagens, contêineres e peças inutilizáveis, os quais, por não terem mais proveito no processo construtivo, são frequentemente eliminados de for= ma inadequada. Essa má gestão pode gerar impactos ambientais severos, comprome= tendo a saúde de trabalhadores e moradores das proximidades, e transformando os benefícios prometidos pela construção civil em potenciais desastres ambient= ais (Sapuay, 2016).
Conforme estudo do Institu= to de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012), a dificuldade em estimar com prec= isão a geração, o tratamento e a destinação final dos resíduos da construção civ= il representam um dos principais entraves à gestão eficiente desses materiais.= O relatório destaca a necessidade de capacitação de gestores públicos e gerad= ores privados, bem como a disseminação de boas práticas implementadas em diferen= tes contextos nacionais e internacionais.
A Figura 1, extraída do re= ferido estudo, apresenta uma comparação entre diversos países quanto à estimativa = de geração anual de Resíduos da Construção Civil (RCC), considerando tanto val= ores absolutos (em milhões de toneladas por ano) quanto proporcionais (em kg/habitante/ano).
Figura 1 – Estimativa de geração de RCC em alguns países
Fonte: IPEA, 2012, p. 15.
No caso= do Brasil, a Resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA= MA) define os resíduos da construção civil como aqueles provenientes de construções, reformas, demolições, reparos e escavações. Essa norma estabel= ece que o gerador é o responsável pela correta classificação e destinação desses resíduos, sendo proibido o seu descarte em aterros sanitários. Ainda, deter= mina que os municípios elaborem e implementem os respectivos Planos de Gerenciam= ento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), alinhando-se às diretrizes da polí= tica ambiental urbana (Brasil, 2002).
O PGRCC deve ser elaborado= por todos os geradores, independentemente da quantidade de resíduos produzida (= Nagalli, 2016), e tem como finalidade promover a reci= clagem e a reutilização dos materiais, minimizando os impactos ambientais e os ris= cos à saúde pública (Ribeiro; De Moura; Pirote, 201= 6).
A gestão integrada de resí= duos sólidos também está prevista na Lei nº 12.305/2010, que institui a PNRS. A legislação enfatiza a responsabilidade compartilhada entre o poder público,= o setor privado e a sociedade civil, e estabelece diretrizes para a redução da geração de resíduos, a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, bem como o estímulo à reciclagem e ao reaproveitamento de materiais (BRASIL, 20= 10).
A normatização técnica é complementada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com destaque para a NBR 10.004, que classifica os resíduos sólidos, e as NBRs 15.112, 15.113 e 15.114, que tratam da gestão de resíduos volumosos, inertes e das áreas de reciclagem (ABNT, 2020).
Em nível local, o municípi= o de Florianópolis dispõe de marcos legais que regulamentam a gestão dos resíduo= s da construção civil, alinhados à Resolução nº 307/2002 do CONAMA. A Lei Complementar nº 305/2007 atribui ao município a responsabilidade pela formu= lação de políticas públicas específicas, enquanto a Lei nº 398/2010 institui a Política Municipal de Coleta Seletiva, com ênfase na inclusão de catadores organizados.
O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve abranger etapas integradas, desde ações preventivas à geração de resíduos até a disposição final ambientalmente adequada. Isso in= clui sistemas de saneamento ambiental e exige o engajamento conjunto do poder pú= blico e da sociedade civil organizada (Silva e Rocha, 2018).
2.2 Os =
ODS
Inseridos no canteiro de obras
Dados do IBGE (2008) revel= am que, embora 3.985 municípios realizassem a coleta de Resíduos da Construção e Demolição (RCD), apenas 936 dispunham de algum tipo de tratamento. Em Santa Catarina, dos 293 municípios estudados, apenas 111 possuíam serviços de man= ejo de RCD e, desses, apenas 11 processavam os resíduos, sendo somente dois os = que reaproveitavam os agregados reciclados na produção de componentes construti= vos.
O reaproveitamento dos RCD configura-se como alternativa estratégica para a redução da exploração de recursos naturais, possibilitando a reinserção de materiais no ciclo produt= ivo. Apesar do respaldo técnico e acadêmico, essa prática ainda é incipiente no setor da construção civil no Brasil (Fernandes, 2015).
Segundo Sapuay (2016), em muitos casos, práticas ilegais como o descarte em terrenos baldi= os, a queima ou a ocultação em áreas arborizadas ainda são utilizadas por construtoras. Entretanto, com planejamento e criatividade, parte desses resíduos poderia ser reaproveitada, convertendo-se em oportunidades de redu= ção de custos e preservação ambiental. Essa mudança de visão — de resíduos como problema para resíduos como recurso — é fundamental para a transição rumo a práticas construtivas mais sustentáveis e alinhadas às metas dos ODS (ONU,2015).
A implementação de práticas sustentáveis no gerenciamento de resíduos industriais é essencial para um desenvolvimento urbano ambientalmente responsável. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2020), é imprescindível adotar medidas urgentes voltada= s à prevenção, redução, reciclagem e reuso de resíduos, com vistas ao uso efici= ente de recursos naturais.
No Brasil, apesar da deman= da crescente por materiais recicláveis, a aplicação de resíduos reutilizados na construção civil ainda é limitada (Vieira, 2003, apud Holderbaum, 2009). Esse cenário evidencia a ausência = de uma cultura ecológica consolidada no setor, que ainda enfrenta entraves para incorporar práticas sustentáveis de forma sistêmica. Nesse sentido, torna-se essencial investir em tecnologias de menor impacto ambiental e ampliar a ad= oção de estratégias sustentáveis, como a reciclagem e o reaproveitamento de materiais, com vistas à mitigação dos impactos socioambientais e econômicos= da atividade construtiva (Roth; Garcias, 2009).
Apesar =
desse
panorama de baixa adesão nacional ao uso de materiais reciclados na constru=
ção
civil, o Estado de Santa Catarina tem adotado medidas concretas para invert=
er
essa lógica. Um exemplo é o Decreto nº 1.806, de 27 de dezembro de 2022, que
introduz a Alteração nº 4.460 no Regulamento do ICMS (RICMS/SC-01). Essa no=
rma
estabelece benefícios fiscais nas operações internas com produtos reciclado=
s,
incentivando economicamente o reaproveitamento de materiais e fortalecendo a
cadeia produtiva da reciclagem. Ao incorporar esse tipo de política fiscal
verde, o estado sinaliza um compromisso com a economia circular e com a
sustentabilidade no setor da construção civil, servindo como modelo para ou=
tras
unidades da federação (Governo de Santa Catarina, 2022).
Nesse c= ontexto, destaca-se a os ODS para promoção da gestão sustentável de resíduos em obra= s. Em especial, o ODS 12 visa assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis. A meta 12.4 propõe, até 2030, o alcance do manejo ambientalme= nte adequado de produtos químicos e de todos os resíduos ao longo de seu ciclo = de vida, minimizando impactos adversos à saúde humana e ao meio ambiente. Já a meta 12.5 determina que, até 2030, deve-se reduzir substancialmente a geraç= ão de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso (ONU, 2015).=
Complem=
entarmente,
a meta 12.6 incentiva a adoção de práticas sustentáveis por parte das empre=
sas,
especialmente as de maior porte, integrando critérios ambientais em seus
processos e relatório (ONU, 2015).
2.1.2 A
implementação do ESG no desenvolvimento sustentável
A implementação de práticas sustentáveis e de princípios ESG configura-se como uma necessidade estratég= ica para empresas que buscam alinhar-se às demandas do mercado contemporâneo. De aco= rdo com Damodaran (2020), estrategicamente, na toma= da de decisões empresariais, compreende-se que os critérios ESG fundamentam os aspectos financeiros, integrando os fatores ambientais, sociais e de governança. Empresas que adotam práticas ESG não apenas melhoram sua reputa= ção corporativa, mas também conseguem atrair investimentos sustentáveis e reduz= ir riscos operacionais relacionados a questões ambientais e sociais. Esses fat= ores contribuem para a inovação e geram eficiência a longo prazo, inclusive para= as empresas do segmento da construção civil (Friede; Busch; Bassen, 2015).
O Plano Estadual de Resídu=
os
Sólidos de Santa Catarina (PERS-SC), instituído pela Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Econômico Sustentável, representa um avanço significativo na
formulação de políticas públicas voltadas à gestão de resíduos, com destaque
para os RCC. O documento estabelece diretrizes claras como a erradicação de
áreas de descarte irregular, a ampliação da reciclagem e reutilização de
resíduos e a criação de mecanismos legais e fiscais para estimular a cadeia
produtiva dos materiais reciclados. Entre as metas estratégicas, destaca-se=
o
objetivo de que, até 2030, 100% dos RCC sejam destinados adequadamente, o q=
ue
demonstra um compromisso direto com práticas ambientalmente sustentáveis. O
plano ainda prevê ações de capacitação técnica, elaboração de PGRCC e o
incentivo à instalação de empresas recicladoras, especialmente em regiões c=
om
déficit de cobertura (Santa Catarina, 2014).
Essas diretrizes e metas do PERS-SC se alinham diretamente aos pilares do modelo ESG ao promover ações integradas que abrangem responsabilidade ambiental, inclusão social e transparência institucional. Na dimensão ambiental, o plano favorece a econ= omia circular e a mitigação de impactos sobre o solo e os recursos naturais; no aspecto social, incentiva a geração de empregos verdes e qualificação profissional; e, na governança, define metas mensuráveis, mecanismos de monitoramento e incentivos regulatórios para o setor público e privado (San= ta Catarina, 2014).
3 METOD=
OLOGIA
DE PESQUISA
Esta seção descreve os procedimentos metodológicos adotados na realização da pesquisa, abrangendo a caracterização da abordagem metodológica, os participantes envolvidos, os instrumentos aplicados e os procedimentos adotados para a análise dos dados obtidos.
Trata-se de uma pesquisa a= plicada com objetivo exploratório, voltada à proposição de uma solução prática para= a gestão de resíduos da construção civil por meio do desenvolvimento de um protótipo digital. A abordagem mista adotada possibilitou a coleta tanto de dados quantitativos, quanto qualitativos, com o intuito de elaborar uma aná= lise ampla das práticas e desafios enfrentados pelas empresas (Taquett; Borges, 2020).
De acordo com Gil (2008, p= . 27), pesquisas exploratórias "[...] são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato", o que justifica sua adoção nesta investigação. A coleta de dado= s buscou fornecer uma compreensão abrangente das necessidades e desafios enfrentados pelas empresas dos setores de construção civil como a coleta de resíduos no estado de Santa Catarina, em relação à adoção de práticas sustentáveis.
A etapa inicial da pesquisa consistiu na aplicação de um questionário estruturado, elaborado na platafo= rma Google Forms e disponibilizado eletronicamente = entre os meses de fevereiro e junho de 2025. O instrumento foi desenvolvido com b= ase nas orientações de Gil (2010), buscando contemplar tanto aspectos quantitat= ivos quanto qualitativos: porte e localização da empresa, existência e descrição= de planos de gerenciamento de resíduos, uso de normas técnicas, práticas adota= das, nível de conscientização dos colaboradores, desafios enfrentados e dificuld= ades quanto ao cumprimento das normas ambientais. Também foram abordados temas c= omo adesão às práticas sustentáveis, alinhamento aos ODS, práticas de ESG, e expectativas em relação à plataforma EcoEdificar, incluindo sugestões para seu aprimoramento.
Previamente à aplicação do questionário, foi realizado um levantamento online para identificar construtoras atuantes nas macrorregiões de Santa Catarina. As empresas foram organizadas em uma planilha com seus respectivos dados de contato (nome, telefone e e-mail), e, para padronizar o processo, elaborou-se um roteiro de abordagem contendo os objetivos da pesquisa, utilizado no primeiro contato = com os respondentes.
Diante das dificuldades de contatos e retornos encontradas durante a etapa inicial de coleta, foram re= alizadas novas tentativas de comunicação com as empresas já abordadas. Paralelamente, foi solicitado apoio institucional ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC) para a divulgação da pesquisa entre s= eus associados, o que ocorreu no período de 31/03/2025 a 09/04/2025. Embora o a= poio do CREA-SC tenha sido concedido, o número de respostas obtidas ainda se mos= trou abaixo do esperado. Diante disso, optou-se por ampliar o público-alvo da pesquisa, incluindo outros profissionais atuantes na área da construção civ= il, como engenheiros civis, arquitetos, engenheiros eletricistas, mestres de ob= ras, topógrafos, designers de interiores e consultores ambientais das macrorregi= ões do estado de Santa Catarina. A amostra contou com a participação de 20 respondentes ao questionário.
Para complementar a aborda= gem quantitativa e fortalecer a validade do estudo, foram conduzidas cinco entrevistas semiestruturadas, técnica que permite explorar de forma mais aprofundada as percepções e experiências dos participantes. A escolha por e= ste método qualitativo foi fundamentada nos pressupostos de Lakatos e Marconi (2017), os quais defendem a utilização de entrevistas semiestruturadas para= a obtenção de dados ricos e detalhados sobre as práticas empresariais e os desafios enfrentados no setor.
Entre os participantes entrevistados, uma é engenheira civil (Unidade de Registro 1), um engenheiro eletricista (Unidade de Registro 2), um engenheiro civil (Unidade de Regist= ro 3), um engenheiro civil com especialização em engenharia ambiental (Unidade de Registro 4), e uma coordenadora de produtos da construção civil (Unidade de Registro 5).
O critério principal adotado foi a atuação do profissional no setor da construção civil, cujas práticas sustentáveis poss= uem impacto direto no meio ambiente e nas comunidades.
A princípio, a pesquisa foi conduzida na Grande Florianópolis, região metropolitana de Florianópolis/SC, devido à concentração de empresas relevantes nesses setores na região. Post= eriormente, a pesquisa foi ampliada para abranger todas as mesorregiões de Santa Catari= na — Norte Catarinense, Oeste Catarinense, Serrana, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Sul Catarinense — com o objetivo de compreender as variações regionais nas práticas empresariais. A pesquisa incluiu empresas de diferen= tes portes (pequenas, médias e grandes), a fim de permitir uma comparação das práticas de sustentabilidade adotadas por empresas de diferentes dimensões.
Em conformidade com a Reso= lução nº 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2016), todos os participan= tes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, os procedimentos envolvido= s e a natureza voluntária da participação. O consentimento livre e esclarecido = foi solicitado antes do início da coleta de dados. Também foi garantido o sigilo das informações e o anonimato dos participantes, que foram informados de que suas respostas seriam utilizadas exclusivamente para fins acadêmicos. Essa postura segue os princípios éticos defendidos por Gil (2010), Taquett e Borges (2020) e Lakatos e Marconi (2017), q= ue reforçam a importância do respeito aos participantes em todas as etapas da pesquisa.
A análise dos dados revelou aspectos significativos sobre a gestão de resíduos, o uso de materiais reciclados e o grau de comprometimento com práticas sustentáveis. A interpretação dos resultados foi orientada pela percepção crítica do pesquisador, em diálogo com os referenciais teóricos que reconhecem a sustentabilidade como vetor de inovação e vantagem competitiva. Os dados permitem identificar padrões e lacunas nas ações empresariais, evidenciando= o quanto as práticas adotadas se alinham — ou não — aos ODS e aos princípios = ESG, apontando para a necessidade de uma integração mais efetiva entre responsabilidade ambiental e estratégia organizacional.
Para a abordagem qualitati= va, referente às questões abertas do questionário e também das entrevistas semiestruturadas, aplicou-se a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). O objetivo foi identificar padrões de sentido e categorias temáticas emergentes nas percepções dos profissionais da construção civil s= obre gestão de resíduos e práticas sustentáveis no setor.
Os dados quantitativos col= etados foram organizados e apresentados em quadros e tabelas. Além disso, representações visuais da arquitetura de software e fluxos de proces= so foram utilizados para ilustrar as funcionalidades desejadas para o protótip= o. Dessa forma, os dados obtidos, tanto quantitativos quanto qualitativos, revelaram expectativas, demandas e sugestões relevantes dos participantes, fornecendo subsídios essenciais para a construção das funcionalidades da plataforma digital EcoEdificar.
4 RESUL=
TADOS E
DISCUSSÃO
Nesta s= eção, são apresentados e discutidos os resultados obtidos a partir da pesquisa, buscando relacioná-los com os objetivos propostos e com os autores abordado= s no referencial teórico.
A criação do protótipo de = alta fidelidade da plataforma EcoEdificar teve como objetivo representar visual e funcionalmente uma solução tecnológica para a gestão de resíduos da construção civil, alinhada aos princípios ESG e aos O= DS, apresentando-se como um instrumento facilitador desse processo, ao conectar o setor da construção civil com empresas de coleta e tratamento de resíduos, promovendo uma cadeia de valor circular e ambientalmente responsável. Dessa forma, alé= m de atender à legislação vigente, a solução contribui para o cumprimento de met= as globais de sustentabilidade urbana e ambiental. O Quadro 1 ilustra a correspondência entre as metas do ODS 11.a, 12.4, 12.5, 12.6, 12.8 e as açõ= es propostas pela plataforma EcoEdificar a partir = da proposta deste projeto e confirmado por meio dos resultados da pesquisa, evidenciando como a tecnologia pode atuar como mediadora na promoção de práticas sustentáveis no setor.
Quadro 1 – Correspondência entre metas das ODS e ações da plataforma EcoEdificar
|
Meta |
Descrição da Meta da ONU<= /p> |
Conexão com a Plataforma = EcoEdificar |
|
11.a |
Apoiar relações econômica= s, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, = peri-urbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolviment= o. |
A Ec= oEdificar fortalece a integração entre áreas urbanas, peri-urb= anas e rurais ao conectar geradores de resíduos da construção com recicladoras regionais, promovendo desenvolvimento sustentável e articulação territori= al. |
|
12.4 |
Até 2020, alcançar o mane= jo ambientalmente saudável dos resíduos, reduzindo sua liberação no ar, água= e solo. |
A plataforma promove o encaminhamento adequado dos resíduos da construção civil, evitando o desc= arte irregular e contribuindo para a preservação de recursos naturais e da saú= de pública. |
|
12.5 |
Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso. |
O Ec= oEdificar atua como facilitador da reciclagem e reutilização de RCD, conectando geradores com recicladoras e estimulando práticas sustentáveis de reaproveitamento de materiais. |
|
12.6 |
Incentivar empresas a ado= tar práticas sustentáveis e integrar informações de sustentabilidade em seus relatórios. |
Ao incentivar construtora= s a rastrear e relatar a destinação dos resíduos por meio da plataforma, o sistema contribui para a adoção de indicadores ESG e compromissos ambient= ais verificáveis. |
|
12.8 |
Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientizaç= ão para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza. |
A plataforma contribui pa= ra a conscientização sobre a gestão sustentável de resíduos ao informar usuári= os sobre práticas adequadas, promover a educação ambiental no setor da construção civil e incentivar escolhas mais responsáveis. |
Fonte: Elaborado pelos autores (2025) - Adaptado de ONU (2020).
As informações extraídas d= o questionário indicaram que a maioria dos profissionais atuam em empresas de pequeno port= e, considerando que dois participantes não identificaram esse questionamento. A distribuição dos respondentes foi a seguinte: dos 13 profissionais de empre= sas de pequeno porte (65%), 12 afirmam não possuírem um plano de gerenciamento = de resíduos indicando um nível baixo de comprometimento com práticas sustentáv= eis. Já, os profissionais das empresas de médio e grande porte, indicam comprome= timento com práticas sustentáveis, visto que, das três empresas de médio porte (15%= ), duas informaram possuir um plano de gerenciamento de resíduos e das quatro empresas de grande porte (20%), todas possuem um plano de gerenciamento. Com base no estudo de Tam, Hao= e Zeng (2012), observa-se que ainda há uma lacuna significativa de conhecimento, experiência e padronização quando se trata da implementação de práticas sustentáveis na construção civil. Essa realidade contribui para a resistência por parte de profissionais — especialmente aqueles que atuam em pequenas empresas — os quais frequentemente percebem o alto investimento co= mo uma das principais barreiras para adoção de modelos mais sustentáveis no se= tor.
Sobre a concepção de planos de
gerenciamento de resíduos nas empresas participantes da pesquisa, as respos=
tas
demonstraram diferentes níveis de entendimento e formalização do que se
considera um plano de gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil.
Alguns respondentes relataram ações pontuais, como a separação de lixo
reciclável, descartável e orgânico, incluindo o uso de composteira, o que
evidencia uma iniciativa ambiental, mas ainda limitada ao âmbito doméstico =
ou
administrativo da empresa. Outros mencionaram o descarte seletivo de materi=
ais
como óleo de cozinha, papel, plástico, pilhas e tampas, o que demonstra
engajamento ambiental, porém ainda desvinculado de um plano técnico formal.=
Em
contrapartida, houve participantes que descreveram planos mais estruturados,
com referências diretas às classes de resíduos segundo a Resolução CONAMA n=
º 307/2002,
a NBR 10004 (ABNT, 2020) que visa a correta gestão dos resíduos, levando em
conta seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública, bem como à
destinação final e à validade da Licença Ambiental de Operação (LAO). A LAO
autoriza o início das atividades de um empreendimento após a comprovação do
cumprimento das condições estabelecidas, confirmando que ele atende às
exigências ambientais (Ethos Engenharia, 2025). Estes dados revelam um maior
alinhamento às exigências legais e normativas.
Por fim, uma das empresas destacou estar em processo de certificação
junto ao Instituto Lixo Zero Brasil, que trata de um reconhecimento oficial
concedido por esse instituto para empresas e eventos que investem em prátic=
as e
ações de gestão de resíduos (Certificação Lixo Zero, 2025), indicando um
compromisso institucional com a sustentabilidade e o aprimoramento contínuo.
Esses dados reforçam a heterogeneidade do setor em relação à maturidade na
gestão ambiental e evidenciam a importância da disseminação de conhecimento
técnico e normativo sobre o tema, conforme descrevem os autores Tam, Hao e Zeng (2012), e=
videnciando
que a escassez de experiência prática, padrões técnicos consolidados e
conhecimento especializado sobre tecnologias verdes, o que dificulta a
aplicação efetiva dessas práticas pelos profissionais da construção.
Um dos aspectos centrais deste estudo
refere-se à incorporação de práticas de sustentabilidade no setor da constr=
ução
civil. Nesse contexto, foi dada ênfase à disseminação e aplicação dos ODS e=
das
diretrizes relacionadas às práticas ESG. Com o intuito de avaliar o grau de
internalização desses conceitos pelas empresas participantes, foi questiona=
do
se estas se consideram alinhadas. A Tabela 1, a seguir, apresenta dados
relevantes que evidenciam a percepção e o comprometimento das organizações =
com
essas diretrizes sustentáveis.
Resposta
Utiliza
materiais reciclados
Alinhada
aos ODS
Alinhada
ao ESG
Sim
9 (45%)
3 (15%)
6 (30%)
Não
11 (55%)
10 (50%)
12 (60%)
Ainda avaliando
0
7 (35%)
0
Sem resposta
0
0
2 (10%)
Total
20 (100%)
20 (100%)
20 (100%)
Verifica-se que apenas nove das 20
empresas afirmaram utilizar materiais reciclados em suas atividades, o que
representa cerca de 45% das empresas, apontando que essa prática ainda não =
está
amplamente difundida. Em relação ao alinhamento com os ODS, três empresas (=
15%)
responderam positivamente, enquanto sete (35%) ainda estão avaliando essa
possibilidade e 10 (50%) declararam não estar alinhadas, sugerindo um nível
limitado de familiaridade ou comprometimento com essa agenda global. Quanto=
à
adoção de práticas ESG, seis empresas (30%) afirmaram já incorporar essas
diretrizes em sua atuação, enquanto a maioria, 12 (60%), indicou que ainda =
não
adota tais práticas. O número reduzido de empresas que se reconhecem alinha=
das
aos ODS e integradas às diretrizes ESG reforça os desafios identificados por
autores como Osório Filho (2023), em seu artigo de diagnóstico de implement=
ação
de ESG por empresas de construção civil. Este aponta a importância da
sensibilização e da estruturação de estratégias organizacionais voltadas à
sustentabilidade.
Os resultados indicam que, apesar de
sinais de progresso e crescente interesse, grande parte das empresas do set=
or
da construção civil ainda se encontra em estágios iniciais ou intermediários
quanto à incorporação efetiva de práticas sustentáveis em sua rotina. Nessa
perspectiva, a disseminação de informações, a qualificação profissional
contínua e o estímulo por meio de políticas públicas e certificações ambien=
tais
se destacam como estratégias fundamentais para fortalecer essa integração no
setor. Segundo a CBIC (2020), a eficiência na gestão de projetos industriais
está diretamente relacionada a fatores como o planejamento adequado e o
controle de riscos. Da mesma forma, Roth e Garcias
(2009) ressaltam que o desperdício de materiais na construção civil decorre=
, em
grande parte, da ausência de planejamento eficaz, sendo agravado pela falta=
de
práticas sustentáveis, o que intensifica impactos como o aumento de resíduo=
s.
Ao serem questionados sobre o nível de
conscientização dos funcionários sobre práticas sustentáveis, observou-se q=
ue
45% dos respondentes consideram esse nível baixo, enquanto 50% classificam =
como
médio, e apenas 5% avaliam como alto. Esses dados reforçam a percepção de q=
ue a
cultura da sustentabilidade ainda está em processo de construção dentro das
empresas, conforme destacado pelo estudo de Jacinto e Carvalho (2022). De f=
orma
geral, percebe-se que as organizações que ainda não estão alinhadas com os =
ODS tendem
a apresentar níveis mais baixos de conscientização entre os colaboradores. =
Já
aquelas em fase de avaliação ou com algum grau de alinhamento parcial
apresentam uma distribuição mais equilibrada, sugerindo que o engajamento c=
om
os ODS pode contribuir significativamente para fortalecer a cultura interna
voltada à sustentabilidade.
Os resultados da pesquisa apontaram u=
ma
aceitação significativa da plataforma EcoEdificar por
parte dos respondentes. Na pergunta, sobre a disposição em participar de uma
fase piloto da plataforma, 55% (11 de 20) manifestaram interesse, o que já
representa uma base sólida de adesão inicial. Já na questão que buscava
compreender a percepção sobre os benefícios da plataforma após sua
implementação, a validação foi ainda mais evidente: 70% (14 de 20) dos
participantes acreditam que suas empresas observariam melhorias na eficiênc=
ia
da gestão de resíduos e no cumprimento das normas ambientais. Essa combinaç=
ão
de interesse prático e expectativa de impacto positivo demonstra que a
plataforma EcoEdificar não apenas responde a uma
demanda concreta do setor, mas também conta com um público predisposto a
adotá-la. Assim, os dados respaldam a continuidade do projeto, indicando qu=
e a
proposta foi previamente validada junto aos potenciais usuários.
As respostas abertas coletadas por me=
io
do questionário foram analisadas com base na técnica de análise de conteúdo
proposta por Bardin (2011). Durante o processo de categorização, foram
identificadas seis categorias emergentes, conforme apresentado no Quadro 2.=
|
Categoria |
Descrição da unidade de registro |
|
Aderência aos ODS e ESG |
Percepções relacionadas ao alinhame=
nto
das práticas empresariais com os ODS, em especial os ODS 11 e 12. |
|
Desafios enfrentados |
Dificuldades apontadas quanto à
fiscalização, custos do descarte correto, falta de capacitação técnica,
ausência de infraestrutura para reaproveitamento de materiais, falta de
adesão de normativas e legislações. |
|
Recursos úteis para melhorar a gest=
ão
de resíduos |
Sugestões de possíveis recursos que
poderiam melhorar a gestão de resíduos. |
|
Funcionalidades desejadas |
Recomendações sobre funcionalidades
para a plataforma, como alertas, registro fotográfico, emissão de relatór=
ios
e banco de dados de fornecedores sustentáveis. |
|
Conscientização |
Recomendação de conscientização par=
a os
profissionais do setor sobre o que é e como tratar os resíduos. |
|
Contribuições adicionais |
Observações sobre a importância da
conscientização ambiental, parcerias com órgãos públicos e sugestões para=
a
interface e usabilidade do protótipo. |
Para ilustrar as manifestações textuais = que fundamentaram a construção das categorias analíticas, o Quadro 3 apresenta exemplos representativos de unidades de registro vinculadas às subcategorias emergentes, identificadas durante o processo de codificação. Com o objetivo= de facilitar a compreensão das respostas ao questionário, foi inserida a identificação numérica dos participantes, conforme a ordem cronológica de participação: o Participante 1 (P1) corresponde ao primeiro respondente, enquanto o Participante 20 (P20) refere-se ao último.
Quadro 3 - Categorias emergentes e exemplos de unidades de registro <= o:p>
|
Categoria |
Participante |
Unidade de Registro (exemplo de
resposta) |
|
Aderência aos ODS e ESG |
P20 |
“Sei que a empresa tem os programas=
de
boas práticas sustentáveis, mas não saberia responder se estão totalmente
alinhados com esses objetivos.” |
|
Conscientização |
P19 |
“(...) Conscientização de todos,
inclusive de quem está no comando. Ter acesso a um espaço onde seja possí=
vel
encontrar as informações necessárias sobre como fazer a coisa certa, acho=
que
seria de grande valia para as empresas do setor, principalmente as pequen=
as
empresas.” |
|
Desafios enfrentados |
P19 |
“(...) Observo que há mais fiscaliz=
ação
em obras de grande porte e empresas de pequeno porte entendem uma estrutu=
ra
de reciclagem como algo custoso e não, sustentável. Outro ponto é a dific=
uldade
em saber como descartar os materiais da forma correta.” |
|
Recursos úteis para melhorar a gest=
ão
de resíduos |
P19 |
“(..)Ter acesso a um espaço onde se=
ja
possível encontrar as informações necessárias sobre como fazer a coisa ce=
rta,
acho que seria de grande valia para as empresas do setor, principalmente =
as
pequenas empresas.” |
|
Funcionalidades desejadas |
P12 |
“Realizar um cadastro com as empres=
as
que geram os resíduos e as que coletam esses resíduos, assim, poderia ter=
um
método de pesquisa para identificar os locais mais próximos para encaminh=
ar o
resíduo separado.” |
|
Contribuições adicionais |
P1 |
“É preciso mais educação ambiental =
para
a sociedade como um todo.” |
A análise das respostas permitiu
constatar que os profissionais reconhecem não apenas os desafios práticos
relacionados à gestão de resíduos, mas também a importância da adoção de
tecnologias, do planejamento e da normatização das práticas. As sugestões de
funcionalidades evidenciam uma demanda concreta por soluções digitais capaz=
es
de automatizar tarefas e apoiar o cumprimento da legislação ambiental vigen=
te,
reforçando, assim, a relevância e a aplicabilidade da plataforma EcoEdificar.
As entrevistas semiestruturadas
complementaram os dados quantitativos ao proporcionar uma visão mais
aprofundada das rotinas e desafios enfrentados no dia a dia das empresas. Os
entrevistados relataram baixa fluidez nos processos de comunicação com empr=
esas
que atuam na reciclagem de resíduos da construção civil e órgãos ambientais=
, o
que dificulta a adoção de boas práticas sustentáveis. Diante disso, o uso de
uma plataforma, como a EcoEdificar, foi amplame=
nte
reconhecido como uma ferramenta inovadora com potencial para aumentar a
eficiência, a conformidade legal e a consciência ambiental no setor. Para
aprofundar essa análise, a Tabela 2 apresenta as funções e o tempo de atuaç=
ão
de cada entrevistado, identificado pela unidade de registro.
Tabela 2 – Categorização das Respostas
dos Entrevistados
|
Unidade de registro |
Função Atual |
Tempo de Atuação |
|
1 |
Engenheira civil |
6 meses |
|
2 |
Engenheiro eletricista |
+30 anos |
|
3 |
Engenheiro civil |
6 anos |
|
4 |
Engenheiro civil e ambiental |
50 anos |
|
5 |
Coordenadora de Produto e arquiteta=
|
7 anos |
Fonte: Elaborado pe=
los
autores (2025)
No Quadro 4, é apresentado uma síntese
das principais respostas obtidas nas entrevistas, categorizando as percepçõ=
es
dos profissionais sobre a gestão de resíduos, desafios enfrentados, práticas
adotadas, aderência às diretrizes ESG e ODS, bem como sugestões e impressões
sobre o projeto EcoEdificar.
Quadro 4 – Categorização das Respostas
dos Entrevistados
|
Categoria |
Unidade
de registro |
||||
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
|
|
Gestão de resíduos |
Preocupação
crescente devido as exigências legais, porém reativa; práticas básicas de
separação |
Percebe
sensibilidade crescente |
Grandes
empresas com gestão melhor; pequenas sem fiscalização, portanto sem gestã=
o |
A fiscalização faz diferença; pequenas empresas descartam inadequadamente.<= o:p> |
Preocupação
com resíduos brutos (caçambas de entulhos), armazenamento e separação loc=
al; |
|
Práticas padronizadas |
Separação
básica dos resíduos e destinação adequada |
Terceirização
da coleta, conscientização da liderança |
Sem
padronização clara; descarte inadequado; falta de conscientização da alta
gestão |
Segue
PGRCC e normas ISO |
Uso
de caçambas de entulho, lixeiras coloridas para separação do lixo comum |
|
Principais desafios |
Descarte
correto, falta de locais e empresas para coleta adequada |
Conscientização
da equipe |
Cumprimento
da legislação (grandes empresas) e resistência cultural (pequenas empresa=
s) |
Falta
de fiscalização, cultura e educação ambiental; Demolição
segue sendo um grande gerador de resíduos |
Transporte
e volume de resíduos |
|
Engajamento dos profissionais |
Evolução,
mas práticas ainda motivadas por obrigação legal |
Existe
engajamento, porém limitado; |
Resistência
e ignorância; necessidade de conscientização maior; |
Há
resistência, inclusive por empresários; sustentabilidade vista como custo=
e
trabalho extra |
Crescimento
do uso de pré-fabricados |
|
Diretrizes ESG e ODS |
Alguns
princípios ESG iniciais aplicados;Em referênc=
ia a
ODS, algumas práticas são realizadas, porém não formalmente |
Pouco
alinhamento e conscientização sobre o que de fato é ESG e ODS |
Conhecimento
limitado, com interesse em informações práticas sobre o que compõe as
normativas |
Aplicação rigorosa de normas, alinhamento com sustentabilidade e foco em economia.<= o:p> |
Diretrizes
ESG aplicadas. Nada informado referente à ODS |
|
Visão sobre o projeto EcoEdificar |
Considera
que pode ajudar no manejo e destinação correta de resíduos |
Apoio
importante para conectar geradores e recicladores, fornecer informações de
ODS e ESG |
Fundamental
para conscientização; melhora o acesso ao conhecimento e integração com
empresas de reciclagem |
Projeto
deve ser apresentado como economia, não só sustentabilidade; foco em
desenvolvimento sustentável |
Projeto
útil para manejo e destinação correta de resíduos reaproveitáveis |
|
Apoio técnico necessário |
Capacitação
e infraestrutura |
Acesso
a empresas de coleta, disseminação de práticas com potencial de crescimen=
to |
Conscientização
da alta gestão |
Educação
ambiental, conscientização da liderança e demonstração do impacto finance=
iro
sobre a iniciativa |
Capacitação
e infraestrutura para separação correta e otimização do processo de colet=
a |
Observa-se
que o parecer dos entrevistados sustenta a proposta de que a utilização da
plataforma EcoEdificar pode representar uma
alternativa prática e eficiente para o apoio à gestão de resíduos na constr=
ução
civil. Tal solução contribui não apenas para a melhoria do desempenho ambie=
ntal
das empresas, mas também para a digitalização e modernização de um setor
historicamente caracterizado pela baixa adoção de tecnologias informacionai=
s, conforme
salientam Roth e Garcias (2009), ao destacarem a
necessidade de inovações tecnológicas que impulsionem práticas sustentáveis=
.
As entrevistas realizadas com
profissionais de diferentes perfis e níveis de experiência, desde
recém-ingressos no setor até profissionais com mais de 50 anos de atuação,
revelaram percepções que reforçam a urgência da conscientização ambiental e=
da
adoção de tecnologias voltadas à gestão de resíduos. Essa heterogeneidade d=
os
entrevistados, incluindo representantes de empresas de diferentes portes e
naturezas (privadas com serviços estatais, por exemplo), fortalece a análise
qualitativa ao evidenciar a abrangência dos desafios enfrentados.
No tocante às práticas sustentáveis,
identificou-se, de forma recorrente, a ausência de uma cultura organizacion=
al
voltada à sustentabilidade até mesmo da alta gestão das empresas, corrobora=
ndo
as alegações de Roth e Garcias (2009) sobre a
deficiência de uma cultura ecológica no setor. Essa afirmação demonstra as
dificuldades na incorporação efetiva de práticas sustentáveis aos processos=
e
estratégias dos canteiros de obras.
Na categoria “Gestão de resíduos da
construção”, emergiram aspectos que dialogam diretamente com a perspectiva =
de Sapuay (2016), apresentada na seção 2.2, especialmente
quanto aos descartes inadequados realizados por construtoras. O autor enfat=
iza
a importância do planejamento e, sobretudo, da ressignificação dos resíduos=
-
de passivos ambientais para recursos reaproveitáveis. Essa visão foi destac=
ada,
por exemplo, na fala da unidade de registro 4, na qual se reconhece o poten=
cial
do projeto EcoEdificar para promover essa mudan=
ça de
paradigma.
Embora se observe um reconhecimento
generalizado da importância da gestão de resíduos, as práticas efetivamente
adotadas variam significativamente entre empresas de grande e pequeno porte.
Enquanto algumas grandes construtoras relatam a adoção de planos de
gerenciamento conforme a Resolução CONAMA, outras empresas, sobretudo as de
menor porte, revelam desconhecimento ou ausência de padronização.
Tal disparidade evidencia a fragilida=
de
da difusão de práticas sustentáveis no setor, sendo agravada pela baixa
fiscalização e pela falta de incentivos estruturais. Como apontado por um d=
os
entrevistados (Unidade de Registro 4), mesmo a existência de legislação não
garante a mudança de cultura: "a sustentabilidade é vista como trabalho
extra". Essa visão endossa os achados de Holderba=
um
(2009) e Fernandes (2016), que discutem o descompasso entre o marco normati=
vo e
a prática cotidiana dos canteiros de obras.
Nesse contexto, a plataforma EcoEdificar é percebida pelos entrevistados como uma
ferramenta com potencial transformador. Ao integrar agentes da cadeia
produtiva, oferecer informações normativas e possibilitar o rastreamento dos
resíduos, a plataforma responde a demandas identificadas no campo empírico,
como a necessidade de orientação técnica, comunicação entre geradores e
recicladores, e acesso a informações consolidadas sobre legislações ambient=
ais.
A fala da unidade de registro 4 é
particularmente ilustrativa ao propor uma mudança de mentalidade: ver o res=
íduo
como recurso. Esse reposicionamento, defendido por Sap=
uay
(2016), pode ser operacionalizado por meio de soluções como o EcoEdificar, que oferecem meios concretos para a adoç=
ão de
práticas sustentáveis e impulsiona o alinhamento às metas dos ODS e às
diretrizes ESG.
Com base nas informações coletadas, o
protótipo de alta fidelidade foi projetado com foco em funcionalidades
consideradas prioritárias pelos respondentes, como: Artigos de conscientiza=
ção
sobre os tipos de resíduos e forma apropriada para descarte, além de inform=
ação
sobre legislação e normativas; Con=
teúdos
no blog sobre conceitos e possíveis formas de alinhamento, implementação e
práticas dos ODS e ESG; Canal de comunicação direta entre empresa geradora e
operadores logísticos ou pontos de recebimento credenciados; Comunicação de
mensagens diretas entre construtora e empresas de reciclagem, para agendame=
nto
de coleta dos resíduos; Sistema de busca de empresas de reciclagem da regiã=
o,
para construtoras;
4.1 Desenvolvimento do Protótipo
Para o desenvolvimento do protótipo, =
foi
utilizado o Figma, um software de design=
e
prototipação criado em 2015 com o objetivo de atender às necessidades de
designers na criação de interfaces. A plataforma permite o desenvolvimento =
de
protótipos de alta fidelidade, oferecendo recursos avançados de interação e
facilitando o planejamento detalhado antes da implementação final do projet=
o (Figma, 2015).
Como parte do design, foi utilizada uma biblioteca de ícones, cores e layou= ts disponibilizada por uma comunidade do próprio Figma, intitulada = Buttonly – A Collection of Buttons, Fully Auto= Layout (Community), de autoria da UI Lib ([s.d.= ]). No que se refere às cores empregadas no protótipo do EcoE= dificar, o verde predomina, uma escolha respaldada pelo senso comum, que associa essa cor à natureza, ao meio ambiente e à sustentabilidade (Printi, [s.d.]). Além disso, o azul foi adotado como cor complementar, contribuindo para a harmonia visual. De acordo com a psicologia das cores, conforme Hell= er (2013), o azul transmite sensações de tranquilidade e tecnologia, reforçand= o a proposta funcional e conceitual do projeto.
O
desenvolvimento do protótipo foi orientado por requisitos técnicos da
engenharia de software, conforme proposto por V=
azquez
e Simões (2016). Esses requisitos foram definidos com base nas necessidades
identificadas durante a análise dos questionários e entrevistas aplicados. =
No
Quadro 5, apresentam-se os requisitos mínimos estabelecidos para o projeto.=
Quadro 5 –= Requisitos funcionais do protótipo EcoEdificar
|
RF01 |
Cadastro de Usuário |
Permitir o registro de novos usuários com e-mail e senha. |
|
RF02 |
Autenticação de Usuário |
Validar login com e-mail e senha, com tratamento de erros. |
|
RF03 |
Cadastro de empresas de reciclagem |
Permitir o cadastro de empresas parceiras diretamente no banco de dados. |
|
RF04 |
Publicação de Feed |
Permitir que empresas publiquem ofertas de materiais recicláveis. |
|
RF05 |
Contato via Feed |
Permitir
que empresas de reciclagem entrem em contato com as empresas que publicar=
am
no Feed |
|
RF06 |
Chat entre Empresas |
Disponibilizar chat com histórico para negociação entre empresas. |
|
RF07 |
Blog e Notícias |
Oferecer conteúdo educativo sobre resíduos e sustentabilidade, com ênfase nas prát= icas ODS e ESG. |
4.2 O Ecoedificar
O EcoEdificar é um
protótipo de plataforma web
desenvolvido no Figma, com 10 páginas projetada=
s para
promover a conexão entre construtoras e empresas de reciclagem. A plataforma
contempla duas categorias de usuários: construtoras, que buscam destinar
corretamente resíduos de obras, e empresas parceiras, responsáveis pela col=
eta
e reaproveitamento desses materiais.
A Figura
2 apresenta a interface inicial voltada ao usuário construtora. Nessa
tela, é possível visualizar um mapa interativo para localizar empresas
recicladoras nas proximidades, um F=
eed
onde a construtora pode publicar seus próprios anúncios de resíduos, e aces=
so
ao Blog & Notícias. Há ainda um menu superior com navegação para as
principais seções da plataforma. Importante destacar que os anúncios são
restritos à própria construtora, garantindo a privacidade entre usuários do
mesmo tipo.
Figura 2 – Página Inicial (construtora)
Na Figura
3, observa-se a exibição de uma empresa pesquisada no mapa pela
construtora. Ao clicar sobre a empresa, um pop-up
é aberto, fornecendo informações como localização, telefone e botão para
contato direto por meio da própria plataforma, o que agiliza o processo de
comunicação entre as partes.
Figura 3 – Pop-= up de busca(construtora)
A Figura 4 demonstra a visualização da
plataforma pelo usuário parceiro, ou seja, a empresa recicladora. Nessa
interface, o parceiro tem acesso ao Feed geral contendo os anúncios
publicados por todas as construtoras, podendo avaliar as oportunidades de
coleta e iniciar contato. Entretanto, não é possível buscar ou visualizar
perfis específicos de construtoras, o que reforça a segurança e a confidenc=
ialidade
das informações. O Blog & Notícias também está disponível para este tip=
o de
usuário.
Figura 4 – Página Inicial (Parceira)
Na Figura 5, é apresentada a página de
mensagens, que permite a comunicação direta entre construtoras e empresas
recicladoras. Essa funcionalidade foi estruturada com base nas demandas
identificadas por meio de questionários aplicados, visando otimizar o diálo=
go e
superar dificuldades previamente enfrentadas pelos usuários.
Figura 5 – Contato por mensagens
Por fim, a Figura 6 apresenta a seção
denominada Blog & Notícias, dedicada à disponibilização de conteúdos
informativos sobre sustentabilidade na construção civil. Essa área abrange
temas como práticas alinhadas aos ODS, critérios ESG, novas legislações
ambientais e métodos construtivos sustentáveis, apoiando a formação continu=
ada
dos usuários da plataforma.
Figura 6 – Blog & Notícias
= Para acesso completo às páginas desenvolvidas no protótipo do EcoEdificar, criado na ferramenta Figma, o usuário pode util= izar o link: https://www.figma.com/proto/ipptO2wAfiy8rwEO5yKyH= Y/EcoEdificar?node-id=3D73-54&t=3DpSvMuUjJmRTQB3Jr-1. Alternativamente, é possível escanear = o QR Code apresentado na Figura 7, utilizando a câme= ra de um dispositivo móvel.
Figura 7 – QrCode Figma
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa t=
eve
como objetivo propor uma solução digital para aprimorar a gestão de resíduo=
s na
construção civil, resultando no desenvolvimento do protótipo EcoEdificar. A proposta buscou atender demandas reais
identificadas com profissionais do setor, unindo tecnologia, sustentabilida=
de e
integração entre os agentes da cadeia produtiva.
Durante o estudo,
observou-se que, apesar do interesse crescente por práticas sustentáveis,
persistem desafios como a falta de planejamento específico, dificuldade de
acesso a informações técnicas e a limitada atuação da alta gestão, o que
dificulta a consolidação de diretrizes alinhadas aos princípios ESG.
Diante desse contexto=
, o EcoEdificar foi desenvolvido com dez páginas funciona=
is,
voltadas a dois perfis de usuários: construtoras e empresas recicladoras. P=
ara
as construtoras, a plataforma oferece um mapa interativo, Feed de anúncios, área de mensagens e seção de notícias e
informativos úteis para práticas voltadas aos ODS e ESG. Já para os parceir=
os
recicladores, o acesso é focado na visualização dos anúncios e contato com =
as
construtoras, presevando a privacidade entre
usuários.
O fluxo de navegação =
foi
estruturado com base nas contribuições dos participantes da pesquisa e
requisitos técnicos, visando facilitar a comunicação, promover a
rastreabilidade de resíduos e incentivar práticas sustentáveis. A receptivi=
dade
ao protótipo e o interesse na sua aplicação reforçam sua pertinência frente=
às
necessidades do setor.
Como limitação,
destaca-se o número reduzido de respondentes, reflexo da dificuldade de ade=
são
das empresas durante a coleta de dados. Ainda assim, os resultados obtidos
forneceram base suficiente para orientar a proposta e sustentar novas etapa=
s de
validação.
Recomenda-se que estudos futuros explorem a
aplicação prática do EcoEdificar em ambientes r=
eais,
bem como a ampliação do recorte amostral, a fim de aprofundar a análise sob=
re a
realidade da construção civil no Brasil e fomentar um setor mais eficiente e
ambientalmente comprometido.
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020:
Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
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Acesso em 18 de julho de 2024.
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Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de=
12
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2305.htm.
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ISSN 2237-4558
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