Social impact businesses ope= rating in southern Bahia: characterization and narratives of social entrepreneurs<= o:p>
|
Rafael
Bertoldo https://orcid.org/0000-0003-1027-4008 |
Mestre,
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) – Brasil. rbsantos@uesc.=
br |
|
Aline
Patrícia Mano de Araújo https://orcid.org/0000-0001-6626-9051 |
Doutora,
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) – Brasil. apmano@uesc.br=
|
|
Joana
Stelzer https://orcid.org/0000-0002-9503-4080 |
Doutora,
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Brasil. joana.stelzer@=
ufsc.br |
RESUMO
O estu= do teve como objetivo principal analisar os desafios enfrentados pelos Negócios de Impacto Social (NIS) na região do Litoral Sul da Bahia, destacando suas características, dificuldades e oportunidades para promover soluções sustentáveis no combate à pobreza e na geração de trabalho e renda. A pesqu= isa adotou uma abordagem qualitativa, utilizando o método de estudos multicasos. As etapas metodológicas incluíram: (1) construção do referencial teórico sobre NIS; (2) identificação dos NIS atua= ntes no território Litoral Sul da Bahia; (3) coleta de dados por meio de entrevi= stas e observações; (4) tabulação e análise dos resultados; e (5) discussão fina= is. O foco foi caracterizar o perfil dos empreendedores sociais e seus negócios, além de identificar os principais obstáculos enfrentados. Os resultados revelaram que a maioria dos empreendedores iniciou seus negócios por necessidade, sem planejamento estratégico ou estudos de mercado prévios. Foi identificada uma carência significativa de qualificação em áreas como gestão financeira, marketing e uso de ferramentas de gestão. Além disso, os desafi= os mais comuns incluíram a falta de um plano de negócios estruturado, dificuld= ades de capacitação e acesso limitado à internet, o que impacta a competitividad= e e a sustentabilidade dos NIS. O estudo concluiu que há uma necessidade de capacitação e suporte técnico para os empreendedores sociais, visando fortalecer a gestão e a sustentabilidade dos NIS. Sugere-se a ampliação das pesquisas para todo o estado da Bahia, a fim de mapear desafios e oportunid= ades em outras regiões.
Palavras-chave: negócios de impacto social (NIS); sul da Bahia; empreendedorismo social. =
ABSTRACT
The main objective of this study was to analyze the challenges faced= by Social Impact Businesses (SIBs) in the Southern Coastal region of Bahia, hi= ghlighting their characteristics, difficulties, and opportunities to promote sustainab= le solutions in combating poverty and generating employment and income. The research adopted a qualitative approach, using a multiple case study method. The methodological steps included: (1) building a theoretical framework on SIBs; (2) identifying SIBs operating in the Southern Coastal region of Bahi= a; (3) collecting data through interviews and observations; (4) tabulating and analyzing the results; and (5) conducting final discussions. The study focu= sed on characterizing the profile of social entrepreneurs and their businesses,= as well as identifying the main challenges they face. The results revealed that most entrepreneurs started their businesses out of necessity, without engag= ing in strategic planning or conducting prior market research. A significant la= ck of qualifications was identified in areas such as financial management, marketing, and the use of management tools. Additionally, the most common challenges included the absence of a structured business plan, limited acce= ss to training, and restricted internet connectivity, which impacts the competitiveness and sustainability of SIBs. The study concluded that there = is a need for training and technical support for social entrepreneurs in order to strengthen the management and sustainabili= ty of SIBs. It is suggested that future research be expanded to cover the entire state of Bahia, in order to map challenges and opportunities in other regions. <= o:p>
Keywords: social impact businesses (SIBs); southern Bahia;=
social
entrepreneurship.
Recebido em 15/09/2025. Aprovado em 08/04/2025.
Avaliado pelo sistema double blind
https://doi.org/10.22279/navus.v16.202=
3
1
INTRODUÇÃO
O Nordeste é= uma região do Brasil com criticáveis índices sociais. Ao observar o estado da B= ahia como referência, verifica-se que cerca de 1.8 milhão de pessoas vive abaixo= da linha da pobreza com renda domiciliar per capita média de menos de R$ 148,0= 0, o que representa 12,5% da população do estado. A média da população extremame= nte pobre na Bahia é praticamente o dobro da média nacional, alcançando 6,5%. Em relação à conectividade, 29,5% da população baiana não possui acesso à internet, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020). Diante desse cenário, destaca-se que o território de identida= de litoral sul da Bahia, área deste estudo, representa uma região afetada pela desigualdade e pobreza. O território compreende 26 municípios, 81,9% do território é urbanizado com índice de Gini calculado em 0,587.
Segundo leva= ntamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), publica= do em 2023, a região Sul da Bahia apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) de = 12,6 bilhões, refletindo uma economia concentrada no comércio e serviços, que representam 75,5% de suas atividades econômicas. A indústria, responsável p= or 16,9% da economia local, desempenha papel secundário, porém significativo. O cacau e seus derivados destacam-se como o principal segmento exportador, contribuindo para a receita e a geração de trabalho e renda. A taxa de analfabetismo está em torno 17,4%, representando desafio significativo para= o desenvolvimento econômico sustentável da região, uma vez que a baixa escolaridade pode limitar a capacidade da força de trabalho local para se adaptar às novas tecnologias e aos métodos produtivos.
Nesse contex= to, os Negócios de Impacto Social (NIS) podem representar alternativa no combate à pobreza,= uma vez que contribuem para a promoção da geração de trabalho, renda e impactos sociais e ambientais positivos, convergentes com a Agenda 2030 dos Objetivo= s de Desenvolvimentos Sustentável (ODS).
Considerando= a importância que os NIS podem ter na redução da desigualdade social, esse trabalho realizou um estudo de casos múltiplos, caracterizando esses negóci= os por meio do perfil dos empreendedores, da área de atuação e das dificuldades que esses empreendimentos enfrentam para atuar na região do estudo a partir= da narrativa de seus empreendedores.
Para tanto, essa pesquisa encontra-se organizada nos seguintes tópicos: referencial teórico, procedimentos metodológicos, resultados e discussões, considerações finais.
2 REFERENCIAL T= EÓRICO
O empreendedorismo pode ser compreendido com=
o uma
cultura do saber científico e tecnológico, do espírito empreendedor e da
capacidade de inovação, da visão sobre novas oportunidades de negócios e
atividades, bem como da liderança e da gestão por projetos. O empreendedor é
aquele indivíduo que concebe a ideia e é influenciado pelo contexto ambient=
al
no qual está inserido, gerando bens e serviços que são objetos de avaliação
pelo mercado; é aquele que torna as coisas possíveis e faz prognósticos para
antever o futuro da organização (Leite, 2012; Dornelas, 2008).
No Brasil o empreendedorismo consolidou-se na
década de 1990, influenciado pelos Estados Unidos na disseminação mundial do
empreendedorismo, devido à ‘prosperidade’ capitalista culturalmente difundi=
da
pelos americanos e impulsionada pela globalização e pelo imperialismo. O
surgimento de pequenos empreendimentos e a necessidade deles de se manterem=
no
mercado, impulsionaram o empreendedorismo. Tendências como a necessidade de
formalização de microempresas, aliada à certa pressão do desemprego, levara=
m o
próprio Governo Federal a criar o Programa Brasil Empreendedor em 1999,
capacitando milhões de brasileiros e gerando diversas linhas de crédito e
financiamento para empreendedores (Dornelas, 2008). De acordo com Hisrich et
al. (2014), o empreendedorismo é vital para a criação e o crescimento dos
negócios, e, consequentemente, para a prosperidade de uma nação, destacando=
-se
a inovação nesse cenário.
Adentrando na terminologia do empreendedoris=
mo
social, seu primeiro registro ocorreu na década de 1980, com a criação de
alternativas e soluções para problemas sociais da época, suas característic=
as
inspiraram-se no associativismo, economia social, cooperativismo e filantro=
pia.
Na década de 1990, o mundo testemunhou um aprofundamento das mazelas sociai=
s,
crises ambientais e perdas na biodiversidade (fauna e flora) causadas pela =
ação
do homem. No entanto, diversos movimentos sociais também surgiram em parale=
lo,
incluindo organizações como a filantropia católica, organizações não
governamentais (ONGs), movimentos sociais, fundações e organizações do terc=
eiro
setor, juntamente com o empreendedorismo social, inclusive como manifestação
crítica ao liberalismo econômico. Uma das missões do empreendedorismo socia=
l é
agregar valor social e benefícios às ações do empreendedor de forma inovado=
ra
(Oliveira et al., 2018)
A visão do Serviço Brasileiro de Apoi=
o às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e do Instituto Leg=
ado de
Empreendedorismo Social converge na definição do empreendedorismo social co=
mo
inovador, possibilitando a criação de negócios que visam impactar positivam=
ente
a sociedade em áreas como educação, saúde, meio ambiente, segurança, entre
outras. São negócios lucrativos, mas com visão de cunho social, objetivando
mudar a realidade do público-alvo para o qual o negócio está direcionado,
promovendo inclusão, redução da pobreza, desigualdade social, entre outros.=
O
empreendedorismo social possui uma tríade basilar: propósito, inovação e
atitude.
No contexto brasileiro, as dificuldades soci=
ais
relacionadas à geração de trabalho e renda já eram recorrentes mesmo antes =
da
pandemia. Assim, a agenda prioritária do país constitui pensar no
desenvolvimento e na equiparação das condições de bem-estar e acessibilidad=
e. É
preciso revitalizar, fortalecer e ampliar as políticas sociais de amparo e
assistência aos pobres, bem como a geração de oportunidades igualitárias, de
acordo com Santos et al. (2017) e Honig (2010). É importante destacar que o
microempreendedor, muitas vezes, é motivado pela autonomia pessoal e
oportunidade, mas também pela necessidade de sobrevivência, especialmente
diante do crescente desemprego estrutural da atualidade (Vale et al., 2014).
Relativamente às definições de NIS, percebe-=
se que
há uma variação de acordo com o continente abordado. De acordo com Higashi =
et
al. (2019), é possível destacar a iniciativa de Negócios Sociais europeia c=
omo
tendo um foco na economia social, que centraliza a atuação dos NIS em torno=
de
organizações da sociedade civil com funções públicas voltadas para o coleti=
vo. Já
o a perspectiva norte-americana trata as empresas e as organizações privadas
com lógica de mercado dedicadas a soluções socioambientais como NIS. Outra
visão europeia é a das ‘empresas sociais’, voltadas para a inclusão dos
vulneráveis no acesso a serviços, produtos e oportunidades.
A Comissão Europeia (CE) e a Emergence of So=
cial
Enterprise in Europe (EMES), órgãos reconhecidos internacionalmente, conver=
gem
na definição de empresas sociais como organizações de cunho social, com o
objetivo de fornecer bens e serviços para os desfavorecidos, com geração de
lucro limitada, muitas vezes independente e regulamentada em diversos países
europeus (Carnauba, 2018; Souza, 2018).
A visão norte-americana, como já citado, cria diversos segmentos e possibilidade=
s de
ações e empreendedorismo com impacto social, tais como filantropia corporat=
iva,
que direciona recursos para programas sociais como vantagem competitiva;
empresas com finalidade social, atuantes no mercado da base da pirâmide com
missão social; e, empresas híbridas, voltadas para a geração de lucro aos
acionistas e investimentos parciais em projetos sociais, entre outras (Carn=
auba,
2018; Alves, 2018; Porto et al., 2016).
Segundo Yunus (2010), um NIS deve obedecer a
alguns princípios para ser considerado como tal: a superação da pobreza como
meta do empreendimento; sustentabilidade financeira e socioambientalmente
consciente; a não distribuição de dividendos aos investidores; e, o
reinvestimento do lucro no empreendimento para a ampliação de suas ações, em
conformidade com os princípios da ação socioambiental proposta.
Ou seja, do ponto de vista internacional, o
aspecto mais significativo é a intencionalidade do impacto efetivamente ger=
ado
pelo empreendimento. Por sua vez, o impacto social deve vir da intenção cla=
ra
de contribuir para a solução de um problema socioambiental em sua atividade
principal (PIPE SOCIAL, 2021). A própria Pipe
Social delineou um filtro mínimo de critérios que caracterizam um negócio de
impacto social: 1) intencionalidade na resolução de problemas socioambienta=
is;
2) a atividade principal é o impacto; 3) busca de retorno financeiro; e, 4)
monitoramento do impacto gerado.
Destaca-se para o monitoramento do alcance n=
os NIS
a cada um dos critérios mínimos levantados a importância dos indicadores, a=
qui
salientamos os indicadores socioambientais e financeiros, tais indicadores =
são servem
para analisar a sustentabilidade de um negócio no futuro. Não se pode focar
somente nos ganhos econômicos; é recomendável considerar também os efeitos =
do
empreendimento na comunidade e na natureza. Um projeto que traz lucros
imediatos, mas causa danos sociais e ambientais com o tempo, não é sustentá=
vel.
Dessa forma, a avaliação conjunta desses indicadores permite uma compreensão
mais ampla do seu papel no progresso sustentável.
Considerando que os NIS são negóci=
os em
essência, torna-se pertinente enfatizar a necessidade de estruturar um plan=
o de
negócios antes de iniciar efetivamente suas atividades, pois o plano de neg=
ócio
é um documento vital para qualquer empreendedor que busca obter sucesso em =
seus
empreendimentos.
Os NIS também desempenham um papel
importante no alcance dos ODS, especialmente no que diz respeito ao ODS 1 –
Erradicação da Pobreza. Esses negócios, ao promoverem soluções inovadoras e
sustentáveis, contribuem diretamente para a geração de trabalho e renda,
oferecendo oportunidades para populações em situação de vulnerabilidade
econômica. Além disso, ao adotarem práticas inclusivas e responsáveis, os N=
IS
estão alinhados ao ODS 10 – Redução das Desigualdades, ao promoverem a incl=
usão
social e econômica de grupos marginalizados. No que diz respeito ao ODS 12 –
Consumo e Produção Responsáveis, esses negócios se destacam por incentivarem
modelos produtivos sustentáveis, minimizarem os impactos ambientais e
promoverem a eficiência no uso dos recursos. Dessa forma, os NIS emergem co=
mo
agentes transformadores, capazes de integrar a erradicação da pobreza com a
redução das desigualdades e a promoção de práticas sustentáveis, contribuin=
do
para a agenda global dos ODS.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para caracterizar os NIS atuantes na região =
de
Ilhéus, optou-se pela realização de estudo de casos múltiplos, que, conforme
Yin (2001), é uma investigação empírica que envolve a coleta de diversas fo=
ntes
de evidência (entrevistas, documentação, registros e observações diretas).
Trata-se de estudo que demanda um processo de construção e planejamento do
protocolo, contendo um cronograma de ações, conhecimento prévio dos casos
selecionados e o desenvolvimento de habilidades do entrevistador para
elaboração das perguntas e condução da entrevista, visando flexibilidade,
acolhimento e imparcialidade.
A realização do estudo consistiu nas seguint=
es
fases: construção do arcabouço teórico sobre os temas; identificação dos NIS
atuantes na região do estudo; contato com os NIS identificados; aceite dos =
NIS
consultados como participantes da pesquisa, aplicação de entrevista
semiestruturada junto aos empreendedores dos NIS (coleta de dados); tabulaç=
ão
dos resultados, discussões e considerações finais. Cada uma dessas etapas e=
stá
descrita nos subtópicos a seguir.
3.1 Participant= es da pesquisa
Para a seleç= ão dos NIS atuantes na região de estudo, território sul da Bahia, consultou-se o 3º Mapa de Negócios de Impacto do ano de 2021 da PIPE SOCIAL, no entanto, não = foi encontrado registro de NIS catalogado na região sul da Bahia.
Diante desse desafio, foram buscadas alternativas para prospectar NIS que atuem na região sul da Bahia. Foram enviados e-mails para algumas das principais acelerador= as, plataformas e portais que desenvolvem ações voltadas para negócios de impac= to social no país, tais como Quintessa, ICE, Pipe,= Ekloos, Yunus Negócios Sociais, Fundação Terra, IDIS, Fundação BH e Impacta Nordeste, a partir desse contato foi possível identif= icar diversos NIS na região do estudo
Também foram realizadas buscas em portais, sites, notícias, Instagram, blogs, publicidad= es, eventos, propagandas e outras manifestações em redes sociais de conteúdo relacionado aos temas pesquisados neste trabalho e vinculados ao território= sul da Bahia. Ao final dessa busca, foram identificados e contatados 14 NIS, dos quais 06 aceitaram participar da pesquisa, conforme etapas identificadas na Figura 01.
Figura 01 – = Etapas de recrutamento dos participantes da pesquisa:
Fonte: Elaboração pelos autores.
Dessa forma, reforça-se a justificativa para a escolha dos seis (06) NIS que aceitaram participar desta pesquisa, compondo a amostragem definida a partir de um universo inicial de 14 NIS localizados e contatados.
3.2
Aplicação da Entrevista
A principal = fonte de dados desta pesquisa foi a coleta de informações por meio de entrevistas. Conforme Gomes (2010), esse método possui grande potencial em estudos de ca= so ou multicasos, embora deva-se atentar para epis= ódios de articulação imprecisa dos relatos verbais. Diante disso, as informações obtidas nas entrevistas foram cruzadas com registros sistematizados dos NIS, como livros de ata, protocolos, atas de reuniões, registros de encaminhamen= tos, notas, gravações das ações dos NIS, vídeos e outros registros diversos, vis= ando validar os dados relatados.
O protocolo utilizado para a realização das entrevistas foi registrado no Comitê de Éti= ca em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) número 52075121.8.0000.5526, e foi submetido em 26.11.2021. As entrevistas foram transcritas para análise das respostas, o objetivo, seguindo o roteiro da entrevista, foi coletar informações sobre a organização (NIS), a partir da narrativa do empreendedor social responsável. Portanto, não foi solicitado nenhum tipo de dado pessoal ou dado pessoal sensível ao entrevistado.
Registra-se a adaptação do questionário utilizado no trabalho ‘Caracterização e Funcionam= ento dos Negócios de Impacto Social da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Um Estudo Multicasos’, do ano de 2018, de autoria = do pesquisador Matheus de Arruda Rodrigues Alves, do Programa de Pós-Graduação= em Administração do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fluminense, sob a orientação do Professor Marco Coneje= ro.
4. RESULT=
ADOS E
ANÁLISES
Tratando as informações provenientes das narrativas dos(as) empreendedores(as) sociais colhidas nas entrevistas, registrou-se no Quadro 01 a descrição de cada NIS participante.
Quadro 01 – Descrição dos NIS participan= tes da pesquisa
|
NNISIS |
A |
B |
C |
D |
F |
||
|
NIS |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
|
Área |
Gestão e Inovação Social |
Mentoria e rede de mulheres=
|
EcoTur=
ismo
Artesãos e artesanato |
Bijuterias e bolsas |
Gestão de projetos, soluçõe=
s |
||
|
Ano de
fundação |
2014 |
2016 |
2019 |
2018 |
2017 |
2019 |
|
|
Personalidade Jurídica |
Sociedade Individual |
MEI |
MEI |
MEI |
MEI |
MEI |
|
|
Idade do
empreendedor(a) |
39 anos<= o:p> |
39 anos<= o:p> |
38 anos<= o:p> |
31 anos<= o:p> |
34 anos<= o:p> |
29 anos<= o:p> |
|
|
Formação do empreendedor(a)=
|
Mestre em Desenvolvimento e
Gestão Social |
Mestre em Educação |
Mestre em Ecologia |
Graduada em Segurança do Tr=
abalho |
Engenheira Elétrica |
Engenheiro de Produção |
|
Fonte:
Elaboração pelos autores
No quadro supramencionado do roteiro da intervenção (entrevista) realizado, destaca-s= e a área de atuação do NIS, o ano de fundação, o registro da natureza da personalidade jurídica, a idade do empreendedor social entrevistado e sua formação acadêmica. Entende-se que são informações mínimas e relevantes para tracejar o perfil do empreendedor objeto desta pesquisa.
Entre os empreendedores(as) sociais da região estudada (sul da Bahia), as mulheres representam 66%, enquanto os homens perfazem 33%. Todos(as) entrevistados t= êm grau de escolaridade em nível de pós-graduação (100%). Destaca-se, a partir= da narrativa dos(as) empreendedores(as), a busca por autonomia e independência= , o que caracteriza o empreendedorismo por necessidade, além de denotar formas = de geração de trabalho e renda que pode evidenciar a incapacidade de absorção = do mercado de trabalho (Abreu, 2012; Guimarães, 2016= ; Vale et al.,2014; Ferraz, 2022).
Salienta-se = que 83% dos(as) empreendedores(as) sociais têm na atividade de gestão do seu próprio NIS a única fonte de renda.
O NIS A rela= tou gestão financeira amadora, pela satisfação com os resultados sociais, porém, insatisfação com os resultados econômico-financeiros. O NIS constitui sua atividade principal. A pandemia exacerbou os desafios, uma vez que o negócio encontrou dificuldades em se adaptar ao mundo digital, comprometendo ainda = mais sua viabilidade econômica.
O NIS B, cuja principal atividade era o magistério, investiu em suporte tecnológico para realizar lives e outras ações durante a pandemia. Apesar desses esforços, o negócio teve que suspender suas atividades devido a problemas financeiros. O NIS C interrompeu suas atividades e se dedicou à capacitação. Essa pausa estratégica permitiu ao negócio se preparar para um mercado em transformaçã= o. No período pós-pandemia, houve um b= oom na área do Ecoturismo, que proporcionou a alavancagem do NIS, demonstrando a importância de se adaptar e se preparar para novas oportunidades de mercado= .
O NIS D atua= em uma comunidade de difícil acesso, com conexão de internet precária. Durante a pandemia, enfrentou impacto significativo nas vendas de artesanato, sua principal atividade. No entanto, a adoção do e-commerce contornou parte des= ses desafios, permitindo ao NIS manter-se ativo mesmo diante de condições adver= sas.
O NIS E, de = forma similar, afirmou que já apresentava resultados socioambientais positivos, m= as enfrentava dificuldades econômico-financeiras. Asseverou também que se dedi= cou à formação, ao treinamento e à qualificação durante a pandemia. Essas inici= ativas tornaram o negócio mais resiliente.
Por fim, o N= IS F, uma startup de inovação consolidada na área de ESG, delegou setores como marketing, gestão financeira e contábil, e publicidade a profissionais qualificados. Durante a pandemia, conseguiu manter o engajamento de cliente= s e parceiros, demonstrando a eficácia de uma gestão profissionalizada e bem-estruturada.
Em síntese, a pandemia revelou a resiliência e adaptabilidade dos NIS, ao mesmo tempo em = que expôs suas vulnerabilidades. A capacidade de inovação, a adoção de tecnolog= ias digitais, e o investimento em capacitação e qualificação foram fatores determinantes para a superação dos desafios impostos pela crise. Cada NIS, = com suas características, demostrou que o equilíbrio entre resultados econômico= s e impacto social é uma meta contínua e desafiadora, especialmente em tempos de crise global.
Além do mais= , é importante efetuar uma análise dos NIS quanto à missão social e ao cumprime= nto mínimo de exigências para o enquadramento enquanto NIS, de acordo com quais sejam os critérios que caracterizam um negócio de impacto social, de acordo= com a Pipe Social (2019).
Para mensurar o cumprimento de cada NIS estudado quanto aos itens de enquadramen= to supramencionados, criou-se o Quadro 2.
Quadro 02 – Escala de monitoramento pelo= NIS de enquadramento aos critérios da Pipe (2019)
|
IDItem 1) |
Alto monitoramento |
Nulo monitoramento |
Alto monitoramento |
Baixo monitoramento |
|
|
NIS B |
NIS C |
Médio monitoramento |
Alto monitoramento |
Alto monitoramento |
Médio monitoramento |
|
NIS D |
NIS E |
Médio monitoramento |
Nulo monitoramento |
Alto monitoramento |
Baixo monitoramento |
|
NIS F |
A) Legenda: 1) intencionalidade na resolução=
de
problemas socioambientais. 2) atividade principal é o impac=
to. 3) busca de retorno financeiro.<=
o:p> 4) monitoramento do impacto gera=
do. B) Capacidade de atendimento aos
itens: Nulo: Não atende ao item Baixa: Capacidade baixa de
monitoramento ao atendimento ao item Média: Capacidade média de
monitoramento ao atendimento ao item, razoável Alta: Capacidade alta de monitor=
amento
atendimento ao item, satisfatório De acordo co=
m a
tabela acima, verificou-se que, dos NIS estudados, apenas o NIS (F), contem=
plou
satisfatoriamente o pleno atendimento dos filtros mínimos propostos pela Pi=
pe
Social. Nenhum dos NIS tem funcionários fixos, pois a maioria deles está
classificado como pessoa jurídica MEI (Microempreendedor Individual). Apena=
s um
(01) NIS efetua a gestão financeira por intermédio de plataforma profission=
al
paga, o NIS (D); outro NIS efetua a contratação externa para prestação de
serviço técnico quanto a gestão contábil e financeira, o NIS (F). Os demais
utilizam métodos não-profissionais. Apenas o NIS=
(F)
iniciou suas atividades com plano de negócios, pois se utilizou de uma
iniciativa surgida no âmbito do programa SEBRAE de incentivo e estímulo ao
surgimento de negócios de impacto. E o NIS (D) conseguiu obter acesso ao
capital para financiamento por intermédio de editais de subvenção econômica.
Quanto aos indicadores sociais, financeiros ou ambientais, apenas o NIS (C)
utiliza um método de mensuração por intermédio de indicadores. Nesse sentid=
o,
foi relatado que está em fase de testes, consolidação e aprimoramento dos s=
eus
indicadores de impacto ambiental, seu NIS atua na área de ecoturismo. Um desafio r=
elevante
é a falta de utilização de métodos por parte dos empreendedores para mensur=
ar
os impactos dos NIS, uma limitação que afeta a maioria desses negócios de
impacto. Dos NIS estudados nenhum tem indicadores consolidados para mensura=
r o
impacto gerado e a partir desse aspecto avaliar a missão do NIS de acordo c=
om
preceitos que determinam as diretrizes para negócios de impacto. Observa-se=
que
os NIS estudados estão, em sua maioria, em fase de consolidação ou expansão=
dos
seus negócios. Essas etapas podem comprometer o desenvolvimento de mecanism=
os
adequados para a mensuração de impacto, uma vez que algumas dimensões desse
impacto são intangíveis, demandam testes prévios e requerem processos de
validação. Outro ponto =
que
merece destaque é sobre a atividade paralela ao NIS que apenas um empreende=
dor
social exerce, os demais têm a gestão do NIS como fonte de renda principal
(83%). A busca por resultados econômicos e distribuição de lucros igualitár=
ios,
um dos princípios dos negócios de impacto, ainda é incipiente. Elencar-se-ão
algumas limitações apresentadas e identificadas no estudo: 1) os NIS estão =
em
fase de consolidação ou expansão dos seus negócios; 2) 83% são MEI (Micro
Empreendedor Individual), o que dificulta a fixação de equipes de trabalho e
distribuição de lucros e dividendos quando possível; 3) os NIS almejam
distribuir lucros; 4) Dos seis (06) NIS estudados, apenas dois (02) NIS tem
“entradas” que suportam a “saída”; e, 5) A maioria dos NIS do presente estu=
do
nasceram da motivação imposta pelo empreendedorismo por necessidade, o que
limita ações que deveriam obedecer os princípios dos negócios sociais. Outra caract=
erística
comum à maioria dos(as) empreendedores(as) sociais são suas multifunções e
multitarefas no âmbito da gestão do NIS; eles próprios são responsáveis pel=
as
mídias, publicidade, propaganda, gestão financeira, busca de novos parceiro=
s,
gestão da equipe, comunicação com clientes, aprimoramento de novos serviços=
ou produtos, etc. Os relatos são comuns em não haver last=
ro
financeiros para delegação de funções estratégicas, técnicas e operacionais=
do
NIS sob a gestão desses empreendedores(as) sociais. A gestão de um negócio
social é uma tarefa complexa e desafiadora, e muitas vezes é impossível para
uma única pessoa realizar todas as funções necessárias para garantir o suce=
sso
do NIS e o cumprimento das diretrizes de enquadramento do negócio como negó=
cio
social. Uma caracter=
ística
comum aos NIS analisados é o uso da internet, especialmente por meio das re=
des
sociais, como principal canal de divulgação e publicidade. Os próprios(as)
empreendedores(as) sociais são os agentes que administram as redes sociais =
dos
NIS, edição de fotos, vídeos, engajamentos, tráfego, et=
c.
As redes soc=
iais têm
se tornado uma ferramenta cada vez mais importante para os NIS nos dias de
hoje, são plataformas poderosas para promover negócios, aumentar a visibili=
dade
da marca e gerar leads qualific=
ados.
Com o alcance cada vez maior das redes sociais, os negócios têm a oportunid=
ade
de se conectar diretamente com seu público-alvo, construir relacionamentos
fidelizados, atrair colaboradores, investidores e parceiros. Além disso, as
redes sociais também são uma maneira eficiente de construir a credibilidade=
da
marca. Em suma, as redes sociais são ferramentas vitais para os NIS.=
De fato, a i=
nternet
é ferramenta vital para os negócios na atualidade, proporcionando uma
infinidade de oportunidades para as empresas se conectarem com seus cliente=
s,
expandirem sua presença digital e aumentarem seus lucros. Com a ampliação do
acesso à internet, as empresas podem alcançar públicos em nível global e
competir em mercados que antes eram inacessíveis. Cabe aqui uma
reflexão sobre a importância das redes sociais e a internet para esses NIS,
pois, de acordo com o IBGE (2020) 29,5% da população do estado da Bahia não=
tem
nenhum acesso à internet. Esse dado demonstra uma limitação flagrante quant=
o à
perda de potencial das redes sociais para os negócios na região. Tal dado rev=
ela um
desafio estruturante no percurso não só dos NIS, mas da inclusão social e
digital que reflete na educação e cidadania, e a carência de promoção de
políticas públicas inclusivas. Tais dimensões são fundamentais e desafiam a
prosperidade dos empreendedores sociais, as ações de seus NIS, a sua expans=
ão e
a missão destes negócios com intenções de gerar impacto socioambiental
positivo, com visão global e ação local. O acesso à internet e a inclusão
digital são fatores decisivos e limitantes para o desenvolvimento dos NIS.<=
/span> Com relação =
aos
impactos e desafios para os NIS no período pandêmico, destacam-se alguns
fragmentos dos relatos extraídos das transcrições das entrevistas com os(as)
empreendedores(as) sociais: - “Tivemos q=
ue
experimentar e diversificar novos canais de relacionamento” para acompanhar=
as
tendências”. - “Era neces=
sário
ampliar a presença no mundo digital (...)”. - “A pandemi=
a trouxe
uma dificuldade óbvia, ficamos 8 meses sem nenhuma receita”. - “[...] qua=
ndo as
coisas começaram a fechar o comércio começou a fechar, a gente sentiu”. - “Eu não pa=
rei
porque eu sou muito resistente e sinceramente 8 meses em casa com tudo no
showroom numa das salas eu ainda assim vendi tudo”. - “E nós (ti=
vemos
que) mudar o modelo de negócios neste período [...] com relação a todas as
áreas econômico, social e ambiental”. Os relatos s=
obre
diversificação de novas ferramentas e canais, presença no mundo digital e
desenvolvimento de habilidades para administrar pages, perfis, plataformas
virtuais entre outros, foram os mais recorrentes desafios relatados para a
manutenção das ações dos seus NIS no período pandêmico. Relatou-se
investimentos em suporte técnico e operacional em equipamentos para
transmissões mais seguras e estáveis para o público-alvo, ações em redes
sociais, lives, encontros virtu=
ais e
outros. A capacitaçã=
o em
plataformas digitais, mídias digitais e redes sociais é essencial para o
sucesso dos empreendedores, de modo geral, em um mundo cada vez mais conect=
ado.
Com o crescente uso de tecnologias digitais para marketing, comércio e vend=
as,
a falta de habilidades nessa área pode deixar um empreendedor social em
desvantagem. Nesse aspecto, o processo pandêmico induziu esse desenvolvimen=
to
de competência ao empreendedor(a). Além disso, a capacitação em plataformas
digitais e mídias sociais pode ajudar os(as) empreendedores(as) a alcançar =
um
público maior e mais engajado. Por intermédio do uso estratégico de platafo=
rmas
digitais e redes sociais, por exemplo, os empreendedores(as) sociais podem
melhorar sua presença on-line, construir relacionamentos com clientes em
potencial e aumentar suas chances de sucesso no mercado digital. A pandemia e=
xigiu a
reinvenção dos(as) empreendedores(as) sociais e de empreendedores de modo
geral. Embora o período tenha sido de dificuldades e incertezas, o fato de o
mundo inteiro enfrentar uma situação semelhante contribuiu para o
fortalecimento das relações comerciais digitais e para o impulsionamento de
perfis de negócios, empreendimentos e iniciativas na internet. Essa
circunstância gerou novas habilidades, mercados e desafios, segundo alguns
relatos dos(as) empreendedores(as) sociais. Destaca-se a
qualidade resiliente dos(as) empreendedores(as) sociais, por passarem por um
período de crise global com visíveis impactos locais, desemprego, queda do
poder de consumo das famílias, fechamento e falências de postos de trabalho=
e
empresas. Os(as) entrevistados(as) destacaram em trechos relevantes algumas
soluções adotadas para a manutenção de suas atividades ao decorrer do perío=
do
mais crítico da pandemia: - “começou a
melhorar no mundo digital, as maiores contrações que a gente conseguiu foi
através da web”. - “Ampliação=
de
possibilidades para o atendimento de clientes externos”. - “tem seis
episódios de Podcast engatilhados, a gente já tem um site já desenhadinho, já produzido também [...]”. - “O ciclo t=
urismo
teve um boom, pós-pandemia. Inclusive potencializar esse tipo de turismo,
muitas das pessoas que viajavam para fora com intuito de buscar ecoturismo,
passaram a optar por experiências no Brasil”. - “A pandemi=
a meio
que beneficiou a gente, esses programas de aceleração um deles era presenci=
al e
aí como mudou a gente conseguiu acessar de maneira online”: oportunidade ge=
rada
com o meio virtual”. - “as
vendas por outro lado cresceu (sic) no online, né no virtual”. - “aumentamo=
s o
engajamento nas mídias sociais, sempre estávamos levando conteúdo sobre
educação ambiental para as pessoas por intermédio do NIS, nossos perfis nas
redes sociais, plataformas e etc”. Diversas for=
am as
soluções adotadas pelos(as) empreendedores(as) sociais no período mais agud=
o da
pandemia para manterem seus NIS e transferirem suas ações do campo presenci=
al
para o virtual. Alguns empreendedores(as) relataram a ampliação da carteira=
de
clientes e contratos com processos online. Outro ponto destacável foi a
alavancagem de vendas e-commerce, a
transição para o virtual exigiu dos(as) empreendedores(as) a adoção de prát=
icas
e habilidades para adequação de seus comércios. De acordo co=
m o
relatório COVID-19 Commerce Insight, da Salesforce: [...] o
e-commerce cresceu rapidamente como resultado direto da pandemia global. O
comércio eletrônico tem sido um dos poucos setores da economia a prosperar
durante a crise, à medida que os consumidores mudam suas compras para canais
digitais para evitar interações pessoais e de lojas físicas" (Salesforce, 2021 p.19). A
presença no mundo virtual é essencial para os empreendedores(as). A pandemia
acelerou o aumento das compras virtuais, com aumento significativo nas vend=
as
de comércio eletrônico em todo o mundo. Ter uma presença online não se trata
apenas de ter um site ou perfil em uma rede social, mas também de criar uma
estratégia de marketing digital eficaz. Segundo a pesquisa da Salesforce (2021), 81% dos consumidores iniciam o pro=
cesso
de compra com pesquisas online, isso destaca a importância de os empreended=
ores
investirem em otimização de mecanismos de busca (SEO), marketing, publicida=
de
online e outras estratégias de marketing digital para garantir que seus
serviços e produtos sejam encontrados facilmente pelos clientes em potencia=
l. 5. CONCLU=
SÃO O objetivo d=
este
estudo foi caracterizar os NIS atuantes no Sul da Bahia e os desafios
enfrentados por seus empreendedores a partir de suas próprias narrativas.
Considerando os altos índices de pobreza e baixo Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) nessa região, de acordo com dados do IBGE (2020), a promoção e
consolidação dos NIS emerge como alternativa para mitigar esses índices, da=
da a
natureza inovadora desses negócios e as soluções socioambientais que podem
oferecer, conforme revisão da literatura realizada. O referencial teórico da
pesquisa baseou-se em análises de negócios de impacto, de acordo com autores
como Yunus (2010), Pipe Social (2019), Barki (2015) e Dannario et al. (2019). Além disso,
estabeleceu-se contrapontos com autores como Chu (2007), que defende a
distribuição de dividendos e lucros aos investidores dos NIS como forma de
atrair capital para esses negócios. Observou-se,=
a
partir das narrativas dos empreendedores sociais, que a grande maioria inic=
iou
seus negócios por necessidade, sem planejamento estratégico, estudo de merc=
ado,
diagnóstico de viabilidade, elaboração de canvas ou
apoio técnico. A ausência desses elementos se justifica pela urgência na
geração de trabalho e renda. Também foi identificada carência de qualificaç=
ão e
capacitação específica para gestão de negócios, gestão financeira e de
marketing. Muitos empreendedores sociais são MEIs e
desempenham múltiplas funções, não tendo recursos para contratar profission=
ais
especializados em áreas como gestão financeira, análise de mercado, entre
outras. No entanto, =
esses
empreendedores se tornaram estudiosos dedicados de seus negócios, investind=
o em
capacitação, qualificação e treinamento para aprimorar seus conhecimentos e
habilidades. Destaca-se que muitos aprofundaram seus conhecimentos durante o
período pandêmico. Com base nas
narrativas, foram listados alguns dos principais desafios comuns enfrentados
pelos empreendedores sociais: elaboração e consolidação de um plano de negó=
cios
estratégico, incluindo diagnóstico de mercado e análise de viabilidade;
capacitação em gestão financeira, marketing e tráfego digital, além do uso =
de
ferramentas de gestão; desenvolvimento de habilidades para precificação de
produtos intangíveis e serviços; acesso à internet e desenvolvimento de
expertise para elaboração de propostas de investimento e captação de recurs=
os à
fundos de órgãos de fomento. Destaca-se os
resultados satisfatórios evidenciados no desempenho dos negócios de impacto
ambiental, que foram evidenciados por Mano, Santos e Estival (2024).
Ressalta-se que o empreendedorismo, mesmo o social, não é por si só a soluç=
ão
para os problemas sociais decorrentes do sistema capitalista, que tende a
acumular riqueza e aprofundar a pobreza. Os negócios de impacto social e os
empreendedores sociais são atores estratégicos e vitais alinhados com os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dos quais o Brasil é
signatário. Portanto, são peças fundamentais que necessitam de estímulo,
incentivo e apoio para cumprir suas finalidades. Como sugestõ=
es para
estudos futuros, destaca-se a ampliação regional e aprofundamento da
caracterização do perfil dos empreendedores sociais para todo o estado da
Bahia, visando orientar a adoção de políticas públicas de forma assertiva. =
Além
disso, fomentar o debate sobre a criação de lei específica para os negócios=
de
impacto, pois por intermédio de uma legislação específica é possível
visibilizar esses negócios e criar fundos de incentivo e investimentos. Nes=
te
sentido, destaca-se a importância da consolidação do Sistema Nacional de
Investimentos e Negócios de Impacto e institui a qualificação das Sociedade=
s de
Benefício (Simpacto), projeto de lei (Projeto d=
e Lei
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