Energia Fotovoltaica = na Agricultura Familiar: Difusão, Desafios e Potenciais na Campanha Gaúcha Meridional

Photovoltaic Energy in Family Farming: Diffusion, Challenges and Potentials in the South= ern Gaúcha Campanha Region

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Shirley G. da Silva Nascimen= to https://orcid.org/0009-0007-227= 8-8651	Doutora em Agronomia pelo Progr= ama de Pós- Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar, - Brasil. shirleynascimento@unipampa.edu.br
Maeli Simas dos Santos https://orcid.org/0000-0001-85= 56-4216	Tecnóloga em Agronegócio, UNIPA= MPA - Brasil. maeli.simas@unipampa.edu.br
Daniel Han= ke https://orcid.org/0000-0001-954= 6-8527 =	Doutor em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)- Brasil <= /span>dan= ielhanke@unipampa.edu.br
Mariana Ro= ckenbach de Ávila https://orcid.org/0000-0001-627= 8-7513	Doutora em Zootecnia pela Unive= rsidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)- Brasil. mariana.avila@colaborador.embrapa.br

RESUMO

O estudo concentra-se na energia fotovoltaica integrada às proprieda= des rurais familiares, justificando-se pelos benefícios de estabilização dos cu= stos de energia e de baixo impacto ambiental, uma vez que é considerada uma tecnologia sustentável que proporciona autonomia ao agricultor familiar. Com isso, definiu-se como objetivo geral investigar a difusão e os mecanismos de acesso à Energia Fotovoltaica pela Agricultura Familiar na Região Campanha Gaúcha Meridional. Assim, a finalidade é compreender as limitações e o potencial dessa forma de energia para o desenvolvimento dessa categoria soc= ial no meio rural. Os dados da pesquisa foram fornecidos pela Empresa “Portal do Sol” referentes à distribuição da Energia Fotovoltaica em pequenos e grandes estabelecimentos agrícolas da referida região e analisados por meio de estatísticas descritivas e multivariadas. Os resultados mostram que o meio rural tem avançado na adesão de sistemas de energia solar fotovoltaica mesmo que em um número pequeno de propriedades. Contudo, as propriedades familiar= es ainda estão longe do ideal, o que pode ser explicado pelas limitações de instalação dos sistemas, como valor de investimento alto e ainda o impacto = do índice de desenvolvimento de cada município. Por fim, estudos como este necessitam evoluir para promover cada vez mais a implementação de práticas sustentáveis, trazendo benefícios para a sociedade como um todo.=

Palavras-chave: sustentabilidade; energia renovável; des= envolvimento sustentável; energização rural.

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ABSTRACT

This study focuses on photov= oltaic energy integrated into family-owned rural properties, justified by the bene= fits of stabilizing energy costs and its low environmental impact, as it is considered a sustainable technology that brings autonomy to the family farm= er. Therefore, the general objective is to investigate the diffusion and access mechanisms= of photovoltaic energy in family farming in the Southern = Gaúcha Campanha Region. The purpose is to understand t= he limitations and potential of this form of energy for the development of this social category in rural areas. The research data were provided by the comp= any "Portal do Sol" and relate to the distribution of photovoltaic en= ergy in both small and large agricultural establishments in the aforementioned region, analyzed through descriptive and multivariate statistics. Data anal= ysis reveals that rural areas have made progress in adopting photovoltaic solar energy systems, even in a small number of properties. However, family-owned farms remain far from the ideal level of adoption, largely due to installat= ion limitations such as high investment costs and the influence of each municipality's development index. Finally, studies of this nature must cont= inue to advance to further promote the adoption of sustainable practices, delive= ring broader benefits to society as a whole.

Keywords: sustainability; renewable energy; sustainable development; rural energization.

Recebido em 06/06/2024. Aprovado em 04/10/2= 024. Avaliado pelo sistema double blind peer review. Publicado conforme normas da ABNT.

https://doi.org/10.= 22279/navus.v14.1937 <= o:p>

1 INTRODUÇÃO

A energia é = um insumo importante para o fornecimento de serviços e necessidades humanas básicas, como o preparo de alimentos, abastecimento de água, iluminação, serviços de saúde, bem como comunicação e educação (Ku= o et al., 2012; Cossu et al., 2014). Adicionalmente, = se caracteriza como um elemento essencial para o aumento da produção rural e p= ara garantia das condições de segurança alimentar (Góes et al., 2018), por meio das operações de preparo do solo, fertilização, irrigação, processamento, conservação e transporte.

O esgotament= o das fontes de energia fóssil para os próximos 40 ou 50 anos, destaca a urgência= de procurar outras fontes alternativas de energia (Castel= lanelli, 2015). Além disso, é fundamental destacar o impacto da queima de combustíve= is fósseis no agravamento do aquecimento global e nas mudanças climáticas que estão ocorrendo no planeta (Buckeridge et al., 2008; Kadowaki et al., 2012; Tayra; Reis, 2020). Entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o objetivo número sete aborda, justamente, a 'Energia acessível e limpa'.

A redução de poluentes e a disponibilidade de energia localizada, que muitas vezes é mais econômica, constituem as principais vantagens de se comprometer com investimentos em energias renováveis em regiões específicas (Yano et al., 2010; Brunemann et al., 2013; Ureña-Sánchez et al., 2013; Cho et al., 2020). Farias e Sellito (2011) enfatizam que a energia pode ser compa= rada a uma balança, onde em um dos lados encontra-se o consumo e no outro a produç= ão. Em relação à crescente preocupação com o futuro ambiental e a sustentabilidade= do planeta, inúmeras pesquisas têm se voltado para a utilização de fontes renováveis de energia (FAO, 2000). Nesse contexto, o aproveitamento do potencial solar está entre as diversas alternativas para a geração da energ= ia (REN21, 2015; Silva et al.; 201= 9).

A região do = Pampa Gaúcho é privilegiada quanto à radiação solar, especialmente no verão. Inclusive, nas demais estações do ano, segue existindo luz solar suficiente para produzir muita energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos. Dad= os revelam que, anualmente, a irradiação média varia entre 1200 e 2400 KWh/m2/ano. Comparando-se com a Alemanha, por exemplo, nota-se uma diferença, já que ne= sse país a variabilidade é de aproximandamente 900 = a 1250 KWh/m²/ano (Oliveira et = al., 2019). Tais informações corroboram= com Goldemberg e Lucon (2007), que afirmam que o Br= asil apresenta condições bastante favoráveis sobre a utilização de energias renováveis quando comparado ao resto do mundo. Conforme o Relatório da Agên= cia Internacional de Energia (2003), 41,3% de toda energia brasileira consumida= no ano de 2003 procedia de fontes renováveis contra 14,4% da média mundial.

Em relação à agricultura, diversos autores propuseram combinar a produção de energia a partir da energia solar (Goetzberger; Zastrow, 1982), e estudos recentes têm demonstrado interesse na implementação da energia solar no setor agrícola (Borges-Neto = et al., 2010; Perez-Alonso et al., 2012; Brudermann et al., 2013; Marrou et al., 2013a, Marrou et al., 2013b; Dinesh; Pearce, 2016). No entanto, esse interesse cresce lentamente, devido a barre= iras econômicas, além do ceticismo generalizado em relação às novas tecnologias = (Reuss et al., 1990; Jager, 2006. Estudos conduzidos na Europa= (Goetzberger; Zastrow, 198= 2) relatam que suas principais barreiras residem na política e na legislação (Rojas; Tubio, 2015). No que tange ao potencial econômico, diversos estudos foram realizados com o objetivo de demonstrar a viabilidade energética e financeira do uso de sistemas fotovoltaicos, como = os de Borges, Gomes e Sanches (2019).

Enfocando-se= na parte operacional, o sistema fotovoltaico se divide em duas formas de geraç= ão e consumo: “on-grid” e “off-grid= ”. No primeiro método, a energia gerada que não foi consumida, passa por um wattímetro bidirecional que lança o excedente nas linhas de transmissão ocasionando equivalente a uma diminuição de energia. No segundo método, “off-grid”, a energia é armazenada em baterias de corrente contínua, convertida em corr= ente alternada e então podendo ser consumida. Já no sistema “on-grid” não há necessidade de uso de baterias, já que “[...] toda a potência gerada pelo sistema fotovoltaico é consumida pelas cargas ou são injetadas diretam= ente na rede elétrica” (Bortoloto et al., p. 3, 2017). O sistema “off-grid” para a geração= de energia é conhecido por não se conectar à rede elétrica. Este sistema é mui= to usado em meios rurais, fazendas e regiões sem acesso à rede elétrica.

O Rio Grande= do Sul é o terceiro Estado com maior número de unidades de produção fotovoltaicas conectadas à rede elétrica, ficando atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo (IPEA, 2018). Tendo em vista o potencial que o uso dessa forma de energia p= ode apresentar sobre o Desenvolvimento Rural, com especial foco nos pequenos estabelecimentos agrícolas familiares da Campanha Gaúcha meridional e com o intuito de compreender as limitações e potenciais para o desenvolvimento de= ssa categoria social no meio rural, objetivou-se investigar a difusão e os mecanismos de acesso à Energia Fotovoltaica pela Agricultura Familiar da Re= gião Campanha Gaúcha Meridional.

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2 MATERIAL E MÉ= TODOS

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O Universo do estudo é constituído por agricultores – envolvendo a categoria de produção familiar, locados na Regi= ão Fisiográfica da Campanha Gaúcha Meridional.

Sob condiçõe= s de clima temperado, nessa região, predominam os Ecossistemas Campestres do Bio= ma Pampa (Overbeck et al., 2023), com temperatura média de 18°C e com fisiografia constituída basicamente de relevo plano – suave ondulado. A Figura 01 ilustra a região = da Campanha, exibida no mapa como macrorregião sudoeste do estado do Rio Grand= e do Sul.

Figura 01 – Mapa das macrorregiões do es= tado do Rio Grande do Sul, sul do Brasil, de Raphael Lorenz= eto de Abreu, versão em português.

= Fonte: Mapa do Rio Grande do Sul, Brasil. Publicado em 10 de fevereiro de 2011. Fo= nte: Trabalho próprio com base no mapa das macrorregiões do Rio Grande do Sul por Raphael Lorenzeto de Abreu, publicado por Wikivoyage.

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Os dados ref= erentes à realidade do estudo foram fornecidos pela Empresa “Portal do Sol” – empre= sa vinculada ao Banco ODV, uma instituição financeira pioneira em financiament= o e estímulo a projetos solares fotovoltaicos voltados ao meio rural gaúcho. A “Portal do Sol” já realizou mais de treze mil atendimentos no país, envolve= ndo estabelecimentos rurais, comerciais e residenciais e possui mais de três mil projetos fotovoltaicos realizados no Estado gaúcho, com aproximadamente 82,8 MWP de capacidade já instalada.

As informaçõ= es apresentadas referem-se à distribuição da energia fotovoltaica em estabelecimentos agrícolas de pequeno e grande porte na região da Campanha Gaúcha meridional (para fins de comparação), onde avaliou-se o sistema de geração e distribuição de energia (sistema “on<= /span>-grid” e o sistema “off-grid”). Avaliou-se no total 270 propriedades rurais= . As questões que nortearam este estudo foram a percepção dos entrevistados acer= ca dos aspectos que influenciam a adoção de projetos fotovoltaicos no meio rur= al, apresentadas na forma de uma amostra de palavras coletadas através de questionário aplicado pela Empresa ao público-alvo. De forma paralela, também foram coletad= os os números (totais e familiares) de unidades de produção agropecuária nos municípios avaliados (IBGE, 2018; SEBRAE, 2020), utilizados para fins de correlação com os dados cedidos pela empresa.

Os dados for= am tabulados, sistematizados e posteriormente analisados a partir dos seguintes procedimentos: i) parâmetros estatísticos descritivos (média e desvio padrã= o); ii) perfil de distribuição dos sistema fotovoltaicos = por mesorregião/município/categoria produtiva (frequência); iii) análise multivaria= da exploratória por Componentes Principais (ACP), ferramenta importante para análise exploratória de dados (Josse et al., 2009), considerando-se uma matriz de correlação como medida de semelhança para a estruturação do padrão de dispersão dos dados e; iv) análise de frequência, utilizando um software aplicativo para a construção da “nuvem de palavras” (Vilela et al., 2020), aplicada à percepçã= o dos aspectos que influenciam a adoção de projetos fotovoltaicos no meio rural da região.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Os resultados referentes ao número total de unidades agropecuárias com Energia Solar Fotovoltaica nos municípios analisados; estratificação da Energia Solar ent= re a Unidades fotovoltaicas (AF) e outras unidades de produção; número de unidad= es fotovoltaicas “on-grid” (conectado à rede da concessionária) e “o= ff-grid” (sistema não conectado à rede, com uso de baterias para armazenamento de energia); e informações dos municípios são apresentados na Tabela 1.

Tabela 01 - Informações sobre Unidades fotovoltaicas em estabelecimentos rurais familiares e totais, número de estabelecimentos rurais e propriedades familiares, quantidade de sistemas “on-grid” e “off-grid” instalados em estabelecimentos rurais e propriedades familiares e IDH dos municípios da Campanha Gaúcha Meridional analisados.

Município	Unidades fotovol= táica s (T)	estratificação da Energia Solar entre a AF (AF)<= /span>	OG - Total	IG - Total	OG - AF<= /span>	IG - AF	UP AF	Estabeleci mentos rurais	AF com EF (%)	IDH M
Bagé<= /span>	78	6=	54	24	6	0=	766	1127	0,8	0,740
Dom Pedrito=	37	4=	23	14	3	1=	471	1121	0,8	0,708
Sant`Ana do Livr= amento	41	11	30	11	9	2=	168 9	2965	0,7	0,727
Candiota	19	3=	11	8	3	0=	298	560	1,0	0,698
Rosário do Sul	24	6=	13	11	5	1=	983	1632	0,6	0,769
Lavras do Sul	17	3=	11	6	3	0=	498	865	0,6	0,699
Caçapava do Sul<= o:p>	21	8=	14	7	7	1=	147	2653	0,5	0,768

Aceguá	33	13	25	8	11	2=	501	806	2,6	0,687
Total=	270	54	181	89	47	7=	668 5	11729	-	-
Média=	34	7=	23	11	6=	1=	836	1466	1,0	0,725
Desvio Padrão	20	4=	15	6	3=	1=	509	889	0,7	0,032

Fonte:<= /span> Dados da pesquisa (2024). *Obs: Unidades fotovoltaicas (T) =3D número de estabelecimentos agropecuários totais, nos municípios analisados, com energ= ia solar fotovoltaica; Unidades fotovoltaicas (AF) =3D número de propriedades familiares (até 4 módulos rurais), nos municípios analisados, com energia s= olar fotovoltaica; OG – Total =3D número de estabelecimentos agropecuários totai= s com energia solar fotovoltaica no sistema “off-grid” (sem conexão com a = rede elétrica das concessionárias e com uso de baterias para o armazenamento de energia); IG - Total =3D número de estabelecimentos agropecuários totais com energia solar fotovoltaica no sistema “on-grid” (com conexão à rede elétrica das concessionárias e sem uso de baterias para o armazenamento de energia); OG – AF =3D número de propriedades familiares (até 4 módulos fisc= ais) com energia solar fotovoltaica no sistema “off-grid” (sem conexão co= m a rede elétrica das concessionárias e com uso de baterias para o armazenament= o de energia); IG - AF =3D número de propriedades familiares (até 4 módulos fisc= ais) com energia solar fotovoltaica no sistema “on- grid” (com conexão co= m a rede elétrica das concessionárias e sem uso de baterias para o armazenament= o de energia); UPAF =3D número de propriedades agrícolas familiares nos municípi= os do estudo, com base nos dados do SEBR= AE (2020) e IBGE (2018); Estabelecimentos rurais =3D número total de estabelecimentos agropecuários, com base nos dados do SEBRAE (2020) e IBGE (2018); AF com EF (%) =3D percentual de propriedades agrícolas familiares c= om energia solar fotovoltaica; IDHM =3D índice de desenvolvimento humano munic= ipal; Total =3D soma dos municípios; Média =3D média aritmética dos dados e; Desv= io padrão =3D desvio padrão (±) das variáveis utilizadas.

Com base nos= dados apresentados na Tabela 01, observa-se que dos 11.729 estabelecimentos rurais nos municípios analisados, apenas 270 possuem energia solar fotovoltaica instalada, dos quais 181 são sistemas 'off-grid' (com bateria) e 89 são 'on-grid' (conectados à rede). Além disso, apenas uma pequena fração das propriedades rurais da região possui acesso a esse tipo = de fonte de energia (cerca de 2,3%). Já na agricultura familiar, que ocupa em média 57% dos estabelecimentos rurais na região do estudo, a proporção é ai= nda menor: das 668 propriedades agrícolas familiares, apenas 54 utilizam essa f= orma de energia (aproximadamente 0,8% do total). Também se evidencia que, dessas= 54 propriedades, 47 utilizam o sistema 'off-grid' e 7 o sistema 'on-grid'. Assim, o sistema 'off-grid' é o mais difund= ido entre os estabelecimentos rurais da região (Tabela 1).

O procedimen= to do sistema “on-grid” funciona em fun= ção de sua conexão à rede de transmissão. Esse sistema permite que a energia produ= zida em excesso, que não for consumida pela residência, seja injetada na rede elétrica e convertida em créditos de energia para a mesma residência. Por o= utro lado, o sistema “off- grid” é autônomo (Cordeiro; Couceiro, 2024) e necessita de baterias para armazenar a energia que é gerada pelas placas fotovoltaicas. Entretanto, esse sistema demanda um investimento maior para produzir a mesma quantidade de kWh consumida por uma residência, compa= rado à energia fornecida pelas concessionárias tradicional.

No sistema “= on-grid”, o consumidor produz a sua pró= pria energia e gera crédito na concessionária local, o que permite uma redução m= édia de 95% na conta de energia. Por outro lado, o sistema “off-grid” é u= sado em locais remotos, onde não há rede de distribuição de energia elétrica, ou como alternativa às emissões de poluentes geradas pela combustão (Boso; Gabriel; Filho, 2015).

É fundamental utilizar determinados componentes em conjunto para que um sistema fotovolta= ico seja capaz de proporcionar autonomia energética aos consumidores, garantind= o o armazenamento e a distribuição da energia elétrica gerada. Nesse sentido, as placas solares, controladores de carga, baterias e inversores - que provoca= m a transformação da corrente contínua em alternada - são os componentes que fo= rmam o ciclo de geração de energia em um sistema isolado. O armazenamento de ene= rgia é de extrema importância no aproveitamento de energia solar nos sistemas isolados. Uma vez que a geração e o consumo de energia não estão sempre alinhados, é necessário armazená-la, especialmente em situações em que não = há sol, pois a autonomia do sistema não pode ser comprometida por essas circunstâncias (Ribeiro, 2020).

Conforme Bortoloto et = al. (2017), este sistema é usufruído em áreas rurais, fazendas e regiões que não tem acesso à rede elétrica. O sistema “off grid” já alcança as residências e está recebendo espaço em cidades grandes, como em casas de condomínios que almejam manter um consumo específico (= Villalva, 2012). Utilizados para propósitos específicos e locais, como o bombeamento = de água, eletrificação de cercas e postes de luz, os sistemas de baixo porte contém capacidade energética que varia entre 1,5 kW.p -1 e 20 kW.p -= 1 e o sistemas de grande porte, de 20 kW.p -1 a 1 MW.p -1. Demandas de cargas que tenham muita potência= , como é o caso de motores, bomba d’água e máquinas agrícolas, exigem um sistema “= off grid” também muito potente. Um diferencial é que esse modelo de sistema possui uma potência alta e costuma ter um preço bem elevado do ponto de vis= ta financeiro.

Após a aplic= ação da Análise de Componentes Principais (ACP) nos dados obtidos, pôde-se verificar padrões nítidos entre variáveis (Total de Unidades fotovoltaicas agropecuár= ias; Unidades fotovoltaicas na agricultura familiar; número de sistemas “off-= grid” e “on-grid” total e no contexto da Agricultura Familiar e o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM –= que foi utilizado para fins de correlação) e unidades amostrais (municípios da região analisados). O diagrama (gráfico de dispersão das amostras e variáve= is) por componentes principais, apresentado na Figura 02 , descreveu mais de 83= % da variância total dos dados, sendo 44,8% retida no eixo “x” (Componente Princ= ipal 1) e 37,4 % retida no eixo “y” (ambos os eixos significativos, com p < 0= ,05, ao teste de “reamostragem = bootstrap”, realizado com dez mil interações com reposição).

Figura 02 - Diagrama de ordenação por Componentes Principais envolvendo variáveis relacionadas à Energia Solar Fotovoltaica em estabelecimentos rurais e propriedades agrícolas familiares= nos municípios da Região da Campanha Gaúcha Meridional.

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(Unidades fotovoltaicas (T) =3D número de estabelecimentos agropecuários totais, nos municípios analisados, com energia solar fotovoltaica; Unidades fotovoltaicas (AF) =3D número de propriedades familiares (até 4 módulos rur= ais), nos municípios analisados, com energia solar fotovoltaica; OG – Total =3D n= úmero de estabelecimentos agropecuários totais com energia solar fotovoltaica no sistema “off-grid” (sem conexão com a rede elétrica das concessionárias e c= om uso de baterias para o armazenamento de energia); IG - Total =3D número de estabelecimentos agropecuários totais com energia solar fotovoltaica no sis= tema “on-grid” (com conexão à rede elétrica das concessionárias e sem uso de baterias para o armazenamento de energia); OG – AF =3D número de propriedad= es familiares (até 4 módulos fiscais) com energia solar fotovoltaica no sistema “off-grid” (sem conexão com a rede elétrica das concessionárias e com uso de baterias para o armazenamento de energia); IG - AF =3D número de propriedad= es familiares (até 4 módulos fiscais) com energia solar fotovoltaica no sistem= a “on-grid” (com conexão com a rede elétrica das concessionárias e sem uso de baterias = para o armazenamento de energia e; IDHM =3D índice de desenvolvimento humano municipal).

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Em relação às unidades amostrais (municípios da região) observou-se que há um nítido gradiente, estando os municípios de Candiota e Lavras do Sul com menor capacidade de adoção dessa tecnologia em Estabelecimentos Rurais (total e familiares), seguido por Dom Pedrito, Rosário do Sul e Caçapava do Sul (capacidade intermediária de adoç= ão) e, por último, Aceguá, Bagé e Sant’Ana do Livramento (maior adoção dessa ma= triz energética). Ou seja, na região da Campanha Gaúcha Meridional há uma diferenciação no que tange à consolidação da Energia Solar Fotovoltaica no = meio rural e, sobretudo, no contexto da Agricultura Familiar. A ACP revelou que = há um certo nível de correlação com o IDH dos municípios, o que sugere que atributos/parâmetros econômicos e de desenvolvimento podem ser limitantes no processo de implementação da Energia Solar Fotovoltaica no desenvolvimento rural da Campanha Gaúcha Meridional. O IDH foi concebido com o claro propósito de caracterizar o nível de desenvolvime= nto de forma mais abrangente do que o indicador que considera simplesmente a re= nda, expressa pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita (Norberto et al., 2021). Os resultados acerca do índice IDHm exib= idos na Tabela 1 nos permite evidenciar que o principal entrave da população em investir em energia solar está relacionada principalmente ao fator econômic= o, que dificulta diretamente a adoção dessa tecnologia sustentável, apesar de seus benefícios a longo prazo. <= span lang=3DPT style=3D'mso-ansi-language:PT'>

Na realidade do campo, quando se trata do co= ntexto da agricultura familiar, a energia solar se apresenta como uma maneira suficiente para diminuir os problemas que estão ligados à questão agrária (Nunes, 2007). Em outra expressão, a produção fotovoltaica caracteriza resp= osta para as crises de geração e gestão de energia elétrica no meio rural, visto que, a energia solar é livre e pode ser instalada por qualquer particular c= om o intuito de utilizar para promover o desenvolvimento no campo, apesar da existência das redes das concessionárias da energia e de licenciamento ambiental (Jordão et al.; 2020)= .

Para que a tríade de indicadores da sustentabilidade (social, ambiental e econômico) se tone uma realidade no m= eio rural, os agricultores necessitam obter conhecimento destsobre essas prátic= as, uma que as atividades desenvolvidas no campo influenciam diretamente o meio ambiente. Os sistemas de energia solar fotovoltaica é uma das tecnologias renováveis que tem ganhado apoio para uso no país, especialment= e na agricultura (Santos; Cândido, 2013).

Introduzir a utilização de energias sustentá= veis na zona rural tornou-se uma forma reduzir gastos e, ao mesmo tempo, ser men= os prejudicial ao meio ambiente. O fornecimento de energia renovável por meio = de placas solares em zonas rurais, que são distantes e remotas, está aumentando cada vez mais, resultando em uma solução eficiente para vários agricultores= . Para aumentar a acessibilidade dos consumidores ao sistema de energia solar, os agricultores rurais podem se beneficiar da redução no custo dos sistemas fo= tovoltaicos. Ou seja, o custo desta tecnologia está em contínua queda para atender a dem= anda das necessidades do pequeno agricultor.

Esse resultado é suportado pela análise de frequência de palavras (nuvem de palavras – análise textual de discurso), apresentada na Figura 03. Observa-se que condições como o “preço” e “custo”= da implementação da Energia Solar Fotovoltaica aparecem como palavras frequentemente utilizadas para explicar as dificuldades, por parte da popul= ação rural entrevistada, para a implementação dessa forma de matriz de produção energética. Essas questões, relacionadas ao custo de implementação da tecnologia, são seguidas por palavras que descrevem percepções do público s= obre as condições climáticas (“nublado, chuva, chuvoso, estações do ano”, entre outras) (dados cedidos pela Empresa: Caminhos Solares – Banco DJW). =

Figura 03 - Análise de frequência por estruturação de nuvem de palavras, envolvendo os principais termos usados p= ara representar a percepção dos entrevistados sobre as limitações impostas à ad= oção da Energia Solar Fotovoltaica.=

Mesmo que tais fatores ainda dific= ultem a larga implementação das placas fotovoltaicas, é salutar destacar que, segun= do Luiz e Silva (2017), este é um mercado próspero, que tem crescido constantemente, essencialmente nos países desenvolvidos. Segundo Silva (201= 9, p. 2)e Lana e seus colaboradores (2015), existem dois principais fatores que elevam a busca pela diversificação da matriz energética no Brasil, sendo o primeiro =

[...] devido às recentes cris= es de abastecimento das hidrelétricas por causa da diminuição das chuvas, principalmente no Estado de São Paulo, o que levou a redução da energia ger= ada por esse sistema. Este fato ocasionou a necessidade da utilização de termelétricas, aumentando dessa forma, significativamente, o preço da energ= ia.

4 CONSIDERAÇÕES= FINAIS

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Através da realização deste estudo, pôde-se investigar a difusão e os sistemas de aces= so à Energia Fotovoltaica pela Agricultura Familiar da Região Campanha Gaúcha Meridional. Os resultados apontaram um importante avanço na utilização de sistemas fotovoltaicos, principalmente quando se trata da agricultura famil= iar, embora esse avanço ainda não alcance os níveis desejados, já que se constat= ou que um número muito pequeno do total de propriedades pesquisadas possui um sistema de energia fotovoltaica. Contudo, a existência de propriedades com interesse neste tipo de energia é um ponto importante a ser ressaltado, poi= s, embora o investimento inicial seja consideravelmente alto, os benefícios pa= ra as propriedades são substanciais.

A energia proveniente dos sistemas fotovoltaicos em suma está relacionada aos sistemas “off-grid”, que são independentes e não conectados à rede de energia elétri= ca convencional. Este sistema, dentro das unidades familiares, têm diferentes finalidades, principalmente para o funcionamento de bombas de água de poços artesianos ou açudes.

O sistema “o= ff-grid”, mesmo sendo o que possui maior difusão na área urbana e tenha ganhado força= na zona rural, apresenta benefícios e também limitações, principalmente ao que= se refere ao montante de valor monetário investido para sua instalação. Esse sistema possui potência de energia elétrica elevada, o que exige um maior g= rau de aparatos, resultando em um custo agregado mais alto. Contudo, para as atividades rurais que exigem um montante de energia mais elevado, ele ainda= é o sistema que mais se adapta a este tipo de demanda.

Através da a= nálise dos dados captados durante este estudo, observou-se algumas limitações acer= ca da utilização da energia fotovoltaica que vão além do valor de investimento consideravelmente alto. O IDH sintetiza três índices: o de educação, o de saúde e o de renda (Salazar et al., 2014). Nesse sentido, pode-se observar que a adesão aos sistemas de energia fotovoltaica ainda é incipien= te e sem um padrão ou protocolo nos municípios estudados, característica que pode ser explicada pelo grau de desenvolvimento de cada município estudado, pois através observou- se uma relação entre o nível do IDH com a implantação de sistemas fotovoltaicos nos municípios estudados.

Este fato re= vela que os parâmetros econômicos e de desenvolvimento podem ser limitantes no proce= sso de implementação da Energia Solar Fotovoltaica no desenvolvimento rural da Campanha Gaúcha Meridional. Essa questão é uma sugestão para estudos futuro= s, uma vez que representa um dado essencial para o planejamento de intervenções que promovam o uso da energia fotovoltaica em propriedades rurais e na zona urbana. Este cenário destaca a utilidade da energia solar, evidenciando-a c= omo uma opção viável, com potencial para oferecer uma fonte energética inesgotá= vel e limpa, que pode ser gerada em localidades próprias.

Embora ainda requeira incentivos econômicos para se popularizar, o sistema fotovoltaico = já é amplamente utilizado. Mesmo assim, constata-se que essa energia estaria mui= to mais difundida se houvesse um suporte que permitisse que uma maior parte da população tivesse acesso a ela. Diante de todo o exposto ao longo dessa pesquisa, é relevante destacar que se pode investigar diversas característi= cas da energia solar fotovoltaica na região Campanha Gaúcha Meridional, contribuindo para que novos estudos possam fomentar ainda mais os sistemas = de energia solar renovável. Dessa forma, fica evidente que os benefícios se estendem não apenas aos beneficiários do sistema, mas também à sociedade em geral, pois, ainda que em pequena escala, contribui para reduzir a dependên= cia de fontes de energia não renováveis e, adicionalmente, contribui com a sustentabilidade do planeta.

REFERÊNCIAS

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