![](3D"Navus_v14_1899_arquivos/image001.gif")
An analysis of practices imp=
lemented
within the textile sector to reduce greenhouse gas emissions
|
El=
da
Rodrigues Steinhorst Kraetzig=
|
=
Mestre em Engenharia de
Produção. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Bras=
il. |
|
|
Lucas
Veiga Ávila |
Doutor
em Administração. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM=
) -
Brasil. |
|
|
Amanda
Lange Salvia<=
/span> |
Doutora
em Engenharia Civil e Ambiental. Universidade de Passo Fundo (UPF) - Bras=
il. |
|
|
Roberto Schoproni<=
/span>
Bichueti |
Doutor
em Administração. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
– Brasil. |
|
|
Marceli
Adriane Schvartz |
Mestre
em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Ma=
ria
(UFSM) – Brasil. |
RESUMO
As empresas do setor têxtil são
responsáveis por emitir quantidades significativas de gases de efeito
estufa, tornando fundamental que implementem medidas para reduzir seu impac=
to
no clima. Neste sentido, este estudo teve como objetivo geral analisar as p=
ráticas
adotadas por indústrias têxteis para mitigação d=
as
mudanças climáticas. Foram realizadas entrevistas com tr&ecir=
c;s
empresas do setor têxtil brasileiro, com respondentes de cargos de
direção e de áreas voltadas às questões =
de
sustentabilidade das empresas. A partir dos dados obtidos, foi possí=
vel observar
práticas para
mitigação das emissões de gases de efeito estufa adotadas em três eixos temáticos.=
No
eixo de mudanças climáticas observou-se: análise do ci=
clo
de vida dos produtos, cultura organizacional voltada à
mitigação das mudanças climáticas;
realização de relatório de emissões;
política interna de ações para mitigação=
das
mudanças climáticas; ações colaborativas e
parcerias, além de consideração das mudanças
climáticas nos investimentos. A respeito dos dados obtidos sobre o eixo de carbono zero, as
práticas mais adotadas foram de gestão de resíduos;
inventário de emissões e adoção de sistemas de
produção e equipamentos com eficiência energétic=
a. O eixo de perspectivas de descarbonizaç=
;ão
para 2050 revelou como práticas mais adotadas o uso de fontes de ene=
rgia
renováveis e a comunicação dos resultados de
sustentabilidade/mitigação das emissões.=
Palavras-chave: Mudanças climáticas. Emis=
sões
de carbono. Indústria t&ecir=
c;xtil.
Mitigação.
ABSTRACT
T=
extile
companies are responsible for emitting significant amounts of greenhouse ga=
ses,
making it essential for them to implement measures to reduce their climate
impact. This study aimed to analyze the practices adopted by textile indust=
ries
to mitigate climate change. Interviews were conducted with three Brazilian
textile companies, involving respondents in leadership positions and
sustainability-related areas. Based on the data collected, it was possible =
to
observe mitigation practices for greenhouse gas emissions across three them=
atic
areas. In the climate change axis, the following practices were observed:
product life cycle analysis, an organizational culture focused on climate
change mitigation, emission reporting, internal policies for climate change
mitigation actions, collaborative actions and partnerships, and the
consideration of climate change in investments decisions. Regarding the
zero-carbon axis, the most common practices included waste management,
emissions inventories, and the adoption of energy-efficient production syst=
ems
and equipment. For the decarbonization perspectives toward 2050 axis preval=
ent
practices included the use of renewable energy sources and communication of
sustainability and emission mitigation results.
Keywords: Climate change. Car= bon emissions. Textile industry. Mitigation.
Recebido
em 06/04/2024. Aprovado em 30=
/07/2024.
Avaliado pelo sistema double blind
https://doi.org/10.22279/navus.v14.1899
1
INTRODUÇÃO
Conforme Lev= i (2021), com a evolução tecnológica, o processo de compras mudo= u. Atualmente, é possível adquirir produtos e serviços com apenas alguns cliques, sem precisar sair de casa. Além disso, o consumidor tem a possibilidade de pesquisar a reputação da empresa antes de tomar a decisão de compra.
A indú= ;stria da moda, apesar de oferecer diversas vantagens, como a acessibilidade de recursos e oportunidades de colaboração, também causa = um impacto ambiental significativo. Relatórios de 2019 apontam que o se= tor da moda é responsável por 10% das emissões globais de carbono (Johnsen, 2019).
O setor t&ec= irc;xtil contribui significativamente para as emissões de gases de efeito est= ufa ao longo de seu ciclo de vida. Segundo Ștefan, Bosomoiu e Stefan (2022), o descarte de roupas e o uso intensivo de recursos na produção têxtil, juntamente co= m a liberação de produtos químicos tóxicos, aumentam essas emissões.
Hole e Hole = (2019) destacam que a reciclagem pode oferecer um caminho mais sustentável,= no entanto, atualmente a indústria enfrenta desafios significativos em termos de baixa sustentabilidade nas áreas de produção, consumo e reciclagem.
Hasanbeigi e Price (2015) enfatizam que o setor têxtil consome grandes quantidad= es de eletricidade, combustível e água, resultando em emissões correspondentes de gases de efeito estufa e na geração de efluentes contaminados. Além disso, Zamani et al.= (2015) apontam que a incineração de resíduos têxteis apresenta o maior potencial de aquecimento global e uso primário de energia, enquanto a reutilização de materiais e a separação de celulose do poliéster demonstram melhor desempenho na redução de emissões de gases de efeito estufa.
A import&aci= rc;ncia da adoção de práticas empresariais para mitigar as consequências dos gases de efeito estufa, e, por conseguinte, das mudanças climáticas, é enfatizada por Abbass et al. (2022), destacando a necessidade de um compromisso global para lidar com as graves implicações desse fenômeno e garant= ir a sustentabilidade da humanidade. A temática das mudanças climáticas tem recebido crescente atenção por parte da academia, do governo e, embora de forma = mais gradual, das empresas (Daddi et al. 2018= ; FGV, 2022).
A relação entre negócios, gestão e questões climáticas tem sido objeto de pesquisa (Canevari-Luzardo, 2019), com empresas cada vez mais conscientes de que ações voltadas para= às mudanças climáticas são cruciais para sua sobrevivência a longo prazo e para obter vantagem competitiva. Perlin et al. (2022) ressaltam = que as iniciativas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa estão alinhadas aos objetivos nacionais de desenvolvimento econômico. Nesse contexto, uma economia de baixo carbono pode proporc= ionar oportunidades para a indústria brasileira, contribuindo para efeitos positivos e crescimento econômico.
Dentro do contexto brasileiro, d=
ada a
relevância do setor têxtil, este estudo limita-se às
empresas associadas à Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). O reconh=
ecimento
da necessidade de soluções para minimizar os impactos das
alterações climáticas destaca a importância desta
pesquisa.
O estudo investiga as prá=
ticas
para mitigação das emissões de gases de efeito estufa
adotadas em três indústrias têxteis brasileiras, abordan=
do
os eixos temáticos de mudanças climáticas, carbono zer=
o e
perspectivas de descarbonização para 2050. Dentro dos eixos,
são analisados os tópicos de clima e estratégia corporativa,
eficiência energética, economia circular e mercado de carbono.=
No âm=
bito
acadêmico, os estudos acerca dessa temática são relevan=
tes
e tendem a ser cada vez mais explorados, não apresentando uma valida=
de
de curto prazo, pois a preocupação com as questões
climáticas tem ganhado crescente ênfase. O estudo tem grande
importância para a sociedade, pois oferece insights sobre o comportamento das empresas no setor têxt=
il,
evidenciando os benefícios gerados e a redução dos
impactos socioambientais em escala nacional, especialmente diante das
recorrentes catástrofes decorrentes das alterações
climáticas.
2 MITIGAÇ= ;ÃO DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO SETOR TÊXTIL<= /p>
A
mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE)=
no
setor têxtil constitui uma questão de crescente importân=
cia
global. Este setor, reconhecido como um dos mais poluentes, é
responsável por aproximadamente 8% a 10% das emissões globais=
de
GEE, segundo Zoz (2020). A produçã=
;o, o
consumo e o descarte de roupas contribuem significativamente para essas
emissões, exacerbadas pelo uso intensivo de recursos e pela
liberação de produtos químicos tóxicos ao longo=
do
ciclo de vida dos produtos têxteis (Ștefan<=
/span>;
Bosomoiu; Stefan, 2022).
A
compreensão dos mercados sobre os riscos e oportunidades de uma econ=
omia
de alto carbono tem aumentado, levando a um maior foco em medidas de
mitigação para reduzir ou prevenir emissões de GEE (WR=
I,
2019). A Agenda 2030 da Organização das Nações
Unidas, especialmente em sua Meta 13, destaca a urgência de tomar med=
idas
imediatas para enfrentar as mudanças climáticas e os danos que
elas causam (ONU, 2020). Neste contexto, é essencial que o setor
têxtil adote práticas que visem à mitigaçã=
;o
das emissões de GEE, alinhando-se com os objetivos de desenvolvimento
sustentável.
As em=
presas
globais estão cada vez mais comprometidas com metas ambiciosas de
alcançar emissões líquidas zero até 2050. Um
relatório revelou que apenas 100 empresas foram responsáveis =
por
71% das emissões globais de GEE entre 1998 e 2015 (CDP, 2017). Este =
dado
ressalta a necessidade de uma abordagem agressiva para a
descarbonização, particularmente na indústria
têxtil, que possui um potencial significativo para reduzir suas
emissões. Em cenários de baixo carbono, a indústria po=
de
reduzir suas emissões em até 36% até 2050, se a
inovação for priorizada (ONU - Meio Ambiente, 2017).
A cad=
eia de
suprimentos e os sistemas de produção intensivos em energia d=
as
indústrias de vestuário e calçados são
responsáveis por uma significativa parcela das emissões globa=
is
de carbono (Parlamento Europeu, 2021). Com a previsão de
triplicação do consumo de têxteis até 2050 (Li <=
/span>et al. 2021), emerge uma necessidade urgente de
adoção de estratégias de descarbonização
para evitar impactos ambientais e sociais negativos. Caso não ocorram
mudanças substanciais, a produção têxtil
poderá ser responsável, em 2050, por 25% do orçamento =
global
de emissões de carbono necessário para manter o aquecimento
global dentro do limite de 2°C (Ellen MacArthur Foundation, 2019).
Nesse
sentido, a mitigação das mudanças climáticas no
setor têxtil envolve uma série de ações
empresariais, desde a integração da gestão de carbono =
na
estratégia corporativa até a eficiência energéti=
ca e
a adoção da economia circular (FGV, 2022). A importânci=
a de
centralizar a questão climática na cultura organizacional e
atender às expectativas dos stakeholders são aspectos cruciais
para o desenvolvimento de políticas internas eficazes de
mitigação (Cadez et al., 2018; Chege; Wan=
g,
2020; Sitompul, 2023).
A
descarbonização requer a mensuração precisa das
emissões, permitindo identificar e implementar as quantidades
necessárias de mitigação ou compensação =
(Damert; Baumgartner, 2018). A adoção de
sistemas de produção eficientes, o uso de energias
renováveis e a implementação de soluções
circulares são fundamentais para a redução das emiss&o=
tilde;es
(Wang et al., 2018; Rissman et al., 2020).
A
circularidade, que inclui design de produtos para durabilidade, gestã=
;o
eficiente de resíduos e práticas de reciclagem, também
desempenha um papel essencial na mitigação das emissõe=
s de
GEE no setor têxtil (Ellen MacArthur Foundation, 2019; Wang et al., 2018). Finalmente, a integraçã=
o da
descarbonização em todos os níveis da empresa, a
colaboração com parceiros para a neutralidade do carbono e a
pressão sobre os fornecedores para adoção de
práticas sustentáveis são estratégias vitais pa=
ra a
indústria têxtil avançar em direção a um
futuro de baixo carbono ((Fawzy et al., 2020; Prolo et al.<=
span
style=3D'color:black;mso-themecolor:text1;mso-bidi-font-style:italic'>, 202=
1).
Assim=
, fica
evidente que a mitigação das emissões de GEE e o
enfrentamento das mudanças climáticas exigem uma
trajetória de descarbonização contínua e
progressiva, evoluindo de abordagens moderadas para estratégias mais
agressivas, conforme sugerido por Berg et al.<=
span
style=3D'color:black;mso-themecolor:text1;mso-bidi-font-style:italic'> (202=
1). As
metas internas de redução de emissões, o treinamento de
funcionários e a implementação de um sistema de
remuneração baseado no desempenho de emissões mostram-=
se
essenciais para alcançar bons resultados na mitigação =
das
emissões de GEE (Wang et al., 20=
18).
3 MÉTODO=
No presente estudo, investigou-se a
adoção de práticas para mitigação de
mudanças climáticas em três empresas brasileiras do set=
or
têxtil. Foram enviados convites para empresas do setor têxtil v=
ia
e-mail (contato retirado do site das empresas) em novembro de 2023, onde as
três empresas do estudo manifestaram disponibilidade para o mês=
de
novembro. Desta forma, sendo selecionadas para as entrevistas.
Para isto, foram realizadas entrevistas, que
segundo Yin (2010), é uma das mais relevantes fontes de
informações para o estudo de caso, podendo ser classificadas =
em
três tipos: em profundidade; focada ou levantamento formal.
Neste estudo, foi adotada a entrevista do ti=
po
focada, onde o respondente é entrevistado por um curto períod=
o,
aproximadamente uma hora, geralmente seguindo um protocolo elaborado
previamente, mas podendo adotar um caráter mais informal e
conversacional (Yin, 2010).
As entrevistas foram realizadas via Google M=
eet
com perguntas abertas aos gestores ou responsáveis pela sustentabili=
dade
de empresas do setor têxtil no Brasil. Foram criados cinco eixos
temáticos para as questões, sendo: perfil do respondente,
caraterísticas da organização, mudanças
climáticas, carbono zero e descarbonização para 2050. =
Os dados foram obtidos a partir de três
entrevistas, cada uma realizada em uma empresa têxtil do Brasil,
denominadas, para fins deste estudo, como empresas Alfa, Beta e Gama. O tem=
po
de duração das entrevistas realizadas foi, respectivamente, d=
e 40
minutos para a empresa Alfa, 23 minutos para a empresa Beta e 51 minutos pa=
ra a
empresa Gama. A seguir, descrevem-se os resultados e discussões do
estudo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados são descritos a partir = de cinco categorias de análise: perfil do respondente, caracterização das empresas, mudanças climática= s, carbono zero e descarbonização em uma perspectiva para 2050.<= o:p>
4.1=
Perfil dos respondentes
O Quadro 1 apresenta o perfil dos respondent=
es, a
respeito do cargo, tempo de atuação na empresa, tempo no
último cargo e formação. A fim de compreender se o car=
go
está relacionado às questões de sustentabilidade ou
mitigação das mudanças climáticas, bem como o
nível de conhecimento sobre empresa e cargo, de acordo com o tempo de
atuação, e se a formação permite embasamento pa=
ra
responder à pesquisa.
Quadro 1 - Perfil dos respondentes da entrev=
ista
|
Perfil
dos respondentes |
Alfa<=
/span> |
Beta<=
/span> |
Gama<=
/span> |
|
Cargo |
Analista de sustentabilidade |
Gerente de Projetos |
Proprietária e gerente ad=
ministrativa |
|
Tempo
de atuação na empresa |
4 anos e meio |
3 anos |
25 anos |
|
Tempo
de atuação no cargo |
3 anos |
3 anos |
25 anos |
|
Formação |
Engenharia química e
pós-graduação em Sustentabilidade empresarial |
Graduanda em publicidade e propaganda |
Formada em processamento de dados, com MBA em ESG. MBA em En=
genharia
e Gestão ambiental e Pós-graduação em
Gestão de Design |
Fonte:
Dados da pesquisa (2024).
A partir dos dados expostos, observa-se que =
um dos
respondentes possui um cargo voltado à sustentabilidade e os demais
possuem experiência em gestão. Quanto aos tempos de
atuação na empresa e no cargo, o respondente da empresa Alfa =
atua
na empresa há 4 anos e meio e no cargo há 3 anos, a empresa B=
eta
atua na empresa e no cargo há 3 anos e a empresa Gama atua na empres=
a e
no cargo há 25 anos. A formação dos respondentes demon=
stra
um nível alto de qualificação, visto que, o respondent=
e da
empresa Alfa possui graduação em engenharia química e
pós-graduação em sustentabilidade empresarial e o resp=
ondente
da empresa Gama possui duas pós-graduações voltadas
à gestão ambiental. Na próxima seção,
apresenta-se a caracterização das empresas.
4.2=
Caracterização das e=
mpresas
Esta seção abrange dados que
caracterizam as empresas do estudo, tais como: localização, t=
empo
de existência, número de funcionários, faturamento anua=
l e
segmento têxtil. Os dad=
os
são apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 - Caracterização das
empresas entrevistadas
|
Caracterização das empresas |
Alfa |
Beta |
Gama |
|
Localização |
Jaguará do Sul, SC |
Carlos Barbosa, RS |
Londrina, PR |
|
Tempo de existência da empresa |
55 anos |
6 anos |
25 anos |
|
Número de funcionários |
4.000 |
16 |
105 |
|
Faturamento anual (aproximado) |
R$ 1,4 bilhões |
R$ 3 milhões |
R$ 80 milhões |
|
Segmento têxtil da empresa:=
|
Tecelagem, malharia, beneficiamento de tecidos,confecçã=
o e
varejo |
Confecção |
Confecç&atild=
e;o,
tingimento (apenas tingimento e não tecelagem) e varejo |
Fonte:
Dados da pesquisa (2024).
As empresas do estudo são de diferent=
es
estados do Brasil: Alfa, de Santa Catarina; Beta, do Rio Grande do Sul; e G=
ama,
do Paraná, todas da região Sul do país. O tempo de
existência das empresas varia consideravelmente, evidencia-se que a A=
lfa
é uma empresa bem mais antiga que as demais, embora a Gama tamb&eacu=
te;m
possua bastante tempo de mercado. Por outro lado, a Beta é uma
empresa mais recente.
De acordo com a classificação =
do
Sebrae (2013), quanto ao número de funcionários, a Alfa e a G=
ama
se caracterizam como grandes empresas e a Beta como pequena empresa.
Considerando o faturamento anual de cada empresa, cada uma representa um po=
rte,
onde a empresa Alfa se classifica como Grande empresa, a Beta como pequena
empresa e a Gama como média empresa. Ambas as empresas atuam no segm=
ento
de confecção, mas a empresa Alfa e Gama também realiza=
m tingimento
e varejo. Além de confecção, varejo e tingimento, a
empresa Alfa atua com tecelagem, malharia e beneficiamento de tecidos. A
compreensão do segmento têxtil é de fundamental
importância para o estudo, visto que, cada segmento gera um impacto ao
meio ambiente diferente. O tingimento têxtil, por exemplo,
4.3= Mudanças climáticas<= o:p>
Nesta seção, serão analisados os dados das entrevistas focad= as nas políticas e práticas relacionadas às mudanç= as climáticas. As entrevistas revelaram que as três empresas estudadas têm uma cultura organizacional orientada para a mitigação das mudanças climáticas. Esse alinham= ento cultural é um aspecto crucial, pois a mentalidade coletiva e os valo= res compartilhados dentro de uma empresa influenciam significativamente sua capacidade de responder aos desafios climáticos.
A Fundação Getúlio Vargas (2022) reforça esse pon= to ao destacar que uma cultura organizacional robusta e alinhada com os objeti= vos sustentáveis é fundamental para facilitar as transições necessárias, sejam elas no nível ope= racional, tático ou estratégico. Portanto, a presença de uma cul= tura voltada à sustentabilidade nas três empresas estudadas é= ; um indicador positivo de seu compromisso com a mitigação dos impactos climáticos.
Os mesmos autores afirmam que a cultura dese=
mpenha
um papel estratégico fundamental para as organizações.=
Portanto,
a gestão e avaliação contínua dos valores,
compreendendo sua influência tanto sobre os colaboradores quanto sobr=
e a
cadeia de valor, são fundamentais para identificar o que precisa ser
abordado de maneira sistêmica na organização.
Quanto à compreensão do grau de
pressão dos stakeholders, foi considerado baixo pela empresa =
Beta
e Gama e inexistente pela empresa Alfa. Diante disto, evidencia-se que este
não é um fator que tem impulsionado as empresas a adotarem
práticas para mitigação das mudanças
climáticas. O resultado do estudo de Madime e Gonçalvez (2022)
foi similar a este, apresentando também fraca pressão dos stakeholders e sociedade em geral =
quanto
às questões ambientais.
As três empresas afirmam ter
ações colaborativas com outras empresas. A política
interna de ações para mitigação das mudan&ccedi=
l;as
climáticas faz parte das três empresas do estudo. O
relatório de emissões é realizado por todas as empresa=
s.
Há metas internas de redução em todas as empresas, mas
há uma diferença quanto à ambição e clar=
eza
das metas. A empresa Alfa tem metas claras e bem definidas, focadas na
redução das emissões, com data e números aponta=
dos.
A empresa Beta não tem metas diretas de reduções, apen=
as a
redução de desperdício que indiretamente levará
à redução de emissões. A empresa Gama tem a met=
a de
neutralização, mas ainda sem prazo definido e meta publicada.=
Damert e Baumgartner (2018) afirmam que a
educação ambiental dos colaboradores constitui outro pilar da
ação climática, uma vez que parece acionar processos
essenciais de aprendizagem organizacional. Apesar disso, não s&atild=
e;o
realizados treinamentos para os colaboradores das empresas entrevistadas. A
empresa Alfa planeja realizar e a empresa Gama abordará questõ=
;es
ligadas à mitigação das mudanças climáti=
cas
no seu evento de ESG (Environmental, Social and Governance).
As três empresas afirmam considerar as mudanças climáticas nos investimentos. A remuneração vinculada a metas para mitigação das mudanças climáticas é uma das práticas que auxi= lia no alcance da agenda climática, conforme o guia da FGV (2022). No entanto, não é realizada pelas empresas entrevistadas. A gestão de riscos associada às questões climátic= as não é realizada de forma uniforme pelas três empresas, = pois a Alfa não realiza, a Beta realiza e a Gama realiza parcialmente. O resultado sinaliza um alerta, pois os riscos de mudanças climáticas, incluindo riscos físicos, regulatórios, de reputação e de litígio, podem afetar significativament= e o desempenho econômico e os processos operacionais das empresas (Nikolaou et al., 2015).
De acordo com o Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (2023), a
Avaliação do Ciclo de Vida apresenta uma variedade de vantage=
ns,
como a detecção de oportunidades para aprimorar o desempenho
ambiental de produtos e serviços, suporte à tomada de
decisões por parte dos responsáveis nos setores produtivos,
escolha de indicadores ambientais pertinentes ao cenário local e
divulgação de práticas sustentáveis. Apesar das
vantagens mencionadas, as empresas não realizam a análise de
ciclo de vida dos produtos. Apesar da Alfa já ter realizado, foi em =
um
período e em um produto específico, não sendo uma
prática permanente e a Gama calcula de modo informal.
O guia de boas práticas para
mitigação das mudanças climáticas da FGV (2022)
engloba a importância de mapear fornecedores-chave na agenda, tanto no
que se refere à emissão de gases de efeito estufa quanto &agr=
ave;
vulnerabilidade às mudanças climáticas, pois os fatores
implicam em riscos para empreendimentos. Apesar da importância desta
prática, a exigência dos fornecedores quanto à
questão climática em si, não é aplicada nas
empresas. A Beta e Gama buscam fornecedores mais sustentáveis, mas
não analisam suas ações quanto às questõ=
es
climáticas. A Figura 1 demonstra uma síntese das práti=
cas
mais adotadas e menos adotadas pelas empresas do estudo, referente ao eixo =
de
mudanças climáticas.
Figura
1 – Práticas de mitigação das mudanças
climáticas com maior e com menor adesão
![](3D"Navus_v14_1899_arquivos/image003.gif")
Fonte:
Dados da pesquisa (2024).
As práticas adotadas pela maioria for=
am:
cultura organizacional voltada à mitigação das
mudanças climáticas; realização de relató=
;rio
de emissões; política interna de ações para
mitigação das mudanças climáticas;
ações colaborativas e parcerias; e consideração=
das
mudanças climáticas nos investimentos.
Diante do exposto, as variáveis que se
destacam por não serem consideradas/praticadas por ambas as empresas
são: remuneração dos colaboradores com base em metas de
mitigação das mudanças climáticas; análi=
se
do ciclo de vida dos produtos; integração das mudanças
climáticas à gestão de riscos; e treinamento dos
funcionários voltado à mitigação das
mudanças climáticas. Na próxima seção,
serão abordados os dados obtidos nas entrevistas referentes ao eixo =
de
Carbono Zero.
4.4=
Carbono zero
As empresas realizam inventário de
emissões. Astrês empresas contam com sistemas de
produção e equipamentos com eficiência energétic=
a.
Quanto ao design de produtos verdes, as empresas realizam para alguns produ=
tos,
mas ainda não é adotado para todos. Um fator que pode explica=
r,
em parte, o motivo do design não ser adotado em todos os produtos
é o relato da(o) entrevistada(o) da empresa Gama, que afirma que, me=
smo
tendo uma grande variedade de modelos sustentáveis, não h&aac=
ute;
procura significativa.
Além disso, no eixo anterior os
entrevistados mencionaram não haver pressão dos stakeholders, entre eles, os
consumidores. Neste sentido, evidencia-se a necessidade de
educação e sensibilização do mercado consumidor
sobre a importância e os benefícios de um consumo mais
sustentável.
O design de circularidade é realizado=
pela
empresa Alfa e Gama e a empresa Beta realiza parcialmente ao utilizar fios
reciclados. Apenas uma das empresas, a Gama, afirmou utilizar insumos
não intensivos em carbono. A implementação parcial do
design de circularidade pela empresa Beta, utilizando fios reciclados, &eac=
ute;
um passo positivo, mas a plena adoção dessa abordagem em toda=
s as
empresas poderia contribuir significativamente para a redução=
do
impacto ambiental ao longo do ciclo de vida dos produtos.
A realização de inventá= rios de emissões e a adoção de sistemas de produção e equipamentos com eficiência energética são compromissos em todas as empresas para redução da pegada de carbono. A gestão de resíduos é adotada pelas três empresas, demonstrando que as mesmas estão alinhadas ao O= DS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) no ponto 12.5, que propõe, até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos (ONU, 2024). O resultado confirma o estudo de Jagetia (2020), que indica que pesquisadores e indústrias se concentram na redução de águas residuais têxteis e no desenvolvimento de técnicas alternativa= s de tratamento eficientes, como a reciclagem, para mitigar as mudanças climáticas no setor têxtil.
As empresas adotam soluções
circulares de água, corroborando com o alcance do ODS número 6
que abrange água potável e saneamento e propõe no ponto
6.4, até 2030, um aumento considerável da eficiência do=
uso
da água em todos os setores, bem como, garantir retiradas
sustentáveis e abastecimento de água doce para enfrentar a
escassez de água e diminuir o número de pessoas que sofrem com
essa escassez (ONU, 2024).
A empresa Gama, inclusive, conquistou o 1&or=
dm;
Lugar do Prêmio SESI de Boas Práticas ODS na categoria Ambient=
al
Média Indústria. A constatação de que apenas a
empresa Gama utiliza insumos não intensivos em carbono destaca uma
oportunidade para as demais empresas diversificarem suas fontes de
matéria-prima, visando não apenas a sustentabilidade, mas
também a resiliência diante de possíveis mudanças
nas condições de fornecimento. A Figura 2 demonstra uma
síntese das práticas mais adotadas e menos adotadas pelas emp=
resas
do estudo, referente ao eixo de carbono zero.
Figura
2 – Práticas de carbono zero com maior e com menor adesã=
;o
![](3D"Navus_v14_1899_arquivos/image005.gif")
Fonte:
Dados da pesquisa (2024).
Em síntese, as empresas demonstram um
compromisso inicial com a gestão de carbono, mas há espa&cced=
il;o
para avanços significativos, especialmente na ampliaçã=
o do
design de produtos verdes, na incorporação de práticas=
de
circularidade e na diversificação de insumos com menor
intensidade de carbono. O estímulo à demanda do mercado e o
fortalecimento das estratégias de envolvimento com stakeholders podem ser elementos-chave para impulsionar a
transição para modelos de negócios mais
sustentáveis.
4.5=
Perspectivas de descarboniza&ccedi=
l;ão
para 2050
Os resultados revelam aspectos tanto promiss=
ores
quanto preocupantes no contexto da adoção de práticas =
para
descarbonização. Demonstra-se na Figura 3 uma síntese =
das
práticas mais adotadas e menos adotadas pelas empresas do estudo,
referentes ao eixo de descarbonização.
Figura 3 – Práticas de
descarbonização com maior e com menor adesão
![](3D"Navus_v14_1899_arquivos/image007.gif")
=
Fonte:
Dados da pesquisa (2024).
Destaca-se a utilização de fon=
tes de
energia renovável por todas as empresas, com a Beta adquirindo 100% =
da
energia solar e a Gama produzindo 100% da sua energia. No site da Gama cons=
ta
que, em 2020, a empresa instalou um sistema de energia fotovoltaica capaz de
suprir toda sua demanda energética, até gerando um
acréscimo de 30% do total utilizado por mês. Essa é uma
medida positiva alinhada com a busca por descarbonização,
demonstrando um compromisso com a transição para fontes mais
limpas. O resultado representa um avanço para mitigaçã=
o,
pois o uso de fontes renováveis é uma das práticas que=
contribuem
para este impulso (Wang et al., 2018=
; Fawzy et al., 2020).
Além disso, a adoção de
energia de fontes renováveis pelas três empresas se relaciona =
com
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 7, referente=
à
energia limpa e acessível, que no ponto 7.2 propões,
até́ 2030, um aumento significativo da participaçã=
;o
de energias renováveis na matriz energética global (ONU, 2024=
).
As empresas Alfa e Gama comunicam seus resul=
tados
ao pessoal/clientes, demonstrando estarem alinhadas ao objetivo proposto na
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP26), que é alinhar os esforços de
comunicação do consumidor e da indústria para um camin=
ho
compatível com a meta de 1,5 graus estabelecida no Acordo de Paris, =
bem
como, um caminho mais futuro justo e equitativo (ONU, 2024).
No site da e=
mpresa
Gama, estão disponíveis os relatórios de sustentabilid=
ade
de 2014 a 2022, nos quais constam os resultados vinculados às
mudanças climáticas. No site da empresa Gama é
possível encontrar o relatório de sustentabilidade de 2020 e
2021, onde constam as ações voltadas à
mitigação das mudanças climáticas. Também
é possível acessar o programa de gerenciamento de resí=
duos
têxteis.
Nota-se a ausência de equipes
específicas para a gestão do carbono nas três empresas,=
o
que pode comprometer a eficácia e o direcionamento estratégico
dessas iniciativas. Este cenário sugere a necessidade de um enfoque =
mais
estruturado na formação de equipes dedicadas para abordar as
questões relacionadas à mitigação das
mudanças climáticas.
No guia para elaboração de
inventário de Gases de Efeito Estufa elaborado pelo SENAI CETIQT, AB=
IT e
ABVTEX (2023), o grupo Soma afirma a importância da criaç&atil=
de;o
de cargos voltados para a gestão das mudanças climátic=
as
nas empresas, que foquem na
identificação de fontes de emissão,
sensibilização dos colaboradores e a preparação=
do
inventário de GEE. Acrescentam que, ter um especialista auxilia na
realização de treinamentos internos, fortalecimento da pauta e
credibilidade à coleta de dados.
Há também ausência de pl=
anos
de ação específicos para mitigação das
mudanças climáticas, especialmente por parte da Alfa e da Bet=
a. A
ausência de plano de ação voltado à
mitigação das mudanças climáticas contradiz o g=
uia
da FGV (2022) com as práticas para alcançar metas para
mitigação das mudanças climáticas.
5 CONCLUSÃO
Os resultados apresentados revelam as
práticas para mitigação das mudanças
climáticas, carbono zero e descarbonização com maior e
menor adesão nas empresas do estudo, destacando tanto pontos positiv=
os
quanto áreas que demandam melhorias e atenção futura. =
É
evidente que as empresas Alfa, Beta e Gama demonstram um compromisso inicial
com a mitigação das emissões de gases de efeito estufa,
refletido em suas políticas internas, ações colaborati=
vas
e consideração das mudanças climáticas em alguns
aspectos de suas operações.
A presença de uma cultura
organizacional voltada à mitigação das emissões=
de
gases de efeito estufa é um ponto positivo, indicando um reconhecime=
nto
da importância dessas questões em suas estratégias
empresariais. Também são pontos positivos a
utilização de fontes de energia renovável e a
gestão de resíduos adotadas pelas empresas, o que demonstra um
comprometimento com a redução da pegada de carbono e a
promoção da circularidade em suas operações.
No entanto, o baixo grau de
percepção da pressão dos stakeholders, a falta =
de
preocupação com a melhoria das operações
logísticas para redução de emissões, a
ausência de vinculação da remuneração dos
colaboradores com metas de redução de emissões, a falt=
a de
integração das mudanças climáticas à
gestão de riscos e a baixa adoção da análise do
ciclo de vida são lacunas significativas que demandam
atenção e ação imediata.
Portanto, sugere-se que estudos futuro=
s se
concentrem em investigar estratégias específicas para abordar
esses desafios, explorando maneiras de aumentar a conscientizaç&atil=
de;o
dos stakeholders, identificando os obstáculos para a
implementação de práticas mais sustentáveis nas
operações logísticas, desenvolvendo modelos de
remuneração que incentivem a redução de
emissões, integrando as mudanças climáticas à
gestão de riscos corporativos e promovendo a adoção
generalizada da análise do ciclo de vida. Ao preencher essas lacunas=
, as
empresas do setor têxtil poderão fortalecer sua
posição no mercado, garantindo uma transição ma=
is
suave e eficiente para uma economia de baixo carbono.
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