Knowledge Sh= aring in Innovation Environments: a comparative analysis of a case in Brazil and Ecu= ador
|
Arthur
Gualberto Bacelar da Cruz Urpia https://orcid.org/0000-0002-52=
73-6373
|
Douto=
r em
Economia pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Jan=
eiro
(IE-UFRJ). Docente do Departamento de Economia da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), Brasil. E-mail: agbcu=
rpia@uem.br |
|
Rejane
Sartori https://orcid.org/0000-0001-9116-5860 |
Doutora em Engenharia e Gestão=
do
Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Brasil.
Docente da Universidade Cesumar (UNICESUMAR), Maringá, Brasil. E-mail: rejanestr@gmail.com |
|
Ana
Alexandra Santos Delgado https://orcid.org/0000-0001-89=
87-9530 |
Doctorado en Ingeniería y Gest=
ión
del Conocimiento por la Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC). Mae=
stra
y Directora General de Vinculación en la Universidad Técnica Particular de
Loja, Ecuador. E-mail: aasantos@utpl.edu.ec |
|
Mariuxi
Pardo-Cueva http=
s://orcid.org/0000-0003-769-2242 |
Doctoranda en Administración p=
or
la Universidad Nacional de Rosario (Argentina). Maestra en la Universidad
Técnica Particular de Loja, Lojas – Equador. E-mail: mcpardo@utpl.edu.ec |
|
Bruna
Hernandes Scarabelli |
Mestre em Gestão do Conhecimen=
to
pela Universidade Cesumar (UNICESUMAR), Maringá, Brasil. E-mail: scarabellibrun=
a@gmail.com |
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi
realizar uma análise comparativa de como ocorre o compartilhamento do
conhecimento em uma incubadora de empresas de base tecnológica, com vistas a
favorecer o processo de inovação, do Brasil e do Equador. Trata-se de uma
pesquisa exploratória-descritiva, com abordagem qualitativa. O método utili=
zado
foi o estudo de caso. O objeto de estudo foram duas incubadoras de empresas=
de
base tecnológica, uma localizada na região Sul do Brasil e outra na =
região
Sul do Equador.=
Os
dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas j=
unto
às empresas incubadas, cujo roteiro foi desenvolvido a partir da identifica=
ção dos
principais
elementos e características presentes nos modelos de compartilhamento do
conhecimento encontrados na literatura visitada. A análise de dados foi
realizada a partir da técnica de análise de conteúdo. Os resultados evidenc=
iam
que os principais fatores que influenciam no compartilhamento do
conhecimento são os treinamentos e capacitações para as empresas incubadas,=
as interações
que ocorrem entre essas empresas, os ambientes utilizados para essas intera=
ções,
as parcerias existentes na incubadora, os conhecimentos compartilhados e o
apoio ao desenvolvimento de produtos, serviços e inovações. Conclui-se que =
há
uma similaridade entre as incubadoras de base tecnológica brasileira e
equatoriana no que tange a esses fatores que levam ao compartilhamento do
conhecimento nesses ambientes, favorecendo assim a inovação.
Palavras-chave: compartilhamento do conhecimento; incubadora de empresas de base
tecnológica; inovação.
AB=
STRACT
This research aimed to
comparatively analyze how knowledge is shared in an incubator of technology=
-based
companies, with a view to fostering the innovation process, in Brazil and
Ecuador. This is an exploratory-descriptive research, with a qualitative
approach. The method used was the case study. The objects of study were two
technology-based business incubators, one located in the southern region of
Brazil and the other in the southern region of Ecuador. Data were collected
from semi-structured interviews carried out with the incubated companies, w=
hose
script was developed based on the identification of the main elements and
characteristics present in the knowledge-sharing models found in the litera=
ture
visited. Data analysis was carried out using the content analysis technique.
The results indicate that the main factors influencing knowledge sharing are
training and qualifications for incubated companies, interactions that occur
between these companies, the environments used for these interactions, exis=
ting
partnerships in the incubator, shared knowledge, and support for the
development of products, services, and innovations. It is concluded that th=
ere
is a similarity between Brazilian and Ecuadorian technology-based incubator=
s in
terms of these factors that lead to the sharing of knowledge in these
environments, thus favoring innovation.
Keywords: knowledge sharing; incubator for technology-based companies;
innovation.
Recebido em 06/10/2023. Aprovado em 20/12/2= 023. Avaliado pelo sistema double blind = peer review. Publicado conforme normas da ABNT.
https://doi.org/10.22279/navus.v13.1799
1
INTRODUÇÃO
O interesse pelo conhecimento, bem como pela=
sua
utilização, vem se acentuando no meio empresarial, o que se justifica pela
constatação de que possui maior valor quando comparado aos ativos físicos (=
Tonet;
Paz, 2006). Sua aplicação auxilia no aperfeiçoamento e melhora de produtos,
serviços e processos organizacionais (Tidd; Pavitt, 2011), o que pode colab=
orar
para a inovação (Choo, 2003). Ao contribuir com as estratégias organizacion=
ais,
a inovação vem se tornando um fator de destaque nas atividades mundiais (Ba=
lci,
2019), visto que é considerada essencial para o crescimento e desenvolvimen=
to
econômico dos países (Amigo; Guzmán, 2018; Zakharova; Bezzubchenk; Mityushk=
ina,
2019; Cirera; Muzi, 2020; Scuotto et al., 2020).
Diversos são os ambientes planejados que
contribuem para que a inovação ocorra, os quais são denominados na literatu=
ra
de habitats de inovação (Ferreira; Teixeira, 2016). Trata-se de arra=
njos
criados para favorecer a inovação por meio da interação de diferentes agent=
es (Pietrovski
et al., 2010; Sartori, 2017). Entre os habitats de inovação
situam-se as incubadoras de empresas de base tecnológica, que são espaços
disponibilizados a unidades de negócios que contém instrumentos que objetiv=
am a
promoção do crescimento e da inovação das empresas incubadas (Wonglimpiyara=
t,
2016).
Para a International Business Incubation
Association (Inbia), incubadoras de empresas de base tecnológica são lo=
cais
que oferecem programas para empresas associadas, que normalmente incluem
orientação, educação/formação e oportunidades de aprendizagem informal, alé=
m de
hospedar eventos para fornecer networking e oportunidades de
aprendizagem para as empresas associadas e para a comunidade local (Inbia,
2017). As incubadoras de empresas, portanto, são vistas como um mecanismo de
apoio à inovação e ao crescimento empresarial (Mas-Verdú; Ribeiro-Soriano;
Roig-Tierno, 2015; Binsawad; Sohaib; Hawryszkiewycz, 2019; Lukeš; Longo;
Zouhar, 2019; Wonglimpiyarat, 2016; Zhao; Zhang; Wu, 2017), além de serem
geradoras de emprego, renda e desenvolvimento econômico (Lalkaka, 2003).
Para cumprirem com esse papel, torna-se vita=
l que
a incubadora de empresas de base tecnológica fomente ações que estimulem o
compartilhamento do conhecimento entre as empresas incubadas. O
compartilhamento do conhecimento é conceituado como um comportamento volunt=
ário
do sujeito em fornecer a outros membros da corporação o acesso a seus
conhecimentos individuais (Akhavan; Rahimi; Mehralian, 2013). Quando realiz=
ado
entre empresas, o compartilhamento do conhecimento propicia uma dinâmica de
cooperação, uma vez que permite a uma organização aprender com os erros e
sucesso da outra (Jian; Wang, 2013). Desta forma, trata-se de um meio para
expandir o conhecimento da corporação, promovendo o desenvolvimento dos
envolvidos, aprendizagem organizacional e aprimoramento de produtos e servi=
ços
(Farooq, 2018).
O compartilhamento do conhecimento acelera e=
apoia
os processos de inovação (Rahmi; Indarti, 2019; Santoro et al., 2018=
; Laily;
Ernawati, 2020), além de proporcionar a melhoria da produtividade, de
processos, produtos e serviços (Helmann et al., 2016). Ademais, as empresas
incubadas carecem de recursos de conhecimento que são possibilitados median=
te
seu compartilhamento. Esses recursos auxiliam no desenvolvimento de vantage=
ns
competitivas, assim como apoiam o crescimento e o aprimoramento das empresas
incubadas (Raupp; Beuren, 2006; Zhao; Zang; Wu, 2017).
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi
realizar uma análise comparativa de como ocorre o compartilhamento do
conhecimento em uma incubadora de empresas de base tecnológica, com vistas a
favorecer o processo de inovação, no Brasil e no Equador.
Diante da importância do compartilhamento do
conhecimento e das incubadoras de empresas para promover a inovação, esta
pesquisa justifica-se sob a ótica teórica e prática. Sob a perspectiva prát=
ica,
os resultados da pesquisa poderão auxiliar as incubadoras, principalmente as
estudadas, a promoverem um ambiente que apoie o compartilhamento do
conhecimento em todas as suas esferas, impactando assim no desenvolvimento =
das
empresas incubadas e na sua capacidade inovativa.
Sob a perspectiva teórica, esta pesquisa
justifica-se por contribuir com o avanço das discussões no campo científico
relacionado ao compartilhamento do conhecimento em habitats de inova=
ção.
Uma revisão sistemática de literatura realizada por Scarabelli, Sartori e U=
rpia
(2021), nas bases de dados Scopus, Emerald e Science Direc=
t,
utilizando o método Knowledge Development Process-Constructivist
(Proknow-C), localizou apenas nove trabalhos que relacionam compartilhament=
o do
conhecimento e habitats de inovação, constatando, portanto, a carênc=
ia
de estudos nessa área.
Este artigo, além desta introdução, contém m=
ais
quatro seções. A segunda seção apresenta a discussão sobre o compartilhamen=
to
do conhecimento em incubadoras de empresa. A terceira seção traz a metodolo=
gia.
A quarta seção contém os resultados e análises da pesquisa. Por fim, a quin=
ta
seção exibe as considerações finais.
2 COMPARTILHAME= NTO DO CONHECIMENTO EM INCUBADORAS DE EMPRESAS
O compartilh= amento do conhecimento tem se tornado essencial para o desenvolvimento e crescimen= to de empresas incubadas (Zhao; Zhang; Wu, 2017), uma vez que estas necessitam= de um grau elevado desse recurso para atender as demandas do mercado (Miranda; Borges, 2019) e, principalmente, para melhorar sua capacidade inovativa. Em razão da importância do compartilhamento do conhecimento nos habitats de inovação, autores como Chan, Oerlemans e Pretorius (2009) e Zhao, Zang e Wu (2017) buscam compreender como esse processo ocorre.
Chan, Oerlem= ans e Pretorius (2009) estudaram os benefícios das redes de empresas localizadas = em incubadoras de empresas para o conhecimento organizacional. Segundo os auto= res, o compartilhamento do conhecimento interorganizacional para as empresas, ta= nto dos parques científicos e tecnológicos quanto das incubadoras de empresas, é positivo; as redes de empresas possibilitam a mobilização, coordenação e combinação de recursos de conhecimento. Os autores inferem que o compartilhamento do conhecimento é um processo intencional e desde que a empresa possua capacidade de processar o conhecimento recebido, ele pode ser considerado benéfico. Supõem também que a falta de sucesso nos parques científicos e tecnológicos é desencadeada pela ausência de vínculos diretos, baixos níveis de confiança e diversidade, além da localização geográfica.
O estudo de = Chan, Oerlemans e Pretorius (2009) permite compreender ainda o processo de compartilhamento do conhecimento no contexto das incubadoras de empresas. Os motivos que inibem a transferência do conhecimento, como confiança, proximi= dade tecnológica e geográfica, por exemplo, afetam tanto parques científicos como incubadoras de empresas de base tecnológica, que não raras vezes estão localizadas nesses Parques.
Zhao, Zang e= Wu (2017) também centralizam seus estudos em assimilar como ocorre o compartilhamento do conhecimento em incubadoras de empresas. Esses autores propuseram um modelo denominado de “Super-rede de conhecimento da incubador= a de negócios”, que examina as redes internas e é adequado para analisar o compartilhamento do conhecimento em incubadoras. O modelo parte da constata= ção de que as redes internas formadas entre as empresas incubadas são primordia= is para o cultivo e sucesso destas empresas. Para Zhao, Zang e Wu (2017), as incubadoras de empresas desempenham um importante papel no fluxo de conheci= mento, e desse modo, as redes internas colaboram por meio de serviços do conhecime= nto, enquanto as redes externas firmam relações com universidades e demais empre= sas, adquirindo novos conhecimentos que auxiliam as empresas incubadas.
Direcionado a entender os fatores que influenciam no compartilhamento do conhecimento est= ão os estudos de Mussi, Angeloni e Farraco (2014), Smaliukienė et al.<= /i> (2017) e Bacon, Williams e Davies (2019). Mussi, Angeloni e Farraco (2014) propõem uma estrutura para uma rede social que apoie o compartilhamento do conhecimento, buscando a inovação entre empresas de um parque tecnológico brasileiro. Além disso, os autores trazem contribuições sobre os fatores influentes no processo de compartilhamento do conhecimento, que segundo ele= s, estão ligados a três principais motivos: o conhecimento em si, o transmissor e o receptor; o contexto (ambiente); e a natureza da transferência.
O conhecimen= to em si diz respeito ao tipo de conhecimento enquanto o transmissor e o receptor es= tão relacionados à existência de uma linguagem que ambas as partes compreendam.= Já o contexto está relacionado às variáveis do ambiente, tal como estrutura, cultura, tecnologia da informação, estrutura de capital e aspectos comportamentais, e a natureza da transferência refere-se a como ocorre o compartilhamento do conhecimento dentro da organização (intraorganizacional= ) ou de maneira externa (interorganizacional) (MUSSI; ANGELONI; FARRACO, 2014).<= /span>
De forma sim= ilar, Smaliukienė et al. (2017) estudaram o papel da cultura organiza= cional e da confiança no compartilhamento do conhecimento em habitats de inovação. Como resultado, concebem que compartilhar conhecimento é algo complexo e que possui quatro fatores influenciadores: confiança na lideranç= a, confiança nos colegas de trabalho, armazenamento de conhecimento e medo de perder o valor. Outra constatação é que os elementos da cultura organizacio= nal, como a confiança na liderança e nos colegas de trabalho, podem reduzir a insegurança em relação à perda de valor. Além disso, o medo é considerado a maior barreira para compartilhar o conhecimento. Esses autores consolidam u= ma crítica em relação a como o processo de compartilhamento do conhecimento é visto e tratado por alguns autores, uma vez que vários estudos reduzem o compartilhamento do conhecimento a procedimentos automatizados e resumidos = em ciclos, o que acontece na prática de uma maneira mais orgânica.
Bacon, Willi= ams e Davies (2019) estudaram as condições e fatores que afetam o compartilhament= o do conhecimento de maneira interorganizacional e os agregaram em três grupos, = de acordo com as características gerais dessas condições: características de conhecimento, de relacionamento e de organização. No que tange às características de conhecimento, os autores destacam o tipo do conhecimento (tácito ou explícito) e a ambiguidade causal. Para driblar os problemas relacionados às características do conhecimento, sugerem uma compreensão completa acerca do conhecimento. As características de relacionamento englo= bam a confiança e o grau das relações estabelecidas. Como características de organizações, elencam a semelhança cultural, o interesse no aprendizado e a capacidade de absorção.
Já as redes e relações que influenciam no compartilhamento do conhecimento são objeto de estudos de Rubin, Aas e Stead (2015), Roper e Love (2018) e Miranda e Borges (2019). Rubin, Aas e Stead (2015) buscaram identificar como o conhecimento = flui através das relações entre as empresas incubadas em incubadoras de empresas= da Austrália e Israel. Inspirados nas próprias ideias e nos estudos de Porter (1985) sobre a teoria da estratégia horizontal, que aborda a sinergia entre unidades de negócios descentralizadas na organização que criam vantagens competitivas, os autores apresentaram um modelo de fluxo de conhecimento de incubadora. O modelo é composto por três tipos de portadores de conheciment= o: aqueles que detém conhecimento técnico, de mercado e de recursos financeiro= s.
De acordo co= m os autores, o objetivo do negócio deve ser baseado em incentivar colaborações entre suas unidades de negócios, promovendo a melhora das vantagens competitivas organizacionais. Nesse sentido, esse modelo auxilia a demonstr= ar como as inter-relações entre os incubados podem ajudar as incubadoras a melhorar seu desempenho. Rubin, Aas e Stead (2015) destacam que a colaboraç= ão entre empresas incubadas e a gestão da incubadora leva ao aumento do conhecimento das incubadas sobre tecnologia e mercados, o que pode propiciar inovação. Além disso, a relação de cooperação entre empresas incubadas e incubadoras auxilia no acesso de novos conhecimentos por meio do compartilhamento do conhecimento de novas tecnologias e mercados, o que pode resultar em algum tipo de inovação para essas organizações.
Roper e Love= (2018) buscaram compreender os efeitos do conhecimento externo para a inovação. As= sim, para esses autores, as interações e o compartilhamento de conhecimento nos = habitas de inovação e, particularmente, nas incubadoras de empresas, acontecem tant= o de forma interna quanto externa. Desse modo, os autores constataram em seus estudos que a chance que uma empresa tem de compartilhar o conhecimento com empresas locais, como em uma incubadora, é maior do que quando comparado com outras instituições. Os autores também inferem que o nível das relações e características do setor reflete na disponibilidade e, consequentemente, no compartilhamento do conhecimento.
De forma sim= ilar, Miranda e Borges (2019) estudaram as interações intraorganizacionais para a troca de recursos, experiências e até mesmo amizades, que podem levar a processos informais de aprendizagem, uma vez que as organizações precisam entender seus sistemas para lidar com essas interações informais. Para essas autoras, a interação entre a incubadora de empresas e seus incubados aprese= nta um importante fator para se colher bons frutos pela intensidade e qualidade= das relações firmadas. Assim, de modo geral, as incubadoras cumprem o papel de propiciar um ambiente voltado à inovação e ao compartilhamento do conhecime= nto.
Os benefício= s dos habitats de inovação para as empresas incubadas estão contemplados no estudo de Ng <= i>et al. (2019), que analisaram os benefícios percebidos pelas empresas instaladas em parques tecnológicos da Holanda. Por meio do estudo, os autor= es constataram que o compartilhamento e a colaboração do conhecimento são influenciados pela proximidade organizacional e social. Além disso, Ng et al. (2019) elencam os benefícios que os habitats de inovação e, consequentemente, as incubadoras de empresas, oferecem às empresas instalad= as, a saber: proximidade de universidades, proximidade de empresas em setores similares, proximidade de mercados e clientes, hospedagem do site, imagem e prestígio, custo de acomodações e serviços e fluxo de conhecimento= .
À vista dess= es estudos que tratam especificamente do compartilhamento do conhecimento em incubadoras de empresas, é possível concluir que os autores são unânimes em relacionar o compartilhamento do conhecimento com benefícios para as empres= as localizadas em incubadoras de empresas. Nesse sentido, as incubadoras devem criar condições favoráveis para que esse compartilhamento ocorra, uma vez q= ue, como afirma Miranda e Borges (2019, p. 3), “a associação entre o negócio incubado e a incubadora mostra um grande potencial para gerar bons resultad= os por causa da intensidade e qualidade das interações entre eles”.
3 METODOLOGIA
A pesquisa é exploratória-descritiva e possui abordagem qualitativa. O método utilizado = foi o estudo de caso. O objeto do estudo foram duas incubadoras de empresas de = base tecnológica: uma localizada na região Sul do Brasil e outra na região Sul do Equador.
A incubadora= de empresas de base tecnológica localizada na região Sul do Brasil iniciou suas atividades no ano de 2000. Sua estrutura é formada por um Conselho Gestor, = que é constituído por representantes das instituições parceiras fundadoras da incubadora (uma universidade pública e uma privada, prefeitura municipal, associação comercial e empresarial, sindicato das indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico da cidade, Federação das Indústrias do Est= ado e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e por uma equipe administrativa, que é composta por um assessor de comunicação, um analista = de projetos e um gerente. Atualmente a incubadora hospeda 23 empresas, sendo q= ue 26 já se graduaram. Entre as 16 empresas participantes da pesquisa, seis es= tão incubadas a menos de dois anos, quatro entre dois e cinco anos e seis há ma= is de cinco anos. Todos os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento L= ivre e Esclarecido.
A incubadora= de empresas de base tecnológica localizada no Sul do Equador, iniciou suas atividades no ano de 2015 como um projeto da Universidad Técnica Particu= lar de Loja. A incubadora é administrada pela Fundación para el Desarrol= lo Empresarial y Social e é a única no Equador que participa do ranking= UBI Global, que é a rede mundial de incubadoras e aceleradoras com sede na Suécia. Atualmente, a incubadora trabalha com 19 empresas nacionais e internacionais para promover ideias inovadoras nas áreas de tecnologias de comunicação, agroindústria, eletrônica e bio-empreendedorismo. Foram realiz= adas 22 entrevistas de um total de 45 empresas incubadas. Todos os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A coleta de = dados foi efetuada por meio de entrevistas semiestruturadas. Para tanto, elaborou= -se um roteiro, que foi utilizado tanto para as entrevistas realizadas com as empresas incubadas no Brasil quanto com as empresas incubadas no Equador, estruturado a partir dos principais elementos e respectivas características presentes nos seis modelos de compartilhamento do conhecimento identificado= s na literatura.
Os seis mode= los e seus principais elementos são: i) Modelo de Lee e Al-Hawamdeh (2002): clima, atores, canal e conhecimento; ii) Modelo de Ipe (2003): cultura, motivação, natureza do conhecimento e oportunidades; iii) Modelo de Tonet e Paz (2006): fonte, destinatário, conhecimento e contexto; iv) Modelo de Wang e Noe (201= 0): ambiente, indivíduos, motivações e percepções; v) Modelo de Rahman, Islan e Abdullah (2017): cultura, liderança, estrutura, comprometimento organizacio= nal, tecnologia da informação e comunicação (TIC) e suporte de gestão; e vi) Mod= elo de Farooq (2018): cultura, estrutura, sistema de recompensas, motivação, confiança interpessoal, suporte de gestão, TIC e tipo de indústria. =
Em seguida, verificou-se que dos 30 elementos que compõem os seis modelos de compartilhamento do conhecimento, 11 se repetiam e, portanto, foram excluíd= os, resultando em 19 elementos. Verificou-se ainda que estes 19 elementos possu= íam oito termos distintos que se referiam a um mesmo assunto, e então foi reali= zada uma padronização e constatou-se que, de fato, existem 17 elementos que comp= õem os modelos de compartilhamento do conhecimento identificados na literatura.= Em seguida, esses elementos foram agrupados em cinco categorias, como apresent= ado no Quadro 1:
Quadro 1 - Categorias e elementos do compartilhamento do conhecimento
|
Categorias |
Elementos |
|
Conhecimento e natureza do
conhecimento. |
|
|
Fonte, motivação, educação,
experiências de trabalho, sistemas de recompensas, confiança interpessoal=
e
oportunidades para compartilhar. |
|
|
Destinatário, motivação,
educação, experiências de trabalho, sistemas de recompensas e oportunidad=
es
para compartilhar. |
|
|
Contexto, clima, estrutura,
suporte de gestão, recompensas e incentivos, liderança, cultura,
características da equipe, coletivismo, tipo da indústria e comprometimen=
to
organizacional. |
|
|
Canal e TICs. |
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
A partir da categorização apresentada no Quadro 1, objetivando agrupar as característic= as dos elementos do compartilhamento do conhecimento, adotou-se o termo ‘definições operacionais’, que se referem aos procedimentos que descrevem c= omo medir uma variável (Sampieri; Collado; Lucio, 2013), para os elementos; e o termo ‘definições constitutivas’, que definem a variável com outros termos = (Sampieri; Collado; Lucio, 2013), para as características, tal como apresentado no Qua= dro 2:
Quadro 2 - Categorias, definições operac= ionais e definições constitutivas
|
CategoriasDefinições operacionaisDefinições constitutivasValidade, utilidade, ambigu=
idade
e tipos de conhecimento (tácito e explícito). |
|
Disposição que o portador do
conhecimento tem em assumir as consequências em relação ao compartilhamen=
to
do conhecimento, domínio do processo e do conhecimento, equipes estrutura=
das
de trabalho, fobia em relação ao uso de novas tecnologias, grau de
comunicação, habilidades pessoais, incentivos e recompensas,
incompatibilidade de personalidade, motivação, poder percebido, programas=
de
treinamento, reciprocidade, recompensas, redes sociais, relacionamentos,
reputação, superioridade em relação à etnia e direcionamento das ações
individuais para atingir os objetivos organizacionais. |
|
Apreciação da importância do
conhecimento, capacidade de absorção, equipes estruturadas de trabalho, f=
obia
em relação ao uso de novas tecnologias, habilidades como ouvinte, habilid=
ades
das pessoas de aplicar o conhecimento, de comunicar, de elaborar
questionamentos, de refletir, incentivos e recompensas, incompatibilidade=
de
personalidade, motivação, programas de treinamento, reciprocidade, redes
sociais, relacionamentos e direcionamento das ações individuais para atin=
gir
os objetivos organizacionais. |
|
Agressividade, apoio da alta
gestão, área de atuação da indústria, coordenação e supervisão das
atividades, crenças, cronograma do trabalho, cultura organizacional,
descentralização, erros de descaso, estabilidade, estrutura, exigências de
que as coisas sejam feitas sempre iguais, formalização, incentivos e
recompensas oferecidas, inovação, layout,
liderança, motivação, natureza do conhecimento, normas e procedimentos,
oportunidades para compartilhar o conhecimento, orientações da equipe,
pessoas favoráveis ao compartilhamento do conhecimento, premissas, respei=
to
pelas pessoas, sansões rígidas aos erros cometidos, subculturas, suporte =
de
gestão, tempo de serviço dos membros da equipe, tipos de liderança e valo=
res. |
|
Acesso à informação e
conhecimento armazenado nos bancos de dados e suporte das TICs. |
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
A partir de = um aprofundamento das definições constitutivas e considerando as peculiaridades das incubadoras de empresas de base tecnológica, tornou-se possível a elaboração dos fatores de análise do compartilhamento do conhecimento para = cada categoria obtida. O Quadro 3 apresenta as categorias, os fatores de análise= e os respectivos autores.
Quadro 3 - Variáveis, fatores de análise= e respectivos autores
|
CategoriasFatores de análiseAutores |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003) |
|
Ser compreensível, válido e=
útil. |
Tonet e Paz (2006) |
|
Bom relacionamento entre fo=
nte e
destinatário. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003) |
|
Habilidades pessoais e de
comunicação. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), T=
onet e
Paz (2006) |
|
Motivação para compartilhar=
o
conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003), Farooq (2018) |
|
Uso de redes sociais que ap=
oiam o
compartilhamento do conhecimento. |
Ipe (2003) |
|
Bom relacionamento entre fo=
nte e
destinatário. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003) |
|
Capacidade de absorção e de
aplicar e/ou utilizar o conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), T=
onet e
Paz (2006) |
|
Entendimento da importância=
do
conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002) |
|
Habilidade de elaborar
questionamentos que levem ao esclarecimento das informações recebidas. |
Tonet e Paz (2006) |
|
Programas de treinamento. |
Ipe (2003) |
|
Uso de redes sociais que ap=
oiam o
compartilhamento do conhecimento. |
Ipe (2003) |
|
Cultura organizacional favo=
rável
e clima de respeito. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003), Wang e Noe (2010), Rahman, Islan e Abdullah (2017), Farooq (2018)=
|
|
Área de atuação da organiza=
ção. |
Farooq (2018) |
|
Estrutura e layout adequado ao compartilhamento do conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), T=
onet e
Paz (2006), Wang e Noe (2010), Rahman, Islan e Adbullah (2017) |
|
Motivação para o compartilh=
amento
do conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), I=
pe
(2003), Farooq (2018) |
|
Oportunidades para comparti=
lhar
conhecimento. |
Ipe (2003) |
|
Utilização de TICs para apo=
iar o
compartilhamento do conhecimento. |
Lee e Al-Hawamdeh (2002), F=
arooq
(2018) |
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Fundamentado= nesses fatores de análise, elaborou-se um conjunto de questões para investigar como ocorre o compartilhamento do conhecimento nas incubadoras de empresas de ba= se tecnológica que foram objeto do estudo. Em seguida, o conteúdo das 17 entre= vistas realizadas na incubadora brasileira foi transcrito, resultando em um corpus textual com 87 páginas. O conteúdo das 22 entrevistas realizadas na incubad= ora equatoriana também foi transcrito, obtendo-se um corpus textual com 55 páginas. Para ma= nter o anonimato, nenhum entrevistado é nominado, de tal forma que os nomes dos entrevistados serão trocados por letras do alfabeto para as entrevistas do Brasil e por números para as entrevistas do Equador.
Esta pesquis= a e respectivos instrumentos de coleta de dados foram submetidos ao Comitê de É= tica em Pesquisa para avaliação, com vistas a salvaguardar a dignidade, os direi= tos, a segurança e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa, e possui o Certificado = de Apresentação de Apreciação Ética número 32251420.1.0000.5539.
Por fim, foi=
realizada
a análise de dados nos dois corpus<=
/i>
textuais, que ocorreu por meio da técnica de análise de conteúdo na perspec=
tiva
de Bardin (2011), que possui três fases: análise prévia, exploração do mate=
rial
e tratamento dos resultados. Na fase de análise prévia, foram realizadas
leituras das entrevistas, buscando uma familiarização com o material. Para a
fase de exploração do material, foi utilizado o IRaMuTeQ, um software
gratuito baseado no ambiente estatístico do software R
(www.r-project.org) e na linguagem Python (
A AFC e CHD = utilizam como principal ferramenta de classificação o método descrito por Reinert, q= ue busca a similaridade das palavras e as separa em clusters (REINERT, 1993). A análise de similitude possibilita identificar as co-ocorrências en= tre as palavras e seu resultado traz indicações da conexidade entre as palavras. Nesse sentido, auxilia na identificação da estrutura de um corpus textual, distinguindo também as partes comuns e as especificidades em função das variáveis ilustrativas (descritivas) identificadas na análise (Camargo; Jus= to, 2013).
Por fim, na = fase de tratamento dos resultados, foi feita uma seleção dos conteúdos latentes presentes no material, seguida da análise dos dados obtidos.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Apresentaçã= o e Análise dos Resultados da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Bra= sil
O corpus tex= tual formado pelas entrevistas realizadas na incubadora de empresas de base tecn= ológica brasileira foi constituído por 17 textos (cada texto representando uma entrevista), separados em 291 segmentos de texto (ST), dos quais 219 ST for= am classificados pelo software, resultando em um aproveitamento de 75,2= 6%. O corpus textual analisado foi dividido – a partir do Método de Reinert, que produz clusters pela proximidade entre termos – em seis distintas classes, conforme demonstrado na Figura 1:
Figura 1 - Filograma das classes<= /p>
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa e gerados pelo IRaMuTeQ.
A partir dos= termos (formas) presentes em cada classe, tal como apresentado na Figura 1, do tes= te do qui-quadrado (X²) – que demonstra a força de ligação entre a forma (pala= vra) e a classe – e da análise de distribuição de frequência absoluta e relativa= , a seguinte categorização foi proposta: classe 1: treinamentos e capacitações; classe 2: interações; classe 3: ambientes físicos e virtuais; classe 4: parcerias; classe 5: conhecimento e compartilhamento do conhecimento; e cla= sse 6: apoio ao desenvolvimento de produtos, serviços e inovações.
Nesse sentid= o, verifica-se que a classe 1 demonstra como a incubadora disponibiliza cursos= e treinamentos para as empresas incubadas, principalmente, sobre marketing, vendas e gestão. A classe 2 retrata como acontecem as interações na incubad= ora. Nesse sentido, alguns entrevistados apontaram que sempre ocorrem reuniões em que as empresas incubadas apresentam seus produtos, possibilitando a realiz= ação de sinergias e compartilhamento de conhecimentos.
A classe 3 d= emonstra os ambientes físicos e virtuais que as empresas incubadas utilizam para realizar interações, bem como para compartilhar conhecimento. Dentre os ambientes físicos destacam-se os espaços comuns, tais como auditório e sala= s de reuniões. Em relação aos ambientes virtuais, os entrevistados mencionaram o grupo de WhatsApp com os empresários das empresas incubadas, e-mail e videoconferência.
A classe 4 a= presenta como são constituídas as parcerias existentes na incubadora com instituições externas, tais como as de ensino e pesquisa. Além disso, apresenta as principais instituições que realizam parcerias com a incubadora e com as empresas incubadas, que é uma universidade pública e uma universidade priva= da. O entrevistado A deixou isso em evidência em sua entrevista:
A incubadora oferece oportunidades de acessos e parcerias com universidades e instituiçõ= es de pesquisa e desenvolvimento, como exemplo, nós tivemos um projeto desenvolvido com a engenharia química e moda de uma universidade pública, no desenvolvimento de coloração da seda com produtos naturais (entrevistado A)= .
A classe 5 t= raz os tipos de conhecimentos que são compartilhados e como ocorre esse compartilhamento, destacando-se os principais motivadores para o compartilhamento do conhecimento, como as dúvidas que os empresários possue= m e a busca pela inovação. O relato do entrevistado Q evidencia isso:
Considero q= ue os conhecimentos compartilhados com as empresas incubadas fazem toda a diferen= ça, pois quando uma pessoa busca a incubadora para instalar sua empresa, ela não vem só porque o aluguel é mais barato. Ela busca aquilo que sozinha ela não conseguiria, como acesso a universidades e laboratórios (Entrevistado Q).
A classe 6 a= presenta as ações da incubadora para apoio ao desenvolvimento de produtos, serviços e inovações das empresas incubadas. Dentre as principais ações, os entrevista= dos citaram as parcerias entre as próprias empresas incubadas que são facilitad= as pela incubadora, os cursos promovidos e parcerias com outras empresas para fomentar o aporte financeiro das empresas incubadas.
Outra forma = de apresentar os resultados desta pesquisa, obtidos por meio das entrevistas e demonstrando a relação entre as palavras e radicais, é por meio da AFC. Essa análise demonstra os ST mais característicos de cada classe, considerando s= ua frequência de incidência, representando-as em um plano cartesiano, tal como demonstrado na Figura 2.
Figura 2 – AFC
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa e gerados pelo software IRaMuTeQ
Na Figura 2,= cada cor representa uma classe. No quadrante (Q1) predominam as classes 4 (‘parcerias’) e 6 (‘apoio ao desenvolvimento de produtos, serviços e inovações’), visto que as parcerias viabilizam o desenvolvimento de inovaçõ= es. Isso foi constatado quando o entrevistado H relatou que desenvolveu um prod= uto inovador em parceria com um professor de uma universidade pública.
Como já era = de se esperar, as classes 2 (‘interações’), 5 (‘conhecimento e compartilhamento do conhecimento’) e 6 (‘apoio ao desenvolvimento de produtos, serviços e inovações’) estão no mesmo quadrante (Q2), uma vez que o apoio oferecido pe= la incubadora às empresas incubadas para que possam desenvolver seus produtos, serviços e inovações depende do conhecimento e do compartilhamento do conhecimento, e isto ocorre a partir das interações entre a incubadora e as empresas incubadas. A classe 6 é a classe central, tendo em vista que expre= ssa uma das principais funções da incubadora, que é a de prover apoio para que o desenvolvimento de produtos, serviços e inovações ocorra. Para que isso se concretize, portanto, verifica-se que as ações contidas nas classes 2 e 5 s= ão fundamentais.
As classes 1 (‘treinamentos e capacitações’) e 2 (‘interações’) estão no mesmo quadrante (Q3), uma vez que nos treinamentos e capacitações realizados na incubadora acontecem algumas interações entre as empresas incubadas, como demonstrado = no relato do entrevistado H: “Os cursos e treinamentos são totalmente imersivo= s em relação ao compartilhamento do conhecimento, neles temos trocas de vivência= s e compartilhamento do conhecimento entre as empresas incubadas, além da possibilidade das empresas incubadas se auxiliarem”.
As classes 3 (‘ambientes físicos e virtuais’) e 4 (‘parcerias’) apresentam-se aglutinada= s no mesmo quadrante (Q4), visto que as parcerias se concretizam a partir das relações que ocorrem nos ambientes físicos e virtuais.
4.2 Apresentaçã= o e Análise dos Resultados da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Equ= ador
O corpus tex= tual formado pelas entrevistas realizadas na incubadora de empresas de base tecn= ológica do Equador foi constituído por 24 textos (cada texto representando uma entrevista), separados em 631 ST, dos quais 386 ST foram classificados pelo= software, resultando em um aproveitamento de 61,17%. O corpus textual analisado também foi dividido, a partir do Método de Reinert, em quatro distintas classes, conforme demonstrado na Figura 3:
Figura 3 - Filograma das classes<= /p>
20=
,7 % 37,8% 20=
,7% 18,4% 23=
,1%
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa e gerados pelo IRaMuTeQ.
A partir dos= termos (formas) presentes em cada classe, tal como apresentado na Figura 3, do tes= te do qui-quadrado (X²) e da análise de distribuição de frequência absoluta e relativa, a seguinte categorização foi proposta: classe 1: interações e motivações; classe 2: ambientes e informações; classe 3: conhecimentos compartilhados; e classe 4: parcerias.
A classe 1 d= emonstra como ocorrem as interações na incubadora e as motivações para tal, que estão relacionadas à busca pela inovação, como pode ser verificado no fragmento da entrevista realizada com o Gestor 14:
Con respect= o a la relación entre empresas incubadas existe bastante interacción entre empresa= s, todos están abiertos a dialogar con cualquier emprendimiento, sin embargo, = no ha existido iniciativa personal en participar con otros grupos. La cultura organizacional es favorable para el compartir de conocimiento, todo gira alrededor de la innovación, existe una cultura muy innovadora dentro de la incubadora (Gestor 14).
A classe 2 a= presenta os ambientes físicos e virtuais que as empresas incubadas utilizam para realizar suas interações, bem como para compartilhar informações. Faz-se importante destacar que alguns entrevistados citaram que o ambiente físico é mais propício para a troca de informações, pois é mais dinâmico.
A classe 3 t= raz os conhecimentos que são compartilhados pelas empresas incubadas, demonstrando= que os conhecimentos que são mais compartilhados estão relacionados ao desenvolvimento dos negócios das empresas incubadas, tal como pode ser observado no fragmento da entrevista com o Gestor 8:
Dentro del compartir de conocimiento con mi empresa, la incubadora da una perspectiva diferente de las cosas, brindan una visión de que es lo que está pasando a nivel mundial y como aplicarlo al emprendimiento y en todas las áreas que se maneja, se ha socializado temas acerca del equipo multidisciplinario, model= o de negocios, clientes y como monetizar (Gestor 8).
Já no que diz respeito à inovação, não houve um consenso, tendo-se em vista que os gestor= es de algumas empresas incubadas relataram que o conhecimento compartilhado tem contribuído para a promoção da inovação, enquanto outros gestores afirmaram= o oposto.
A classe 4 a= presenta as parcerias concretizadas pelas empresas incubadas e pela incubadora, destacando-se as instituições de ensino e pesquisa, como a Universidad Católica de Loja (UTPL), além das ferramentas utilizadas para que as conexões entre as instituições sejam realizadas, tal como o Whatsapp.
A partir da = AFC, verifica-se que as classes 1 (‘interações e motivações’) e 2 (‘ambientes e informações’) encontram-se misturadas nos quadrantes 3 e 4. Tal relação já = era esperada, uma vez que as interações entre as empresas incubadas e a própria incubadora ocorrem nos ambientes físicos e virtuais e que, a partir dessas interações, acontece a troca de informações – algo que é vital para o desenvolvimento dos negócios das empresas e para a promoção da inovação.
Figura 4 – AFC
Q4 Q3 Q2 Q1
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa e gerados pelo software IRaMuTeQ
Já a classe 3 (conhecimentos compartilhados) encontra-se isolada no quadrante 1 do plano cartesiano, enquanto a classe 4 (parcerias) situa-se no quadrante 2. Faz-se importante destacar que os conhecimentos compartilhados dependem diretamente das interações e das parcerias realizadas pelas empresas incubadas e pela incubadora e que estes conhecimentos são vitais para o desenvolvimento dos negócios e promoção da inovação das empresas incubadas. Neste sentido, esperava-se que estas duas classes estivessem no mesmo quadrante.
5 CONCLUSÃO
O conhecimen= to possui um papel expressivo no ambiente corporativo, sendo considerado, na a= tualidade, fonte de vantagens competitivas. Portanto, compartilhar conhecimento é vital para as organizações, uma vez que promove a troca de conhecimentos em diferentes níveis da organização, apoiando o aprendizado e a incorporação do conhecimento em rotinas, produtos e serviços da empresa, assim como favorec= endo sua capacidade inovativa.
Em razão da = importância da inovação para as empresas, existem locais plane= jados que propiciam a disseminação do conhecimento a fim de gerar inovação e competitividade às organizações. As incubadoras de empresas de base tecnológica, objeto deste estudo, são um desses locais, que apoiam as unida= des de negócios visando seu desenvolvimento e a inovação.
Desse modo, o objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise comparativa de como ocorre= o compartilhamento do conhecimento em uma incubadora de empresas de base tecnológica, com vistas a favorecer o processo de inovação, no Brasil e no Equador. A partir de uma revisão de literatura, identificou-se seis modelos= de compartilhamento do conhecimento, seus elementos e respectivas característi= cas. Esses elementos, agrupados em cinco categorias, são: conhecimento, fonte, destinatário, contexto e canal. O conhecimento diz respeito às característi= cas do conhecimento que será compartilhado; a fonte se refere aos indivíduos que compartilham o conhecimento; o destinatário é o receptor do conhecimento; o contexto relaciona-se aos elementos relativos ao ambiente organizacional; e= o canal é o meio no qual o conhecimento é compartilhado. Conclui-se, portanto, que essas variáveis são essenciais para que o compartilhamento do conhecime= nto ocorra no ambiente corporativo.
A partir das características desses elementos, identificadas na literatura, foi elaborad= o um roteiro que instrumentalizou a realização de entrevistas com empresas incub= adas em uma incubadora de base tecnológica brasileira e outra equatoriana. Essas entrevistas permitiram constatar os fatores que influenciam no compartilham= ento do conhecimento nesses ambientes.
Em relação à incubadora equatoriana, en= tre os fatores que influenciam no compartilhamento de conhecimento estão as parcer= ias realizadas pelas empresas incubadas e incubadora, com destaque para as instituições de ensino e de pesquisa; as interações na incubadora e respect= ivas motivações, as quais estão voltadas principalmente para a busca pela inovaç= ão; os ambientes – tanto físicos como virtuais - que as empresas incubadas util= izam para realizar suas interações e compartilhar informações; e os conhecimentos compartilhados pelas empresas incubadas, sendo que a maioria está relaciona= do ao desenvolvimento dos negócios das empresas incubadas. Desse modo, observa-se haver uma similaridade entre as incubadoras de base tecnológica brasileira e equatoriana no que tange aos fatores que levam ao compartilham= ento do conhecimento nesses ambientes.
Os ST mais característicos na incubadora brasileira referem-se a ‘treinamentos e capacitações’ e ‘interações’, haja vista que é durante os treinamentos e capacitações que acontecem interações entre as empresas incubadas, assim co= mo a ‘ambientes físicos e virtuais’ e ‘parcerias’, vez que as parcerias ocorrem a partir das relações que se sucedem nos ambientes físicos e virtuais. Já na incubadora equatoriana, destacam-se as parcerias, que acontecem principalme= nte entre instituições de ensino e pesquisa.
Assim, os da= dos obtidos com pesquisa possibilitam reconhecer que o conhecimento compartilha= do favorece a inovação, uma vez que restou claro que a incubadora apoia o desenvolvimento de produtos, serviços e inovações por meio de parcerias, cu= rsos e treinamentos realizados por pessoas qualificadas e suporte de espaço físi= co. Ademais, a incubadora oferece oportunidades de acesso e de realização de pa= rcerias com universidades e instituições de pesquisas, o que contribui para que os conhecimentos sejam aplicados nas empresas incubadas. Portanto, parcerias, interações e o próprio ambiente são vitais para favorecer o compartilhament= o do conhecimento, com vistas a apoiar a inovação.
O estudo rea= lizado apresentou no mínimo duas limitações: o fato de se tratar de um estudo de caso único em cada país e as entrevistas não contemplarem as empresas graduadas.
Como estudos= futuros sugere-se prosseguir com pesquisas visando a desenvolver modelos inerentes = ao compartilhamento do conhecimento para habitats de inovação, assim como examinar este processo em outras incubadoras de empresas e identificar práticas de compartilhamento do conhecimento direcionadas a esses ambientes. Ademais, acredita-se também que compreender como ocorre o compartilhamento do conhecimento em outros habitats de inovação, tais como aceleradoras, escritórios de transferência de tecnologia, parques tecnológicos, cowork= ing e startups, pode contribuir para avançar os estudos nesse campo.
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