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=
Sustentabilidade na gestão da
cadeia de suprimentos do café: um estudo a partir da perspectiva do consumi=
dor
Sustainabili=
ty in
coffee supply chain management: a study from the consumer's perspective
Isab=
ela
D’Elia de Paula Falqueto
https:=
//orcid.org/0009-0005-2610-7134
Graduanda em Engenharia de Produção. Faculdades =
de
Campinas (FACAMP) – Brasil. E-mail: falquetoisabela@gmail.com
Paolo Edoardo Coti-Zelati
https://orcid=
.org/0000-0002-4572-8308
Doutor em Administraç=
ão
de Empresas. Faculdades de Campinas (FACAMP) – Brasil. E-mail:
paolo.coti-zelati@facamp.com.br
Davi Lucas Arruda de Araújo<=
/span>
https://orcid=
.org/0000-0001-9502-1063
Doutor em Administraç=
ão
de Empresas. Faculdades de Campinas (FACAMP) – Brasil. E-mail:
davi.araújo@facamp.com.br
<=
/o:p>
RESUMO
As
organizações se moldam a partir da busca pela adaptação da economia dinâmic=
a no
mercado, resultado de fatores que lhes darão vantagens competitivas para se
sobressaírem perante seus concorrentes. Ademais, é percebido que as empresas
buscam cada vez mais a inserção da responsabilidade social em seus processos
durante toda a sua cadeia de suprimentos, como forma de se adequarem às nov=
as
regulamentações ambientais e desejos dos seus clientes. Deste modo, o prese=
nte
artigo aborda, como objetivo central, qual é o grau de aderência das dimens=
ões
de sustentabilidade no contexto da gestão cadeia de suprimentos do café, a
partir da perspectiva do consumidor, em relação às perspectivas ambientais,
econômicas e sociais, visto que o café orgânico é parte desta inserção
sustentável. Para este trabalho, desenvolveu-se uma pesquisa descritiva de
natureza quantitativa. A partir desta análise, concluiu-se que há uma forte
aderência à sustentabilidade por parte dos consumidores.
Organizations mold themselve=
s to
achieve their quest for dynamic economic adaptation in the market. Therefor=
e,
these issues will give them a competitive advantage to stand out as a power=
ful
competitor. Furthermore, it is noticed that organizations seek to insert so=
cial
responsibility in their links in the chains, as a method to adjust themselv=
es
to the new environmental regimentations and to achieve their consumer's aim=
s.
This article intends to analyze the adherence degree of sustainability
dimensions in the context of supply chain management through the consumer
perspective concerning environmental, economic, and social perceptions.
Therefore, this work developed descriptive research of a quantitative natur=
e.
In conclusion, it was settled that consumers have a solid adherence to
sustainability. =
Keywords:
Social responsibility. Supply Chain Management. Sustainability.<=
/span>
<=
/o:p>
Recebido
em 22/09/22023.Aprovado em 27/12/=
2023.
Avaliado pelo sistema double blind =
peer
review. Publicado conforme normas da ABNT.
https://doi.org/10.22279/navus.v13.1809
1
INTRODUÇÃO
A Revolução
Industrial a partir do século XVIII trouxe grandes mudanças no cenário
capitalista em escala global. Desde então, a competitividade entre as empre=
sas
tem avançado cada vez mais. Assim, a partir de Cavalcante e Silva (2011) é
importante ressaltar que este movimento revolucionário iniciou a transição =
do
capitalismo comercial para o industrial. Deste modo, o método mercantilista,
cujo principal objetivo era enriquecer a burguesia e fortalecer o Estado, f=
icou
obsoleto, cedendo lugar às produções industriais em larga escala que, em sua
maioria, era realizada por máquinas.
Entretanto, =
a partir
do término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o capitalismo sofreu cri=
ses
que afetaram seu funcionamento, como a Quebra da Bolsa de Valores de Nova Y=
ork,
que fez o modelo ser revisto. Destarte, na década de 1970 houve a chamada
Terceira Revolução Industrial, advinda da Era da Informática, que alastrou a
tecnologia e permitiu a globalização das empresas.
Deste modo, a
concorrência entre as organizações avançou em escala mundial, fazendo com q=
ue
tivessem que elaborar uma estratégia para se sobressair perante as demais, =
com
diferenciais que atrairiam seus consumidores de forma vitalícia, como cita
Arantes, Jabbour e Jabbour (2013). Ademais, a conquista por clientes não é a
única tática, visto que a competitividade empresarial estimula as organizaç=
ões
a considerar todas as suas cadeias produtivas em uma perspectiva “win-win”, nos quais os aspectos
econômicos e ambientais são concomitantemente melhorados, sem comprometê-lo=
s,
no intuito da diferenciação por meio de um desempenho ambiental superior.
Destarte, co=
m essa
nova configuração, surge uma nova abordagem gerencial, que a partir de Sark=
is et al. (2011) é chamada de Green Supply Chain Management (GSC=
M), ou
em português, Gestão da Cadeia de Suprimentos.
A gestão na =
cadeia
de suprimentos (GCS) é um ramo de concentração de empresas que se conectam,=
no
intuito de distribuir produtos. Deste modo, este tipo de gestão abarca todo=
o
processo produtivo de um determinado produto, desde a fabricação das
matérias-primas, até o produto final nas mãos do cliente.
Segundo Brit=
o e
Berardi (2010), a GCS é primordial para a definição estratégica da área de =
uma
empresa, que pode ser competição global, ciclo de vida de produtos, compree=
nsão
de tempo em diferentes etapas da cadeia e outsourcing. Assim, a aptidão em
estabelecer um duradouro e resistente relacionamento com os stakeholders e parceiros estratégi=
cos, é
crucial para a criação de vantagem competitiva.
Diante deste
contexto, entender como é a estrutura da GCS e analisar as diferentes formas
das empresas lidarem com os seus concorrentes no mercado a fim de obter a
máxima satisfação do cliente, é intrigante e necessário. Desta forma, de ac=
ordo
com os pensamentos de Anacleto, Garcia e Lezana (2010), a inserção de uma
determinada empresa altera diretamente a sociedade que está ali inserida e o
espaço urbano, ou seja, modifica este, pois ela gera empregos e aumenta os
impostos que se reverterão em benefícios sociais; modifica aquela, pois
converte a influência de seus produtos em padrões de consumo.
Todavia, este
alcance não deve ser obstinado apenas à retenção de lucro, mas sim estar
concomitantemente ligado aos interesses dos stakeholders
– clientes, fornecedores, governo, funcionários, comunidade. Ademais, em um
mundo no qual a preservação da natureza está cada vez mais iminente, a adoç=
ão
de práticas sustentáveis é uma forma cada vez mais bem quista pelas empresa=
s e,
principalmente, pelos clientes.
Deste modo, =
cada
empresa, aliada à tecnologia, precisa manter uma estratégia para a retenção=
e a
fidelidade dos seus clientes, pois eles são seus principais stakeholders, ou seja, são os prin=
cipais
mantenedores da instituição. Outrossim, de acordo com Ghemawat (2007), ter =
um
planejamento estratégico é de suma importância para a empresa alcançar uma
posição defensável no mercado, ou seja, buscar uma condição em que ela util=
ize
suas forças competitivas – ou vantagens competitivas - ao seu favor.=
Ademais, o g=
anho de
vantagens competitivas relacionadas à implantação de responsabilidade social
nas empresas cresce continuamente, pois segundo Brito e Berardi (2010), a
interação com os stakeholders
primários ou secundários requer a insurgência de atitudes ambientais avança=
das,
em termos de tratamento dado às demandas e a configuração das respostas
elaboradas para esses clientes.
Em face dess=
as
premissas, a questão central que esta pesquisa busca responder é: qual é o =
grau
de aderência das dimensões de sustentabilidade no contexto da gestão cadeia=
de
suprimentos do café, a partir da perspectiva do consumidor?
De tal forma=
que o
objetivo geral desta pesquisa é, a partir da perspectiva do consumidor,
identificar a aderência das dimensões de sustentabilidade na gestão da cade=
ia
de suprimentos do café, a partir da perspectiva do consumidor. Para compor =
os
objetivos específicos este estudo busca: (a) verificar o grau de associação
entre cada dimensão da sustentabilidade; (b) analisar a dimensão ambiental =
de
sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos do café; (c) analisar a
dimensão econômica de sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos do
café; (d) analisar a dimensão social de sustentabilidade na gestão da cadei=
a de
suprimentos do café;
O presente a=
rtigo
está estruturado em cinco seções. Além desta introdução, foi desenvolvido um
referencial teórico sobre a sustentabilidade e gestão da cadeia de suprimen=
tos.
Na sequência foram apresentados os procedimentos metodológicos. A seguir fo=
ram
apresentados e analisados os resultados. Por fim, foi desenvolvida a conclu=
são
deste estudo.
<=
/o:p>
2 SUSTENTABILID=
ADE NO
CONTEXTO DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
<=
/o:p>
De acordo com Ballou (2007), a Gestão da Cad=
eia de
Suprimentos (GCS) teve início com a coordenação de todo o canal de suprimen=
to,
no qual é uma questão que envolve a logística de negócios e a distribuição
física, nos quais surgiram em meados de 1960 e 1970. Assim, a GCS abarca a
compra e o gerenciamento do fluxo de materiais, assumindo uma perspectiva
tridimensional que compreende a administração de processos e as atividades
referentes à logística, à coordenação interfuncional entre áreas de uma mes=
ma
empresa e à coordenação inter-organizacional entre as empresas que compõem o
canal (Bowersox et al., 2014; C=
hristopher,
2012). Já para Costa et al. (20=
17, p.
155) “a cadeia de suprimentos passou por uma alteração com o intuito de
integrar todos os membros do canal”.
A definição de Cadeia de Suprimentos, a part=
ir Simchi-Levi,
Kaminsky e Simchi-Levi (2010) é dada por conjunto de atividades funcionais,
como transporte, controle de estoque etc., que se repetem diversas vezes por
toda a extensão do canal, percurso pelo qual as matérias-primas,
gradativamente, são convertidas em produtos acabados e que no fim, agregam
valor ao consumidor.
Ademais, para Costa et al. (2017) os focos principais da GCS são: fluxo de materiai=
s,
serviços ou informações; stakeholde=
rs
em geral, incluindo clientes, consumidores e fornecedores; criação de valor;
eficiência; desempenho; relacionamento de redes internas e externas e
coordenação intra ou inter organizacional
Outrossim, a definição que mais caracteriza =
a GCS
é a integração de processos de negócios, desde o consumidor final até os
fornecedores originais, que provém produtos, serviços e informações que
adicionam valor aos consumidores. Assim, não obstante a GCS ser uma importa=
nte
ferramenta para as empresas, pois integra todos os processos produtivos, é
importante salientar que este método é derivado do capitalismo, que fez com=
que
o modo de pensar e agir das empresas fosse sempre baseado em estratégias pa=
ra a
retenção cada vez maior do seu público alvo. Deste modo, tornaram-se cada v=
ez
mais comuns as abordagens sustentáveis nas organizações, como forma de atra=
ir
uma quantidade cada vez maior de clientes (Christopher, 2012; Pires, 2016;
Ribeiro, 2012).
A partir de 1990, a percepção para adicionar
competitividade na cadeia de suprimentos teve início, pois foi um período em
que houve uma evolução da agenda socioambiental na formulação da estratégia
empresarial, a partir da percepção que essas práticas voltadas à
responsabilidade social eram fontes de vantagens competitivas. Ademais, seg=
undo
Brito e Berardi (2010) a pressão regulatória foi um forte estímulo à inovaç=
ão
nas empresas, superando a inércia e incentivando a criatividade nas
organizações.
É sabido que a gestão ambiental da cadeia de
suprimentos, durante muitos anos, não foi priorizada pelas empresas, visto =
que
estas apenas cumpriam as legislações de forma reativa. Deste modo, de acordo
com Jabbour (2013), a gestão ambiental passou por diversas etapas em difere=
ntes
organizações e era considerada como um mal necessário, até a década de 1990,
ponto em que ela começou a ser estudada e foi vista como vantagem competiti=
va
em uma concepção proativa. Assim, atualmente, a preocupação ambiental
ultrapassa os limites das organizações, de modo que atinja toda a cadeia de
suprimentos.
Ademais, a partir de Jabbour (2013), a gestão
ambiental deve estar integrada aos elos da cadeia de valor, incluindo as
atividades de projeto de produto, compras, produção, embalagem, logística e
distribuição, ou seja, deve estar alinhada aos elos de produção à jusante e=
à
montante, inerentes a toda cadeia de suprimentos.<=
/p>
Em vista disso, a responsabilidade social, a
partir da década de 1990, tornou-se imprescindível para as empresas, uma vez
que começou a ser parte de uma estratégia para gerar vantagens competitivas.
Outrossim, os hábitos alimentares da população também mudaram e, de acordo =
com
Coti-Zelati et al. (2018), essas
transformações instigaram as empresas do setor de alimentos e bebidas a
passarem por diferenciações nas estratégias administrativas, para assim, ir=
em
em busca do sucesso.
A sustentabilidade, ultimamente, tem sido o =
fator
decisivo para a posição de destaque de uma empresa. Todavia, é importante
ressaltar que essa competição por prestígio começou na Revolução Industrial
(RI), pois, a partir de Cavalcante e Silva (2011) a RI consolidou o capital=
ismo
e aumentou a forma de produtividade do trabalho, indo muito além da ideia de
desenvolvimento, uma vez que originou uma visão reestruturada dos
comportamentos sociais, das formas de acumulação de capital, dos modelos
políticos e da percepção de mundo.
Apesar do capitalismo ser um procedimento de=
lucro
para as grandes empresas, é importante mencionar que há grandes impactos
ambientais envolvidos neste processo. Assim, de acordo com Ribeiro (2012), =
o assunto
sustentabilidade tem recebido grande zelo em escala mundial, devido aos
impactos globais agravados nos últimos anos como o aquecimento do planeta,
exploração dos recursos naturais finitos e a crescente degradação ambiental.
Deste modo, o desenvolvimento sustentável tem trazido mais conscientização =
por
parte da sociedade e das organizações.
Para enfatizar, a Comissão Brundtland da Org=
anização
das Nações Unidas de 1991 caracteriza o desenvolvimento sustentável como “o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (Ribe=
iro,
2012, p. 21). Desta forma, tem o objetivo de promover a conciliação entre m=
eio
ambiente e cadeia de suprimentos.
A partir deste novo contexto, passou-se a di=
scutir
a gestão ambiental dentro da cadeia de suprimentos, que em inglês é chamada=
de
Green Supply Chain Management (GSCM). Segundo Jabbour (2013, p. 104), “o GS=
CM
vem ganhado o interesse entre pesquisadores e praticantes da área de operaç=
ões
e gestão da cadeia de suprimentos”.
Outrossim, de acordo com Jaegler (2014) o
interesse pela sustentabilidade é multidimensional, principalmente no que t=
ange
à cadeia de suprimentos. Isso ocorre devido: à redução de custos através de=
um
uso eficiente dos recursos disponíveis, aumento da reputação e da imagem,
construção de determinação, geração de uma licença operante e razões para
construir uma resiliente e confiável cadeia de suprimentos.
O interesse pela inserção da sustentabilidade
pelas empresas provém de diversos motivos, podendo ser explicitados, a part=
ir
de Dias (2012), que afirma que há empresas que são reativas a pressões
externas, e há empresas que são proativas, buscando adicionar valor ao seu
produto e ao seu negócio através dessas práticas. Igualmente, de acordo com
Andrade (2012), outro fator determinante para a inserção da sustentabilidade
nas empresas é a crescente possibilidade de acesso a novos mercados, diante=
da
comprovação de que certos países demonstram valorizar produtos produzidos
dentro de padrões que respeitem o meio ambiente. <=
/p>
Como forma de enfatizar os benefícios da ges=
tão
ambiental dentro da cadeia de suprimentos, segundo Sellitto et al. (2013) o GSCM envolve
fornecedores e distribuidores e, deste modo, a incorporação de critérios
ambientais nas decisões de compras e nas relações com os fornecedores, assim
como o compartilhamento de riscos ambientais e a transferência de tecnologia
têm se destacado ultimamente. Como resultado, as reduções de custos e
desperdícios têm sido notadas nas organizações, o que aproxima o GSCM da
abordagem enxuta de gestão.
Além disto, de acordo com Luna (2020) o GSCM
redesenha a cadeia de suprimentos, incorporando práticas tais como reciclag=
em
de materiais, remanufatura, reutilização de sobras e projeto voltado ao meio
ambiente, minimizando o impacto total da atividade industrial ao longo do c=
iclo
de vida do produto. Todavia, além de promover a conscientização ambiental, a
partir de Oliveira et al. (2022=
) a
GSCM visa também aumentar a competitividade na cadeia de suprimentos.<=
/o:p>
Ademais, a sustentabilidade praticada pelas
empresas, com o intuito de gerar vantagens competitivas não é apenas um
benefício individual, visto que a partir de Venturini (2015, p. 4) “a
sustentabilidade ambiental surge como uma prática que busca preservar a
natureza na proposição econômica e nas técnicas do desenvolvimento,
estabelecendo categorias ecológicas de fabricação que garantam a sobrevivên=
cia
e um bom futuro para as próximas gerações”. Assim, ao fazer um uso mais
consciente dos recursos provenientes da natureza, a empresa está, ao mesmo
tempo, favorecendo toda a sociedade à sua volta.
Em suma, é preciso fazer a relação entre
responsabilidade social e vantagem competitiva, pois de acordo com Brito e
Berardi (2010) as práticas ambientais podem ser geradoras de vantagens
competitivas por meio de estratégias de baixo custo ou diferenciação confor=
me
as dimensões de competitividade. Outrossim, a partir de Gomes (2011) a busca
por vantagem competitiva é uma prioridade para as empresas que operam em
ambiente global e complexo, de forma a garantir a capacidade de gerar valor=
de
longo-prazo, ou seja, é impossível para uma empresa obter lucro e prestígio=
, em
uma escala global, sem possuir vantagens competitivas. Logo, em um mundo no
qual há uma vasta gama de empresas que buscam a melhor forma de se sobressa=
írem
no mercado, assim como a preservação da natureza e boas práticas ambientais
estão cada vez mais necessárias, este estudo torna-se indispensável.
=
3 PROCEDIMENTOS=
METODOLÓGICOS
<=
/o:p>
Nesta pesqui=
sa,
adotou-se o caráter de pesquisa descritivo de natureza quantitativa, uma vez
que este método é o mais indicado para analisar a influência do desenvolvim=
ento
sustentável na gestão da cadeia de suprimentos do café, a partir da perspec=
tiva
do consumidor. Deste modo, a partir de Marconi e Lakatos (2003), o método
quantitativo na pesquisa, na maioria das vezes, é usado para examinar as
relações entre as variáveis e verificar a consistência de hipóteses que for=
am
levantadas no referencial teórico. Ademais, segundo Creswell (2007), a pesq=
uisa
quantitativa traz maior confiabilidade na apuração dos levantamentos e padr=
ões
adicionais, no intuito de fazer alegações dos conhecimentos, que podem resu=
ltar
em interpretação significativa dos dados.
Em relação à
pesquisa descritiva, de acordo com Gil (2008), esta tem como principal obje=
tivo
estabelecer relações de variáveis através de descrições de determinadas
populações ou fenômenos. Outrossim, o principal objetivo deste segmento de
pesquisa é identificar as respostas para os problemas através da aplicação =
de
procedimentos científicos.
A coleta de =
dados se
deu, por meio de um questionário, segundo a escala do tipo Likert (Hair et al., 2005), variando de 1 (pouco
importante) a 5 (muito importante), composto de 19 assertivas. As primeiras=
6
assertivas referiram-se às variáveis de controle, relacionadas ao perfil
demográfico dos respondentes. As 13 assertivas seguintes foram relacionadas=
às
dimensões de sustentabilidade orientada para o comportamento do consumidor a
partir da escala validada pelo estudo de Roth e Robbert (2012).
Foi adotada =
nesta
pesquisa uma amostra não probabilística, sendo que a partir de Vergara (201=
6),
este método corresponde às inferências extraídas das amostras que devem ser=
observadas,
pelo fato das limitações desse tipo de abordagem. É importante ressaltar qu=
e o
universo deste estudo foi caracterizado por consumidores de café. Ademais, o
questionário foi enviado para um número difícil de calcular, visto que foi
disparado em diversas redes de comunicação sociais, sendo difícil de mensur=
ar,
obtendo o retorno de 257 questionários, através da plataforma Google Forms.=
Quanto à del=
imitação
do estudo, pode-se dizer que este trabalho foi de corte transversal, uma vez
que a coleta de dados e análise dos resultados ocorreram dentro de um mesmo
espaço de tempo em que se mantiveram as mesmas condições sociais, políticas=
e
econômicas (Pinsonneault; Kraemer, 1993). O presente estudo não teve como f=
oco
uma coleta de dados longitudinal, ou seja, se a percepção dos respondentes
poderia mudar com o tempo (Vergara, 2016).
Para análise=
dos
resultados foram utilizadas algumas técnicas, teste de normalidade, análise
fatorial e análise das correlações. Foi utilizado o programa IBM SPSS
Statistics 24 para processamento dos dados e obtenção e dos resultados. Para
validar a pesquisa, foram utilizados como índices: Alpha de Cronbach, Carga
Fatorial Confirmatória, Comunalidades, Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO),
Variância Total Explicada e as Medidas de Adequação de Amostragem (MSA).
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTAD=
OS
=
A amostra foi com=
posta
por 257 questionários preenchidos por consumidores de café. Durante a capta=
ção
dos dados (feita de forma anônima), foi deixado claro que a pesquisa era es=
tritamente
de caráter acadêmico, sendo os dados coletados usados estritamente para fin=
s de
pesquisa e análise.
A análise dos dad=
os
coletados na pesquisa de campo se inicia com uma apresentação descritiva da
amostra do perfil dos respondentes quanto ao consumo de café. Na Tabela 1
encontram-se as informações preliminares.
A partir da análi=
se dos
dados, pode-se inferir que a maior parte dos respondentes foi de mulheres,
visto que corresponde à 58,40% do total de respondentes, seguido do grupo
masculino com 40,90%. Ademais, nota-se que a maioria dos respondentes toma =
café
de uma a duas vezes ao dia.
Uma característic=
a que
deve ser ressaltada nesta análise se refere à maioria das pessoas não saber=
se
já tomou um café de produção sustentável, o que corrobora com a questão de =
que
apesar das organizações estarem sempre buscando maneiras de se manterem
competitivos no mercado, na questão de abarcar a sustentabilidade para seus
processos, isso ainda pode não estar sendo visto pelos consumidores, uma vez
que grande parte ainda busca informações sobre sustentabilidade através de
pesquisas pelo Google, que dependendo da fonte, podem ser não confiáveis.
Apesar disso, a maioria acredita que um café orgânico traria grandes benefí=
cios
para a saúde, sendo uma das principais respostas na pesquisa, perdendo apen=
as
para a questão do sabor.
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
Tabela
1 - Descrição da amostra Perfil dos Respondentes
Gênero
Feminino
Masculino
Outros
58,40%
40,90%
0,70%
Idade
Até 18 anos
de 19 até 30 anos
De 31 até 50 anos
De 51 até 70 anos
A partir de 71
0,8%
26,1%
39,3%
30,4%
3,5%
Quantas vezes por dia toma café
Uma
Duas
Três
Mais que três
Nenhuma
29,60%
24,10%
16,30%
19,10%
10,90%
Onde você já consumiu/consome um café fruto d=
e produção
sustentável?
Cafeteria
Casa
Trabalho
Não sei/Nunca tomei<=
/p>
12,10%
40,90%
6,60%
40,50%
Você consome ou consumiria café orgânico=
Sabor
Responsabilidade Social
Equilíbrio Ambiental=
Saúde
Cheiro
34,20%
16%
16,30%
32,70%
0,80%
Como você obtém informações sobre o que é
sustentabilidade?
Rótulos/ Embalagens<=
/p>
Pesquisa (Google)
Redes Sociais
Revista especializada
Site da empresa
37,40%
40,90%
16,70%
2,70%
2,30%
Fonte:
dados da pesquisa.
Figura
1 - Tabulação cruzada entre o sexo e o local de consumo de café sustentável=
.
Fonte: dados da pesquisa.
Neste histograma =
de
tabulação cruzada, percebe-se que as mulheres são mais engajadas que os hom=
ens
em relação ao consumo de café sustentável. O café sustentável, talvez por s=
er
um café com maior valor agregado (e por consequência ter um preço mais elev=
ado)
é consumido em casa.
Na tabu=
lação
cruzada, observada na Figura 2, faz-se uma análise entre a periodicidade no
consumo de café e as razões para o consumo de café orgânico. Como já observ=
ado
a maior parte dos respondentes consome café uma (29,60) ou duas (24,10) vez=
es
ao dia e esta maioria afirma consumir café orgânico pelo seu sabor. As
contribuições para a saúde ficaram em segundo lugar entre as razões para o =
consumo
do café orgânico.
&n=
bsp;
Figura 2 - Tabulação cruzada entre periodicidad=
e no
consumo de café com as razões para o consumo de café orgânico.
&n=
bsp;
Fonte: dados da pesquisa.
4.1 Grau de associação entre cada dim=
ensão
da sustentabilidade
<=
/o:p>
A análise so=
bre os
coeficientes de correlação é um método estatístico para se medir as relações
entre variáveis e o que elas representam (Hair et al., 2009). O que a correlação procura entender é como uma
variável se comporta em um cenário onde outra está variando, visando identi=
ficar
se existe alguma relação entre a variabilidade de ambas. Embora não impliqu=
e em
causalidade, o coeficiente de correlação exprime em números essa relação, ou
seja, quantifica a relação entre as variáveis (HAIR et al., 2005). O coeficiente de correlação de Pearson (correlaç=
ão
linear ou r de Pearson) é o grau de relação entre duas variáveis quantitati=
vas
e exprime o grau de correlação através de valores, ou seja, quanto mais ele=
s se
aproximam de 1 ou -1, mais forte é a relação.
<=
/o:p>
Quadro 1 - Correlações: dimensão ambiental.
Cor=
relações
Sus=
t_Amb_1
Sus=
t_Amb_2
Sus=
t_Amb_3
Sus=
t_Amb_4
Sus=
t_Amb_5
Sus=
t_Amb_1
É importante para mim que uma emp=
resa
cuide do meio ambiente.
Correlação de Pearson<=
/span>
1
Sig. (bilateral)
N
257=
Sus=
t_Amb_2
É importante para mim que a produ=
ção
do café não prejudique nosso ambiente.
Correlação de Pearson<=
/span>
,71=
0**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
N
257=
257=
Sus=
t_Amb_3
Acho importante que os produtos (=
na
indústria do café) possam ser reciclados.
Correlação de Pearson<=
/span>
,64=
6**
,60=
3**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
Sus=
t_Amb_4
É importante para mim que produtos
sejam reutilizáveis na cadeia de suprimentos do café para conservar os recursos natura=
is.
Correlação de Pearson<=
/span>
,66=
0**
,63=
7**
,74=
6**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
257=
Sus=
t_Amb_5
É importante para mim que as empr=
esas
que fazem parte da produção/transformação do café reduzam suas emissões.<=
o:p>
Correlação de Pearson<=
/span>
,70=
5**
,65=
3**
,70=
3**
,61=
9**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
257=
257=
**. A correlação é significativa =
no
nível 0,01 (bilateral).
Fonte:
dados da pesquisa.
<=
/o:p>
Observa-se a=
partir
dos dados apresentados no Quadro 1 que, para a dimensão ambiental de
sustentabilidade, os indicadores apresentaram correlação significativa.
Todos os
coeficientes de correlação de Pearson apresentaram resultados significativos
(ou seja, entre -1 e 1). Portanto, é possível afirmar que existe uma relação
positiva entre os indicadores da dimensão ambiental de sustentabilidade que
fizeram parte do instrumento de coleta de dados elaborado a partir do model=
o de
Roth e Robbert (2012).
Além disso, é
possível observar que os resultados para a significância (p-valor) do teste=
de
Pearson foi de 0,000 para todos os indicadores o que indica a rejeição da
hipótese de que o coeficiente de correlação seja igual a zero, indicando que
existe uma relação significativa entre as variáveis testadas (Hair et al., 2005).
As correlaçõ=
es
obtidas para os indicadores da dimensão econômica de sustentabilidade també=
m se
mostraram significantes, ou seja, com valores entre -1 e 1. Entre esses
indicadores, consequentemente existe uma relação positiva, o que reforça a
aderência do modelo de mensuração utilizado neste estudo (Quadro 2).=
<=
/o:p>
Quadro 2 -
Correlações: dimensão econômica.
Cor=
relações
Sus=
t_Econ_1
Sus=
t_Econ_2
Sus=
t_Econ_3
Sus=
t_Econ_4
Sus=
t_Econ_1
É importante para mim que as empr=
esas
do setor do café tenham sucesso a longo prazo.
Correlação de Pearson<=
/span>
1
Sig. (bilateral)
N
257=
Sus=
t_Econ_2
É importante para mim que as empr=
esas
do setor do café obtenham lucros adequados para sobreviver no mercado.
Correlação de Pearson<=
/span>
,30=
5**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
N
257=
257=
Sus=
t_Econ_3
É importante para mim que as empr=
esas
do setor do café sejam orientadas para o futuro.=
Correlação de Pearson<=
/span>
,35=
6**
,76=
5**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
Sus=
t_Econ_4
É importante para mim que as empr=
esas
invistam em sustentabilidade para se manterem competitivas no mercado.
Correlação de Pearson<=
/span>
,43=
7**
,51=
3**
,54=
1**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
257=
**. A correlação é significativa =
no
nível 0,01 (bilateral).
Fonte:
dados da pesquisa.
A
partir da análise dos dados apresentados no Quadro 3, também é possível afi=
rmar
que há uma relação positiva entre os indicadores da dimensão social de
sustentabilidade. As correlações obtidas se mostraram significantes (com
valores entre -1 e 1), conforme os parâmetros indicados por Hair et al. (2005).
<=
/o:p>
<=
/o:p>
Quadro 3 -
Correlações: dimensão social.
Cor=
relações
Sus=
t_Soc_1
Sus=
t_Soc_2
Sus=
t_Soc_3
Sus=
t_Soc_4
Sus=
t_Soc_1
É importante para mim que as empr=
esas
de café tratem seus funcionários com justiça.
Correlação de Pearson<=
/span>
1
Sig. (bilateral)
N
257=
Sus=
t_Soc_2
É importante para mim que a
fabricação do café não entre em conflito com os direitos humanos.
Correlação de Pearson<=
/span>
,51=
6**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
N
257=
257=
Sus=
t_Soc_3
É importante para mim que a produ=
ção
do café não explore o trabalho do colaborador.
Correlação de Pearson<=
/span>
,75=
6**
,61=
1**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
Sus=
t_Soc_4
Acho importante salários adequados
para a força de trabalho no setor da indústria do café.=
Correlação de Pearson<=
/span>
,61=
8**
,52=
5**
,71=
1**
1
Sig. (bilateral)
,00=
0
,00=
0
,00=
0
N
257=
257=
257=
257=
**. A correlação é significativa =
no
nível 0,01 (bilateral).
Fonte:
dados da pesquisa.
4.2 Análise da dimensão ambie=
ntal
de sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos do café
Para
validar o modelo de mensuração proposto foram analisados: Alpha de Cronbach,
Carga Fatorial Confirmatória, Comunalidades, Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (K=
MO),
Variância Total Explicada e as Medidas de Adequação de Amostragem (MSA).
A
análise fatorial apresenta as correlações existentes entre as variáveis
originais e os fatores, ou seja, quanto maior a carga fatorial maior será a
correlação com determinado fator. As cargas fatoriais relevantes são aquelas
com valores maiores que 0,7 (Hair e=
t al.,
2005). Analisados os dados referentes à dimensão ambiental de sustentabilid=
ade,
as cargas fatoriais se mostraram todas satisfatórias, ou seja, valores maio=
res
que 0,7, conforme proposto por Hair et al.
(2005), confirmando, desta forma a escala desenvolvida por Roth e Robbert
(2012).
As
Comunalidades são quantidades das variâncias (correlações) de cada variável
explicada pelos fatores. Quanto maior a comunalidade, maior será o poder de
explicação daquela variável pelo fator. Para Hair et al. (2009), são desejadas comunalidades superiores a 0,5. É
possível observar que todos os indicadores referentes às comunalidades, par=
a a
dimensão ambiental de sustentabilidade, permaneceram acima do valor indicado
pela literatura como o ideal.
O
teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) tem por objetivo verificar se os indicado=
res
dessas dimensões podem ser considerados para realização da análise fatorial=
. O
resultado desta pesquisa, levando em consideração a dimensão ambiental de
sustentabilidade, apresentou um KMO de 0,861. De acordo com Hair et al. (2005), são considerados
adequados valores acima de 0,7.
A
Medida de Adequação da Amostra (MSA) é forma similar ao KMO, porém apresenta
uma análise para cada uma das variáveis estudadas. Hair et al. (2005) indicam que devem ser considerados os valores aci=
ma
de 0,7. É possível observar que os valores de MSA estão todos acima de 0,8.=
De
acordo com Hair et al. (2009), a
Variância Total Explicada é um número, calculado objetivamente a partir dos
dados observados e dos valores que o modelo em questão apresenta, para indi=
car
a validade do modelo proposto. Em geral, modelos mais complexos tem mais
(portanto melhor) variância explicada. Para a dimensão ambiental do constru=
to
sustentabilidade o valor foi de 73,47%.
O
coeficiente Alfa de Cronbach é uma medida de confiabilidade utilizada na
avaliação da consistência interna dos questionários para um conjunto de doi=
s ou
mais indicadores de construto (Bland; Altman, 1997). Em relação à interpret=
ação
dos valores obtidos para Alpha de Cronbach, seguiu-se a recomendação de Hai=
r et al. (2005), ou seja, foram
considerados satisfatórios os valores acima de 0,7. O valor obtido nesta
pesquisa indica confiabilidade (0,907) do modelo proposto no que diz respei=
to à
dimensão ambiental de sustentabilidade. A Tabela 2 apresenta os resultados
estatísticos para a dimensão ambiental de sustentabilidade.
Tabel=
a 2
- Estatísticas para análise fatorial confirmatória: dimensão ambiental.
Ind=
icadores
Com=
unalidades
MSA=
Car=
ga
Fatorial
KMO
Var=
iância
Total Explicada
Alf=
a de
Cronbach
Sus=
t_Amb_1
0,8=
22
Sus=
t_Amb_2
0,9=
11
Sus=
t_Amb_3
0,8=
98
Sus=
t_Amb_40,9=
29
Sus=
t_Amb_50,9=
45
Fonte:
dados da pesquisa.
4.3 Análise da dimensão econô=
mica
de sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos do café
Para
os indicadores referentes à dimensão econômica de sustentabilidade, as carg=
as
fatoriais se mostraram quase todas satisfatórias, ou seja, valores maiores =
que
0,7, conforme proposto por Hair et =
al.
(2005). Somente uma delas (Sust_Econ_1) apresentou carga fatorial 0,616. Me=
smo
assim, esse índice está muito próximo do limite estipulado por Hair et al. (2005), podendo ser conside=
rado
como aceitável.
Na
análise dos índices de comunalidades, o mesmo indicador (Sust_Econ_1)
apresentou valor abaixo do ideal 0,380. Todos os demais indicadores
apresentaram comunalidades com valores adequados, ou seja, superior 0,5 (Ha=
ir et al., 2009). O teste KMO para a
dimensão econômica de sustentabilidade apresentou resultado adequado acima =
de
0,7 como indica a obra de Hair et a=
l.
(2005).
Para a análise do índice MAS, o
indicador Sus_Econ_1 e o indicador Sus_Econ_2 apresentaram valores abaixo
determinado por Hair et al. (20=
05),
ou seja, 0,7. De qualquer forma, os dois valores (0,662 e 0,663) estão próx=
imos
do limite do considerado como aceitável. Para os indicadores das dimensões
econômicas o índice da Variância Total Explicada foi de 62,16%. O valor para
Alfa de Cronbach (0,788), obtido nesta pesquisa, indica a confiabilidade do
modelo adotado. Está acima de 0,7 conforme orientado por Bland e Altman (19=
97).
Na Tabela 3 foram apresentados os resultados estatísticos para a dimensão
econômica de sustentabilidade.
Tabel=
a 3
- Estatísticas para análise fatorial confirmatória: dimensão econômica.
Ind=
icadores
Com=
unalidades
MSA=
Car=
ga
Fatorial
KMO
Var=
iância
Total Explicada
Alf=
a de
Cronbach
Sus=
t_Econ_1
0,3=
80
Sus=
t_Econ_2
0,7=
20
Sus=
t_Econ_3
0,7=
61
Sus=
t_Econ_4
0,6=
26
Fonte: dados da pesquisa.
4.4 Análise da=
dimensão
social de sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos do café<=
/o:p>
Analisando a dimensão social de sustentabilidade
pode-se observar que os resultados para a análise fatorial foram satisfatór=
ios,
ou seja, todos os indicadores apresentaram valores maiores que 0,7, assim c=
omo
indicado por Hair et al. (2005).
Quanto ao resultado do teste de KMO para a dimensão social de sustentabilid=
ade,
o valor de 0,804 foi considerado adequado com base na obra de Hair et al. (2005). Assim como no teste=
KMO,
os valores para a MAS se apresentaram acima de 0,7 (HAIR et al., 2005). Os índices alcançados para a análise das
Comunalidades também se mostraram adequados com valores acima de 0,5 (HAIR =
et al., 2009).
Quanto ao índice da Variância Total Explicada o
valor alcançando na análise dos indicadores da dimensão social de
sustentabilidade foi de 71,91%. O índice de confiabilidade Alfa de Cronbach
também se apresentou acima de 0,7 (Bland; Altman, 1997). O valor obtido foi=
de
0,846 o que indica confiabilidade do modelo de pesquisa adotado. Os resulta=
dos
estatísticos para a dimensão social de sustentabilidade foram apresentados =
na
Tabela 4.
=
=
=
=
=
=
=
=
Tabel=
a 4
- Estatísticas para análise fatorial confirmatória: dimensão social.=
Ind=
icadores
Com=
unalidades
MSA=
Car=
ga
Fatorial
KMO
Var=
iância
Total Explicada
Alf=
a de
Cronbach
Sus=
t_Soc_1
0,7=
36
Sus=
t_Soc_2
0,5=
92
Sus=
t_Soc_3
0,8=
37
Sus=
t_Soc_40,7=
12
Fonte:
dados da pesquisa.
4.5 Discussão dos resultados<=
o:p>
A
partir das tabelas acima, com base nos resultados estatísticos, percebeu-se=
que
os dados obtidos da amostra são confiáveis, confirmando a premissa de que há
uma aderência entre as dimensões da sustentabilidade no contexto da gestão =
da
cadeia de suprimentos de café.
Não
obstante a confiabilidade das análises fatoriais, é importante ressaltar que
apenas um índice, referente às comunalidades, ficou abaixo da média (0,5), =
como
o Sust_Econ_1, caracterizado pela assertiva “É importante para mim que as
empresas do setor do café tenham sucesso a longo prazo”. Todavia, este
resultado não teve interferência nos valores obtidos no teste KMO e Alfa de
Cronbach, uma vez que se mostraram dentro dos padrões aceitáveis e pelo fat=
o do
restante dos valores serem acima da média, elevando a porcentagem geral.
Ademais, o dado obtido através da dimensão econômica também foi o menor em
relação ao ambiental e o social, mas ainda assim acima da média.=
Desta
maneira, a partir de Locatelli et a=
l.
(2014), as empresas têm demonstrado preocupação nos âmbitos sociais, ambien=
tais
e econômicos em relação aos seus negócios na busca por metas sustentáveis,
assim como os consumidores estão buscando mais informações sobre os produto=
s e
suas práticas sustentáveis. Da mesma forma, é preciso que as empresas ofere=
çam
ao mercado e instiguem seus clientes a adquirirem produtos mais sustentávei=
s,
estimulando uma mudança de hábitos em ambas as partes.
Por
meio da análise das perguntas no âmbito econômico do questionário, pôde-se
perceber que ele foi baseado na perspectiva de metas que uma empresa deseja
alcançar, seja através da adoção de vantagens competitivas ou com a inserçã=
o da
sustentabilidade nos elos da sua cadeia de suprimentos, como a pergunta da
Sust_Econ_2: “é importante para mim que as empresas do setor do café obtenh=
am
lucros adequados para sobreviver no mercado”. Deste modo, o resultado da mé=
dia
inferior aos demais desta seção não deve ser visto com grande impacto, visto
que, na maioria das vezes, o cliente tem uma visão muito mais administrativ=
a da
organização da empresa em si, ou seja, ele possui uma percepção baseada em
pesquisas do Google, nos rótulos/embalagens do produto, redes sociais etc.,=
não
sabendo, portanto, o que acontece realmente no dia a dia da empresa. <=
/o:p>
Além
disso, a cadeia de suprimentos integra todos os processos produtivos de uma
organização e, a partir de Ribeiro e Santos (2012), a GCS sustentável é um
aglomerado de empresas que trabalham juntos, de maneira orquestrada, no int=
uito
de oferecer valor para o consumidor final. Assim, por mais que a inclusão de
produtos mais sustentáveis seja ainda um caso recente e, as empresas o faze=
m de
forma a compactuar com as novas demandas sociais, a visão econômica acaba
ficando, na maior parte, nas mãos da empresa em si, deixando o cliente com a
visão final, ou seja, do produto acabado, após a passagem por todos os elos=
da
cadeia. Assim, eles têm uma maior percepção do ambiental e social, a partir=
do
que leem nos rótulos e pesquisam na internet (Oliveira et al., 2022).<=
/o:p>
De
tal modo, em relação à inserção da sustentabilidade na cadeia de suprimento=
s do
café por parte das empresas, a partir de Santiago (2013), a decisão por par=
te
dos consumidores de optar por produtos que sejam menos maléficos ao meio
ambiente é relacionado a cada indivíduo, a partir de suas próprias percepçõ=
es,
gostos e necessidades, assim como grande parte da população ainda permanece=
com
hábitos pouco sustentáveis, apesar da consciência desses efeitos para a
sociedade (Luna, 2020).
Ademais,
segundo Damásio, Coutinho e Shigaki (2020), as mulheres possuem maior
disposição para comprar produtos sustentáveis quando comparada aos homens,
assim como a idade também interfere neste quesito, uma vez que as novas
gerações parecem ter maior consciência ambiental. Esta premissa pode ser
validada na pesquisa através da análise dos dados, visto que as mulheres
compõem 58,4% das respostas em relação aos demais, assim como indivíduos na
faixa etária de 31 até 50 anos foram os que mais responderam ao questionári=
o,
totalizando 39,3%. É importante ressaltar que as pessoas correspondentes à =
essa
idade fazem parte de um período - década de 90 - em que o apreço com o meio
ambiente começou a ser mais validado pelas empresas e pelas pessoas, ou sej=
a,
de acordo com Santiago (2013), foi um período de alteração cultural, chamad=
o de
“consciência ecológica”.
5 CONCLUSÕES
O
presente trabalho teve como objetivo identificar qual é o grau de aderência=
das
dimensões de sustentabilidade no contexto da gestão cadeia de suprimentos do
café, a partir da perspectiva do consumidor, tendo como base as respostas d=
e um
questionário feito pela plataforma =
Google
Forms. Para isso, o caráter adotado para esta pesquisa foi a descritiva=
, de
natureza quantitativa, que garantiram maior assertividade no decorrer deste
estudo, através da maior confiabilidade na apuração dos resultados.
Deste
modo, o objetivo central foi alcançado, uma vez que se observou, com base na
amostra com 257 respondentes, que há uma forte aderência das pessoas no que
tange à adoção de princípios que envolvam a sustentabilidade em relação à
cadeia de suprimentos do café. Ademais, foi possível analisar e perceber qu=
e a
maioria das pessoas tem uma consciência ambiental e assertividade sobre aqu=
ilo
que elas consomem, assim como almejam esse comprometimento por parte das
empresas também, de tal modo, que possam garantir que os produtos que compr=
am,
no que tange à cadeia de suprimentos do café, mantenham-se na qualidade e
padrão que desejam.
A
partir do programa de método estatístico utilizado para a obtenção dos
resultados, o IBM SPSS Statistics 24, assim como as demais métricas emprega=
das,
foi possível ter uma percepção melhor acerca de cada dimensão da
sustentabilidade em relação ao social, ambiental e econômico. Consequenteme=
nte,
percebeu-se que a dimensão econômica é a que tem a menor percepção por part=
e do
consumidor, pelo fato de ser uma área mais voltada ao setor administrativo =
da
empresa, ou seja, é o lugar de definição do modelo de gestão da organização,
como as metas e estratégias para agregar valor ao cliente final e, desta fo=
rma,
eles não têm acesso.
Este
tipo de pesquisa de natureza quantitativa pode apresentar algumas limitaçõe=
s. A
principal delas é o uso de uma amostra não probabilística que, eventualment=
e,
poderá estar abaixo do mínimo prescrito por Hair et al. (2005). Esta limitação não permite que sejam feitas
generalizações em relação aos resultados alcançados durante a análise. Cont=
udo,
procurou-se através de uma análise estatística rigorosa e o controle dos
índices de confiabilidade, minimizar estas limitações, validando a pesquisa=
e a
metodologia para o desenvolvimento deste tipo de estudo.<=
/span>
Logo,
esta pesquisa teve como intuito trazer um estudo acerca da gestão da cadeia=
de
suprimentos do café e assim, contribuir com futuras pesquisas acadêmicas no
setor cafeicultor, visto que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2023), em seu censo de 2017 sobre o agronegócio brasilei=
ro,
estimou a produção de 5 mil toneladas de café torrado, ou seja, é uma área
promissora e de cultivo em larga escala, que requer um estudo sobre as suas
particularidades. Assim, a partir deste estudo, foi possível entender como =
se
mantém o comportamento do consumidor dentro da gestão da cadeia de suprimen=
tos
sustentável do café, a partir das perspectivas econômicas, sociais e
ambientais.
Por
fim, em face às novas percepções de mercado que instigam as empresas a se
comprometerem cada vez mais com o meio ambiente e com a sociedade, é possív=
el
inferir que, a partir dessa pesquisa, estudos futuros podem avançar e explo=
rar
relações existentes entre a sustentabilidade e o desempenho operacional na
gestão da cadeia de suprimentos do café brasileiro. Como este estudo teve c=
orte
transversal, sugere-se também uma futura pesquisa de corte longitudinal, ou
seja, observar se a perspectiva do consumidor sobre sustentabilidade na cad=
eia
de suprimentos do café muda com o passar do tempo.
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